Escrevo depois de revisar os últimos textos que chegaram a minha mesa, um deles do amigo que indicou meus serviços para os autores destes trabalhos, de conclusão de curso. Já perdi a conta, até porque parei de contar, de quantas vezes uma tradutora que se tornou amiga minha quando eu frequentava as festas em que ela era DJ me endereçou um anúncio ou me indicou para um trabalho. Se os dois primeiros trabalhos de revisor de texto, ofício que exerço desde 1995, ambos em empresas de tradução e legendagem de filmes, não tivessem sido conseguidos por mim mesmo, eu poderia dizer que, ao longo destes meus mais de 20 anos de carreira, tudo o que fiz foi por indicação, o que não quer dizer que quem me indicou trabalhava na empresa para a qual me havia indicado, porque, por mais que você tenha rede de amigos, reais ou virtuais, de causar inveja, dificilmente algum deles vai querer, nem pagando – amigo, amigo; trabalho, à parte – indicar você para a empresa onde ele trabalha, para não correr risco de ficar mal na firma se você acabar não tendo sido uma boa aposta.
Quando o assunto é indicação de trabalho, ninguém melhor para falar, inclusive mal, de seu trabalho do que quem trabalha ou já trabalhou com você. Sou agradecido a quatro colegas, todos da empresa onde trabalhei durante 15 anos, por me indicarem para uma lida: uma tradutora que me apresentou ao escritório de design do irmão dela; uma revisora, à editora de revistas de arquitetura para a qual ela, formada em jornalismo, havia ido trabalhar; um marcador de legendas que me chamou para revisar a versão brasileira de uma revista que ele coeditava fora do país; e outro marcador, para revisar o texto dos filmes que ele traduzia. Já o trabalho que consegui em uma assessoria de imprensa foi graças à indicação de uma jornalista cujos textos eu havia corrigido em minha rápida passagem pela redação de uma revista sobre jornalismo.
Perdendo a conta de quantos trabalhos já fiz graças à indicação de quem confia em minha competência profissional, eu não poderia fechar este texto sem mencionar nenhuma presença feita por mim, como a de dois jornalistas que trabalharam para um dos escritórios aos quais cheguei por apresentação. É na hora em que é indicado para um trabalho que você vê como alguns amigos não servem só para festas, não.
*Edson de Oliveira. Revisor de textos há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio e textos jornalísticos, é editor dos blogues EFMérides e Blogue da Revisão.
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