Quem você será quando se destacar – por Marcelo Vitorino

Em toda profissão há profissionais que se destacam mais do que outros, recebendo reconhecimento que pode vir em forma de melhores salários, bons contratos, regalias, mimos e até condições excepcionais para desempenhar seu trabalho. Esse tipo de profissional é o que chamo de “alto rendimento”.

Aqui cabe um alerta: se você tem preguiça ou pouca ambição, pare de ler por aqui. Só de ler o restante ficará cansado…

Como continuou lendo, vamos adiante!

O esquema dos profissionais de alto rendimento é muito parecido como no esporte profissional. Lembro do Neto, jogador de futebol, em uma entrevista dizendo que sua carreira fora encurtada porque ele não se comportava como um jogador profissional. Exagerava na farra, comia mais do que devia, além de outros excessos.

Caso não quisesse jogar em um grande time, não haveria problema algum com seu comportamento. Na pelada de fim de semana poderia até jogar com 100 quilos, que o seu futebol ainda destoaria dada a sua habilidade.

Em outras profissões a situação é similar. E destaco que quando falo em “profissional” estou me referindo ao conceito abrangente do termo. Falo de estudantes, professores, concurseiros, vendedores ambulantes, empresários e por aí vai.

O profissional de alto rendimento tem um comportamento atípico. Enquanto seus colegas estão tomando um porre em alguma festa, eles estão descansando para o dia seguinte. Pode até ser que não tenha nada marcado como compromisso, mas o seu tempo será usado de forma construtiva até nessas ocasiões.

Até hoje encontrei pouquíssimos desses “tarados”, gente que coloca os resultados no primeiro plano de suas carreiras. Eles têm prazer em se melhorar, de chegar cada dia mais longe.

A maioria dos que conheci com esse perfil acabaram deixando seus empregos para se tornar empreendedores. Não porque queriam empreender, mas porque encontraram “profissionais”, hierarquicamente acima, que não permitiam o crescimento e julgavam seus resultados inadequados. O comportamento em grupo tende a expulsar os que saem da média para manter o equilíbrio da instituição, mesmo que o excluído seja o que traz melhores resultados.

A rotina dos profissionais de alto rendimento é puxada, cheia de sacrifícios pessoais, o que explica a escassez desse tipo. A dedicação desenfreada ao desenvolvimento profissional chega a custar parte da saúde e também, em alguns casos, contamina a vida social.

Caminhos para o destaque

Nos campos da comunicação, do marketing e da gestão de crise na política, áreas que mais atuo, o profissional precisa ser um grande colecionador de referências e conteúdos.

Para tornar-se um profissional de destaque, é necessário conhecer a fundo a política, sem preconceitos, de forma apartidária e sem vínculos estreitos com correntes ideológicas. Para que esse quadro se estabeleça, o profissional deve mergulhar de cabeça no tema, estudando a história, lendo livros, assistindo filmes e também devorar os noticiários, se inteirando do que acontece dentro e fora do Brasil.

Faz-se também desejável, que tenha conhecimento partidário e eleitoral, conhecendo a legislação brasileira que rege o setor, bem como, a participação em processos de base nos partidos e em campanhas eleitorais

Após o aprofundamento nas bases da política, chega o estudo da comunicação. Política com “P” maiúsculo é narrativa. Uma campanha tem a complexidade de uma ópera, com músicos, cantores, enredo, local e público.

Comunicar um político, uma gestão ou uma ideologia não é como vender chocolate ou um carro. Argumentos racionais pouco adiantam diante de paixões. Para organizar uma narrativa vencedora é preciso estudar o comportamento humano, técnicas de storytelling e os estágios e as formas com que a comunicação ocorre.

Por fim, há o uso da tecnologia. A política passou por várias eras e a tecnologia teve papel importante na comunicação. Tivemos a mídia de massa impressa, depois o rádio, a televisão e, mais recentemente, a internet.

O profissional precisa ir além das obviedades da rede social e entender como tirar proveito de todas as ferramentas que estão a sua disposição e ter o discernimento de quando utilizá-las.

Como a tecnologia evoluiu rapidamente, ferramentas surgem e desaparecem, o que faz a necessidade de pesquisa constante por novas possibilidade e melhores resultados.

Como se tudo acima fosse pouco, cabe também ao profissional o relacionamento com pares, a presença e/ou organização de eventos e também a produção de conteúdos que ajudam outros profissionais menos experientes.

Foi por isso que te alertei logo no início do texto. Dei um exemplo da minha área, mas pelo que observo, para se destacar em qualquer campo o trabalho vem na frente do pessoal.

Mas tudo é uma questão de escolha

Aí cabe uma reflexão, é isso que você quer ser? Se não quiser ser de alto rendimento, não há problema algum. Ninguém te obrigará a pertencer a esta classe. É escolha. E em toda escolha, há sempre uma renúncia. O importante é ser feliz com o que escolheu.

Eu fiz a minha escolha, não me arrependo. Acordo todos os dias com um tesão enorme em fazer o que faço e não acho que seja a sorte que acaba me dando destaque, e sim todo o tempo e esforço que dedico para ter resultados. Sei que, como no futebol, há aqueles que nascem com talento e dom suficiente para não treinarem, contudo, prefiro não arriscar e assim que o dia começa, lá vou eu para o meu treino.

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Marcelo Vitorino. Professor de comunicação e marketing digital no Centro de Inovação e Criatividade na ESPM, sócio da Presença Online e na Vitorino e Mendonça, consultoria de marketing político. Ministra aulas e palestras e trabalha como consultor de comunicação e marketing digital e gestão imagem/crise para empresas, instituições governamentais e entidades de terceiro setor.

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