A China reabriu suas fronteiras, praticamente fechadas por Pequim desde o início de 2019, no último dia 8 de janeiro, afastando a política de COVID zero, em meio às celebrações do Ano Novo Lunar. Segundo o Xinhua, o portal de notícias do governo chinês, a expectativa é de que mais de 2 bilhões de viagens sejam realizadas durante a alta temporada da Festa da Primavera de 2023, aumentando 99,5% em relação ao ano passado e retornando em 70,3% ao número visto em nível pré-pandemia.
Os modais de transporte férreo e aéreo tiveram sua capacidade ampliada para suportar a alta demanda. Até 6.077 trens de passageiros de retorno serão colocados em operação durante os dias de pico antes do feriado, com capacidade de assentos aumentada em 11% em relação a 2019. O número médio de voos diários será ampliado para 11 mil durante o feriado, equivalente a 73% do número de 2019.
A expectativa é que o Ano Novo Lunar seja um divisor de águas após 3 anos de restrições provocadas pela pandemia da COVID-19. E os negócios também serão positivamente impactados por essa reabertura dos deslocamentos.
Isso porque maior parceiro comercial do Brasil se reposiciona como uma janela de oportunidades para as médias e grandes empresas brasileiras e chinesas, sobretudo considerando-se a demanda reprimida de negócios entre os dois países, em especial aquelas que dependiam das viagens internacionais e participações em feiras e eventos.
Se a corrente comercial (soma de importações e exportações) do Brasil atingiu mais de 2,5 trilhões de reais em 2022, a corrente comercial sino-brasileira responde por, aproximadamente, mais de 25% desse montante. Mas não é apenas o setor de importações e exportações que merece atenção nesse período de reabertura das fronteiras.
O setor de fusões e aquisições (M&A) também tem gerado expectativa, considerando-se o interesse de empresas chinesas em operações no mercado brasileiro. Da mesma forma, empresas brasileiras também apontam seus radares para o oceano de oportunidades que a China apresenta, desde a abertura de escritórios de ligação, para prospecção inicial do mercado chinês, passando pela abertura de operações mais complexas e até mesmo a realização conjunta de outras iniciativas, como eventos e a apresentação de negócios em feiras internacionais.
O mercado jurídico, atento à essa reabertura, vem participando, através de consultoria jurídica, das mais diversas operações entre empresas brasileiras e chinesas. O sócio do escritório de advocacia brasileiro BCDM Law Firm, que possui joint venture em Shenzhen, capital do “Vale do Silício” da China, Bruno Barata, que também desempenha na China as funções de Árbitro da Comissão de Arbitragem de Xian, de Mediador do Centro Internacional de Mediação de Shenzhen e de Diretor para o Brasil da Belt and Road International Lawyers Association (BRILA), afirma que “os negócios entre o Brasil e a China reacenderam pela primeira vez desde o início da pandemia. As oportunidades são promissoras para as empresas desses países em sinergias ainda não tão desenvolvidas. Há diversas iniciativas que podem ser adotadas por corporações brasileiras como vitrine para potenciais negócios com a China, até mesmo proposições mais agressivas para entrada imediata no mercado daquele país. O ecossistema corporativo chinês possui uma visão muito positiva sobre o Brasil e sempre há interesse em negociar com as nossas médias e grandes empresas. Além das áreas tradicionais de commodities, é importante destacar compliance, educação, vinicultura, dentre outras”.
Está aberta a temporada de ampliação da corrente comercial sino-brasileira, com forte expectativa de geração de negócios inovadores neste momento.
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