Mais de 70% das redações na América Latina e em outros países em desenvolvimento relatam sentir urgência para diversificar suas fontes de receita, diferente do que ocorre em outras regiões. A informação é do estudo “The state of technology in global newsrooms” (“O estado da tecnologia nas redações no mundo”, em tradução livre), lançado recentemente pelo International Center for Journalists (ICFJ).
Na América do Norte, apenas 44% dos veículos relataram dificuldade em manter a sustentabilidade. A pesquisa destaca que redações inteiramente digitais têm mais chances de conseguir diversificar as fontes de renda (na América Latina são predominantes as redações híbridas, que usam a combinação de formatos tradicionais e digitais). Por sua vez, redações tradicionais estão em declínio no mundo inteiro.
O levantamento aborda, além de modelos de negócio, treinamento nas redações, uso de redes sociais e segurança na internet. Mapeou ainda a adoção de tecnologias digitais nas redações ao redor do mundo, por meio de um questionário que, entre fevereiro e abril deste ano, recolheu respostas de 728 diretores de redação e mais de 2 mil jornalistas de 130 países, entre eles o Brasil. A conclusão é de que em nenhuma parte do mundo o jornalismo está acompanhando a revolução digital.
Na América Latina, os principais desafios de hoje são a criação de conteúdo de qualidade para o ambiente digital e a conquista da lealdade do público.
Outra constatação do estudo mostra que a América Latina é líder mundial no uso das redes sociais: quase 100% dos veículos usam o Facebook, superando todas as regiões, e, perdendo apenas para os norte-americanos, 86% dos jornalistas da América Latina usam o Twitter e 66% usam o Youtube. Além disso, 53% usam aplicativos de mensagens instantâneas para divulgar e encontrar pautas, número inferior apenas ao do Leste/Sudeste da Ásia.
Para conseguir engajamento dos leitores, 95% dos jornalistas na América Latina que responderam ao questionário usam as redes sociais, 40% fazem uso de mecanismos de pesquisa, 38% usam e-mail, 28% usam aplicativos de mensagens instantâneas e 25% aderem a newsletters.
Ao mesmo tempo, a pesquisa também mostra que as redações latino-americanas são as que menos adotam medidas de privacidade e segurança nos meios digitais, com apenas 38% dos entrevistados comprometidos com práticas mais seguras em chats, e-mails e chamadas em vídeo.
As principais conclusões da pesquisa mostram também que as redações são majoritariamente jovens, jornalistas e empregadores discordam em relação ao treinamento que devem ter e a maioria dos veículos considera que ganhar a confiança do público ainda é um desafio.
Além do relatório na íntegra, as principais informações podem ser lidas neste artigo publicado pelo ICFJ, que enumera os destaques do estudo. A pesquisa foi feita em parceria com a Universidade de Georgetown e teve o apoio de SurveyMonkey e Google News Lab.
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