A reativação do Fundo Amazônia com um aporte de 35 milhões de euros pelo governo alemão é apenas mais um passo para a intensificação das relações bilaterais entre o Brasil e a Alemanha, acordo que já vem sendo ajustado desde o final do ano passado.
O objetivo do governo alemão é ouvir do governo brasileiro sobre as prioridades de investimentos e traçar planos velozes e eficazes de cooperação nas áreas social, de florestas e energia.
Segundo a ministra alemã da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, Svenja Schulze: “Vamos também cooperar em outras áreas, para ajudar a resolver o fosso social, porque temos certeza que a proteção do clima não funciona sem resolver os problemas sociais”, pontua Schulze em recente visita ao Brasil e em entrevista à Folha.
O Brasil tem uma matriz energética com 85% de fontes renováveis, uma posição única no mundo. A produção de hidrogênio verde é um tema de destaque neste contexto. Para além das florestas, a ministra cita ainda a pretensão do governo alemão de atuar em agricultura e hidrogênio verde- áreas onde o Brasil pode ser uma potência.
A exportação de hidrogênio verde, feito a partir de energias renováveis, é uma aposta da indústria brasileira para a substituição das fontes fósseis de energia nos países europeus.
“Esperamos que o Brasil seja rapidamente capaz de produzir hidrogênio para exportar, mas também para satisfazer suas próprias necessidades, e talvez produza excedente que sobre para exportar para países como a Alemanha”, completa.
Diante das perspectivas econômicas, apesar dos impactos da pandemia, o PIB brasileiro cresceu 3,2% em 2022, a dívida pública é menor do que 80% do PIB e as reservas cambiais totalizam 350 bilhões de dólares, segundo o relatório da IFI. O Brasil voltou a ser analisado por empresas da Alemanha em função do potencial do seu mercado consumidor, como fornecedor de alimentos, por exemplo, e como local de produção.
Segundo informações do Brasil-Alemanha News, o estado do Paraná vem sendo um mercado muito atraente para investimentos da Alemanha nas áreas como o setor automotivo, eletrônico, life-sciences, tecnologia para a agroindústria e energias renováveis.
Tendo o Brasil, cerca de 25% do seu PIB concentrado na agroindústria e produtividade, porém ainda importando cerca de 75% dos fertilizantes que utiliza, o que o torna ainda dependente de outros países, sendo assim, nessa relação o interesse é cooperação da Alemanha que é precursora em tecnologias verdes de produtividade.
Para o especialista do mercado de logística e trade Brasil-Alemanha, Luis Felipe Campos: “Acredito que 2023 será um bom ano para os negócios bilaterais entre Brasil e Alemanha, principalmente, nas áreas de energias renováveis, comércio exterior e logística. É importante continuar em um caminho por busca de aliados que visam o desenvolvimento do Brasil em suas maiores potencialidades, na busca em combater a ineficiência estatal e fortalecer as áreas as quais já possuímos grande participação e destaque no cenário exterior”. E complementa: “É necessário, ainda, facilitar o investimento privado nacional e estrangeiro de infraestrutura, desburocratizar, abrir o nosso mercado e garantir segurança jurídica aos investidores.”
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