Relações Públicas é um substantivo de dois gêneros e dois números que remete tanto a atividade (sem hífen), quanto ao próprio especialista – com hífen, segundo norma do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas (CONFERP).
Questões regulamentares e gramaticais à parte, é um termo autoexplicativo que sintetiza os esforços relativos à construção, promoção e preservação do relacionamento e da imagem de pessoas físicas ou jurídicas perante os seus diversos públicos estratégicos de interesse – stakeholders.
O RP ou PR, do inglês Public Relations: executa, monitora e avalia estratégias e táticas que difundem valores, objetivos e ações de clientes. É um especialista com repertório técnico e ampla gama de recursos à disposição. Um expert; autoridade. No entanto, e de forma paradoxal, tem o péssimo hábito de não se autopromover. E perde por isso. Perde muito.
Relações-públicas, os especialistas, precisam urgentemente de Relações Públicas, a atividade!
Drauzio Varella, Miguel Nicolelis e o saudoso Ivo Pitanguy são exemplos de profissionais da medicina prestigiados dentro e, sobretudo, fora das suas áreas de atuação. O mesmo caso de Roberto Burle Marx, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer, três colossos atemporais da arquitetura. Alguns desses brilhantes profissionais, inclusive, se valeram em algum momento da carreira de estratégias de promoção de marca pessoal.
Em se tratando de nós, RPs, quem nos representa perante o grande público, além das fronteiras da academia e do nosso próprio mercado?
Gregory House, Don Draper e John Milton são três célebres protagonistas fictícios da medicina, da publicidade e do direto, respectivamente. Quem é mesmo a grande estrela das Relações Públicas na ficção? Não vale citar personagens coadjuvantes de filmes como “Obrigado por fumar” (2006), “Hancock” (2008) e “O discurso do rei” (2010).
Protagonistas e coadjuvantes…
Voltando ao mundo real: o nosso trabalho é assessorar clientes em questões referentes à gestão estratégica do relacionamento junto a públicos diversos – já falamos a respeito. Esse é o nosso papel. Não significa, porém, que politicamente devamos permanecer nos bastidores, à margem da valorização profissional.
Insisto: precisamos nos autopromover, RPs!
Fazemos parte de indústria multibilionária que cresce globalmente ano após ano. A propósito, vale à pena conferir a edição 2016 do World PR Report, estudo elaborado pela The Holmes Report que ranqueia as 250 maiores agências mundiais de PR segundo faturamentos declarados ou estimados.
É natural não sentir à vontade para tratar das próprias deficiências ou comunicar com clareza os pontos fortes. Mas devemos, com humildade e boa dose de autoanálise, fazê-lo.
Precisamos desenvolver estratégias de comunicação e disseminar, o quanto antes, “a missão, a visão e os valores” da nossa própria função: internamente, claro, mas, principalmente, para “o público externo”.
O ditado “em casa de ferreiro o espeto é de pau” deve ser abolido do nosso dia a dia.
Precisamos parar de reclamar e “arregaçar as mangas” de uma vez.
Afinal, somos especialistas na seara e como tais devemos nos posicionar.
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