Quem lida com a prática jornalística sabe que, por inúmeras vezes, “barriga” é mais do que uma parte do corpo humano. A palavra é usada entre amigos da comunicação para designar erros e conteúdos imprecisos veiculados por algum órgão midiático. Com a efervescência da política brasileira nos últimos dias, “barrigas” surgiram na imprensa. Equívocos estiveram relacionados ao presidente Michel Temer, ao sucessor de Aécio Neves no comando do PSDB e a uma suposta gafe cometida pela equipe da GloboNews.
Alvo da delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS, Michel Temer segue no posto de presidente da República [ao menos] até o fim da tarde desta sexta-feira, 19. Blogueiro de O Globo, Ricardo Noblat cravou que o peemedebista “decidiu renunciar”. O jornalista chegou a relatar que a saída do político estaria programada para o “início da noite” de ontem. Mesmo transformando-se em uma “barriga”, o texto divulgado originalmente às 15h06 de ontem segue inalterado, com o colunista usando as redes sociais para pontuar ter a certeza de que a sequência do governo Temer será “temporária”.
Também pelo ambiente online de O Globo, veículo que noticiou em primeira mão detalhes sobre a delação de Joesley Batista, outro colunista cometeu “barriga”. Com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) enrolado por causa de conversa gravada com o empresário da JBS, Jorge Bastos Moreno publicou em seu blog que o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) era o novo presidente nacional dos tucanos. As horas se passaram e quem foi confirmado no comando do partido foi o senador cearense Tasso Jereissati.
A movimentação na presidência tucana fez com que Moreno mantivesse a crítica a Sampaio, definido como alguém que “já foi pau-mandado de Cunha”, mas alterasse outros elementos da postagem. No título, por exemplo, saiu “novo presidente do PSDB” e entrou “tucano”. O texto, anteriormente garantindo que o parlamentar paulista já era o novo manda-chuva da legenda, informa que Carlos Sampaio apenas foi “o candidato da bancada do PSDB na Câmara à presidência do partido”. No Twitter, entretanto, a postagem com a informação equivocada segue no ar.
O terceiro erro relacionado à cobertura política que a reportagem do Portal Comunique-se captou envolve outro veículo mantido pelo Grupo Globo. Dessa vez, contudo, foram outras redações as protagonistas da “barriga”. Segundo sites como Brasil 247, Catraca Livre e Blog da Keila Jimenez/R7, a GloboNews supostamente exibiu chamada de que o dono da JBS teria gravado Temer “dando anal para compra de silêncio de Cunha”. A informação, porém, nunca foi exibida pela emissora da TV por assinatura. Surgida nas redes, uma montagem dava a entender que a equipe do canal tinha confundido “aval” com “anal” – o que não ocorreu.
Acusador do suposto erro da GloboNews, o Brasil 247 tirou a matéria do ar (a URL direciona para a home). Keila Jimenez ajustou o texto no R7 e explicou que a emissora foi alvo de arte maldosa que viralizou nas mídias sociais. Dos três, o Catraca Livre foi o único a assumir o próprio erro, registrando ter se tornado vítima da ação fake por causa da “pressa toda”. “[A] imagem é falsa. Não houve erro algum por parte da GloboNews na hora de divulgar a notícia do dono da JBS que gravou o momento em que o presidente Temer deu o AVAL para compra de silêncio de Cunha”, admitiu a página de cultura e variedades.