O jornalista Diogo Bercito, enviado especial da Folha a Manchester, na Inglaterra, foi retido no aeroporto por causa da obra The Isis Apocalypse, de William McCants. O livro que o repórter carregava fala sobre a ideologia da organização terrorista Estado Islâmico, que reivindicou a explosão na saída do show da cantora Ariana Grande, nesta semana, no Manchester Arena.
Bercito, que viajou para cobrir o atentado, falou sobre o assunto em texto veiculado pela própria Folha. De acordo com ele, policiais informaram que um passageiro teria se sentido desconfortável com a leitura do jornalista durante o voo. “Recebi um formulário com meus dados, informando-me de que eu seria interrogado antes de passar pela imigração”, relatou.
Com a situação, o profissional da comunicação teve o passaporte e a credencial de imprensa confiscados, além de ter ficado pelo menos uma hora esperando em uma sala de vidro com outros passageiros até ter retorno sobre a situação. “Dois homens de terno preto me levaram a uma sala de interrogatório. Sentei-me, e os dois continuaram de pé. Apresentaram-se como policiais de contraterrorismo”. Foi neste momento que os policiais pediram para ver o livro e falaram para o jornalista que, em função do recente atentado, era compreensível que os passageiros se incomodassem com uma pessoa carregando e lendo tal obra.
Os homens sugeriram que o profissional da Folha evitasse a leitura em lugares públicos e informaram que tinham feito a “própria investigação”, sabendo, portanto, quem era Bercito e para quem ele trabalha. “Devolveram o passaporte, mas com um aviso: se quisessem, poderiam me manter por bastante tempo. Poderiam? Com base em quê? Ler um livro?”, questiona o repórter.
Veja, abaixo, o post da Folha sobre o assunto:
O atentado em Manchester aconteceu na segunda-feira, 22, durante a saída do show da cantora Ariana Grande, deixando pelo menos 22 mortos e outros 59 feridos. O ato foi reivindicado pelo EI e a polícia identificou Salman Abedi, 22 anos, como suspeito de ser o terrorista suicida. O jovem era britânico e descendente de uma família líbia. Segundo informações do El Pais, pelo menos três pessoas foram detidas suspeitas de participar do ataque. A polícia segue investigando o caso.
22 dead after bomb at Ariana Grande concert
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