O repórter Vinícius Arruda, do Metro Jornal Espírito Santo, foi detido na manhã de segunda-feira, 10, após filmar abordagem de policiais militares no bairro Jardim da Penha, em Vitória (ES). De acordo com o advogado Aloísio Faria, o jornalista estava a caminho do trabalho, quando viu os agentes abordando dois homens e, por considerar a ação truculenta, resolveu filmar o que acontecia. As informações são do G1 e do Metro Jornal.
Ao perceberam que estavam sendo filmados, os policiais se aproximaram do repórter e pediram o celular. Arruda se identificou, informando que era jornalista. O advogado contou que ele estava com o crachá e o celular da empresa. Apesar disso, os oficiais exigiram que ele entregasse o dispositivo dizendo que as imagens seriam usadas como prova.
“Me deram duas opções: ou entregar o celular e ir para a delegacia como testemunha ou ser preso por desacato e desobediência. Entreguei o celular. Só na delegacia fiquei sabendo que estava sendo preso”, disse Arruda.
O jornalista foi levado ao Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória no banco de trás da viatura da Polícia Militar, mais de duas horas depois soube que seria detido por desobediência.
Além de Arruda, foram levados ao Departamento de Polícia o homem abordado, suspeito de assédio a uma jovem, e outro suspeito do crime. A jovem foi encaminhada para depoimento. O carro de Vinicius foi multado, porque parte do veículo ficou sobre faixa de pedestres ao ser parado subitamente para registro da ação policial. Segundo o Metro Jornal, após prestar depoimento e assinar termo circunstanciado, o repórter foi liberado.
Manifestações de repúdio
O Sindicato dos Jornalistas do Estado (Sindijornalistas), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) repudiaram veementemente a ação da PM e classificaram o ato como atentado à liberdade de imprensa. A Ordem dos Advogados do Brasil – Espírito Santo (OAB-ES) definiu o ato dos oficiais como arbitrário.
“O Sindijornalistas e a Fenaj estão perplexos com mais uma atitude intimidatória de agentes públicos do Estado que nada mais são do que atentado à Liberdade de Imprensa e ao direito do profissional exercer sua profissão”, disseram as entidades em nota.
A Abert declarou que condena a arbitrariedade da ação policial e a violência à liberdade de expressão. “Qualquer tentativa de impedir que profissionais da imprensa exerçam seu trabalho viola o direito constitucional da sociedade de acesso à informação de interesse público”, disse a associação.
O governo do estado também se pronunciou, informando que “repudia qualquer ação intimidatória contra jornalistas no exercício da função, preza pela liberdade de expressão e reconhece o trabalho dos jornalistas como essencial na construção da democracia”.
A Polícia Civil e a Secretaria de Estado de Comunicação estão acompanhando o caso. Ambos estão em diálogo com o Sindicado dos Jornalistas do Espírito Santo e com o repórter Vinícius Arruda, para que os fatos sejam apurados.
Chefe da Polícia Civil, Guilherme Daré esteve na delegacia para acompanhar o caso. “Vim aqui para garantir que nós respeitamos o trabalho da imprensa e para que o delegado haja com imparcialidade”, disse.