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Representatividade LGBTQIA + no mundo dos games

Nicky, Sabrinoca, Lucroft e Demi, do Clã Buíque, contam sobre as mudanças e desafios de ser uma streamer

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27/7/2020 –

Mesmo que as pesquisas apontem que o público feminino representa 53,8%*, o mundo dos games ainda tem muito que caminhar para se tornar inclusivo e diversificado. E quando se fala em diversidade, a representatividade LGBTQIA+ tem um papel transformador, pelo menos é o que contam as integrantes do Clã Buique, que há pouco mais de ano fazem parte do time de talentos da Nimo TV.

Lucroft, Demi, Sabrinoca e Nicky Mitrava contam com jornadas de vida muito diferentes, que se encontraram dentro de um servidor de GTA V RP – modalidade de jogo que permite que os participantes criam suas próprias histórias. Com talento de sobra, há pouco mais de um ano elas estreavam na Nimo TV e começariam a fazer história na plataforma.

“Quando fomos convidadas para fazer parte do time de talentos da Nimo TV criamos o nosso nome ‘Buíque’. A ideia surgiu de uma brincadeira recorrente que fazíamos durante o jogo, toda vez que éramos presas. Falávamos que iríamos para o Buíque, em referência a um presídio que tem em uma cidade, com o mesmo nome, em Pernambuco”, conta Demi.

A paixão pelos games vem da infância, mas nunca pensaram que fariam dos jogos uma profissão. Desde que começaram a streamar, a vida delas mudou completamente. Com milhares de seguidores, elas conquistam cada vez mais o público com diversão, verdade e muito talento.

“As meninas da Buíque, como são conhecidas por todos, são algumas das grandes apostas da plataforma. Elas se destacam pela qualidade do jogo, forma como conduzem suas lives e acima de tudo, mostrando para o público muita verdade, empatia e empoderamento”, comenta Rodrigo Russano Dias, gerente de Marca e PR da Nimo TV.

A autenticidade também é um dos diferenciais do Clã Buíque. Todas falam abertamente sobre tudo com os seus seguidores e é deles que vêm a força para continuarem se reinventando e melhorando a cada dia. Para Nicky é preciso estar atento ao público e às movimentações de outros streamers para nunca perder seus diferenciais. E ela dá a dica: “Streamar virou algo muito fácil para as pessoas e quem está nesse ramo precisa estar sempre se reinventando para continuar tendo cada vez mais sucesso.”

Mas a trajetória não é só feita de sucessos. O preconceito é algo recorrente no cotidiano delas. Sabrina acredita que, infelizmente, ainda é algo que vai perdurar por muito tempo, e mesmo recebendo algumas mensagens desagradáveis nas redes sociais, o apoio dos fãs supera qualquer negatividade. “Sou sempre muito acolhida pelo meu público, o que faz com que esse tipo de comportamento seja algo irrelevante diante do amor que recebo todo tempo em lives e nas redes sociais”, declara.

Por outro lado, a presença das meninas do Buíque no cenário dos games faz a diferença na vida de muitas pessoas, que têm nelas exemplo e acolhimento. Elas relatam que recebem muitas mensagens de meninos e meninas que passam pelo processo de aceitação da orientação sexual, por processos de depressão e crises familiares, mas encontraram um novo fôlego para seguir em frente. Sobre o tema, Lucroft relata: “sabemos o que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta, e não apenas no mundo dos games, por isso descobrir que podemos fazer a diferença na vida dessas pessoas é muito gratificante”.

E é com a missão de fazerem a diferença e trazerem cada vez mais pessoas da comunidade LGBTQIA+ para o stream, que Demi incentiva: “Faça as coisas por amor, se ser streamer é o que você quer e o que te faz bem, vá e faça acontecer. Não ligue para números. Se preocupe com a sua live e os números vem por essa dedicação. Nunca se esqueça que ontem eram três pessoas assistindo, hoje são seis e assim você vai aumentando seus seguidores. Não desanime, logo você chega em mil, dois mil e daí é só sucesso.”

Mas afinal, quem são as Buique?

Demi

É de São Paulo, tem 27 anos e joga GTA V RP, Dead by Daylight, Valorant, League of Legends e The Last of Us II.

“A relação com a comunidade é de amizade verdadeira. Percebo neles um foco e determinação muito grande para conquistar seus objetivos e isso mostra que a nossa comunidade está crescendo cada dia mais e se mostrando muito forte”.

Lucroft

É natural de Recife, mas mora em São Paulo. Tem 23 anos, formada em nutrição e joga GTA V RP, Red Dead, The Sims e Dead by Daylight

“A nossa comunidade está influenciando os jogos. As empresas querem chegar no nosso público, criando personagens e oportunidades. Fico feliz, pois não tem como dizer que a gente não tem uma voz nos games”.

Nicky Mitrava

É de Fortaleza, mas reside em São Paulo. Tem 22 anos e joga League of Legends, GTA V RP, Valorant, Overwatch, Dead by Daylight e muitos outros jogos de terror. Além de streamar, Nicky também tem paixão pela música e pelas rimas, tanto que tem algumas canções gravadas, que estão disponíveis nas principais plataformas de música.

“O mundo dos games é realmente dominado pelos homens e está longe de deixar de ser, mas o processo já começou. Tem muita menina, LGBTQIA+ nesse meio e cada vez esse público vem ganhando mais força. Estar no meio disso tudo é maravilhoso, apesar de sofrer muito preconceito, muito ataque, é muito bom poder dar voz às pessoas que não conseguem. Então para mim, acaba sendo muito gratificante”.

Sabrinoca

É de São Paulo, tem 21 anos e joga GTA V RP, ARK: Survival Evolved, Dead By Daylight, Free fire, League of Legends, Among Us e Pummel Party.

“Gosto de lembrar da importância de nos cuidarmos fisicamente e mentalmente. Pedir ajuda nunca é vergonhoso, passar por dificuldades todo mundo passa e não tenha vergonha de pedir socorro. A melhor forma de passar por situações difíceis psicologicamente é procurando ajuda e não se isolando”.

*Dados da Pesquisa Game Brasil, divulgada em junho de 2020

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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