São Paulo/SP 7/10/2020 – “Tem que ser uma decisão muito bem estruturada em dados e fatos, não podemos arriscar a integridade dos nossos filhos” – José de Moura Teixeira Lopes Junior
Uma das grandes incógnitas desde o início da pandemia do Novo Coronavírus, o retorno às aulas começa a se desenhar em alguns estados da Federação.
Já são 8 estados com datas previstas para retorno e o estado do Amazonas, que teve as atividades retomadas em 10 de agosto, de forma gradativa e monitorada, porém, os resultados não foram suficientes para o retorno da rede fundamental, uma vez que, após 1064 testes realizados em professores da rede, 342 testaram positivo para o Sars-CoV-2, fazendo com que o governador Wilson Lima (PSC) adiasse seus planos de uma retomada mais abrangente.
Dentre os estados que possuem esse cronograma, estão: Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Por todo o país, sindicatos dos professores entraram com medida cautelar, pedindo o cancelamento da volta às aulas, sob a alegação de falta de protocolos e medidas preventivas como EPIs (equipamento de proteção individual), que garantissem a integridade dos profissionais. Também sob a alegação da idade média desses docentes, por estarem dentro do grupo de risco ou muito próximos. Até onde se tem conhecimento, esses pedidos todos foram negados pela justiça, uma vez que em sua maioria, o retorno às atividades vem sendo negociado como facultativo, a depender de acordos entre entidades e comunidade.
Em São Paulo, o Governador João Doria (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (05/10) o cronograma de volta às aulas presenciais do estado, que têm sua liberação para quarta-feira (07/10), porém, o regresso ou não das atividades fica sob responsabilidade das prefeituras, uma vez que o estado possui diferentes graus de taxa de contaminação.
Esse retorno no estado também ocorre de forma gradativa, sendo contemplados apenas os alunos do ensino médio e do EJA (Educação de Jovens e Adultos) da rede estadual; o ensino fundamental tem seu retorno programado para 3 de novembro.
O monitoramento da saúde de profissionais e alunos tem sido o mantra que sustenta a decisão, o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, afirma que o governo terá atenção especial neste momento e que qualquer indício de contaminação será tratado de perto para que a decisão seja revista, novamente cabendo aos municípios essa responsabilidade.
Para se ter dimensão do impacto causado pela pandemia, de acordo com o Censo Escolar 2020, mensurado até março deste ano, 14,1 milhões de alunos estavam matriculados na rede estadual, somente no estado de São Paulo.
A comunidade científica e a OMS (Organização Mundial de Saúde) também vêm tratando de perto esse assunto, recomendando que as instituições apenas regressem ao modelo presencial em localidades onde a pandemia esteja totalmente controlada e que sigam todas as recomendações protetivas, nesse sentido, o MEC (Ministério da Educação e Cultura), divulgou uma lista dessas medidas, entre elas: uso de máscara obrigatório, medição de temperatura para acesso às áreas comuns, disponibilização de álcool em gel, volta ao trabalho de forma escalonada, ventilação do ambiente, possibilidade de trabalho remoto aos servidores e colaboradores do grupo de risco, reuniões à distância, distanciamento mínimo de 1,5m, orientações para manter o cabelo preso e evitar uso de acessórios pessoais, como brincos, anéis e relógios, não compartilhamento de objetos – incluindo livros e afins, elaboração de relatórios para monitorar e avaliar o retorno das atividades quinzenalmente.
Outro entrave que essa retomada deve encontrar é na opinião pública; estariam os pais e responsáveis dispostos a liberarem seus filhos para frequentar esses ambientes no momento em que se encontra o Brasil?
Para o empresário José de Moura Teixeira Lopes Junior, “tem que ser uma decisão muito bem estruturada em dados e fatos, não podemos arriscar a integridade dos nossos filhos e também desses profissionais, tendo passado todo esse período de distanciamento e nos aproximando da reta final do ano letivo”, para Mourinha, como é conhecido, “foi um ano duro sim, acredito que a forma mais segura e correta seria planejar para 2021, um calendário mais robusto para compensar as perdas que tivemos”.
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