A 4ª edição do evento Mulheres Digitais foi realizada no sábado, 1º de abril, em São Paulo, e reuniu mulheres que ocupam importantes cargos em marcas, veículos e plataformas com representantes de diversos mercados para falar sobre liderança feminina em projetos. Uma das palestrantes do dia foi a editora da Revista Galileu, Giuliana de Toledo, que falou sobre a busca do veículo por um jornalismo mais representativo.
As transformações no impresso começaram em 2015, ano em que a Galileu – publicada pela Editora Globo – atualizou seu projeto gráfico e fez diversas mudanças em sua proposta editorial. Com o mote “A ciência ajuda você a mudar o mundo”, o veículo que completa 26 anos em 2017, vem trabalhando com posicionamento que busca capas focadas em fazer com que as pessoas reflitam sobre determinados temas.
“Sempre que lançamos uma capa, algumas pessoas comentam: ‘Saudade de quando a Galileu falava sobre ciência”. Mas nosso foco não deixou de ser este. O novo projeto prioriza análise de temas das ciências humanas, exatas e biológicas. Fazemos jornalismo com objetivo de desacomodar as pessoas”, explicou Giuliana que, antes de assumir a revista, passou por veículos como Zero Hora e Folha de S. Paulo.
De acordo com a jornalista, no atual modelo editorial gráfico, a primeira página é decidida em equipe, sendo que todos da redação participam, não somente os designers. Para a editora, a representatividade aparece em cada publicação que vai às bancas, com capas estampadas pela diversidade de cor, gênero e corpos de todos tipo. “Uma revista que se propõe a ter verdadeira identidade, não pode estereotipar a representação do tema proposto”.
O miolo da publicação também ganhou novo estilo com a renovação editorial e gráfica colocada em curso há dois anos. Um exemplo do trabalho que vem sendo desenvolvido é que a reportagem da Galileu passou a entrevistar mais fontes mulheres, com pelo menos uma representante do gênero feminino em cada pauta publicada.
Além disso, Giuliana afirmou que outros detalhes foram modificados quando o assunto é gênero. “Todos os nossos entrevistados, mulheres e homens, são tratados por seus sobrenomes. Ao contrário do que é tradicional em textos jornalísticos, não escrevemos apenas o primeiro nome de nossas entrevistadas em nossas reportagens”, revelou a editora.
As mudanças editoriais, com escolhas por capas e assuntos mais representativos, refletiram na redação. Giuliana explicou que para fazer jornalismo como o que a Galileu faz atualmente, os integrantes da redação precisam entender com quem estão falando e de onde estão falando. “Por isso buscamos ao máximo ter equipe de redação que se pareça com os leitores. Isso facilita a atitude de se colocar no lugar do consumidor de notícia”.
Segundo a editora, além dos jornalistas, a audiência da Galileu também assumiu papel importante nas edições da revista após as atualizações. Foi criado o Conselho de Leitores, formado por pessoas de diferentes perfis que se voluntariam para avaliar diversos aspectos do produto que irá às bancas.
“Os conselheiros recebem a revista acompanhada de formulário em que registram suas impressões sobre tudo o que foi feito com notas e comentários, desde o conteúdo, até a parte gráfica e de imagem. Essa iniciativa começou há um ano e estamos no terceiro grupo de colaboradores. Eles têm nos pautado melhor sobre o que fazer no novo projeto”, destacou a jornalista.
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