10/3/2020 – O BIM oferece vários benefícios, aonde todas as engenharias e arquitetura trabalharam integradas, criando o modelo virtual do futuro hospital
Esse era o escopo do projeto licitado pelo Governo do Estado e contrato assinado em outubro 1915, que pretendia a adoção das mais atuais e eficientes soluções e ferramentas tecnológicas para a conquista de qualidade, produtividade e redução de custos. A economia pode chegar a 30% no valor total da obra, que será agora objeto de uma nova licitação para a execução do projeto.
O processo de licitação do projeto considerou a qualificação técnica da equipe. Os escritórios de arquitetura interessados tiveram de enviar projetos já realizados para avaliação, incluindo, como pré-requisito, um modelo em BIM (Building Information Modeling) – ferramenta digital para planejamento de edificações a partir da integração de informações e compatibilização de projetos.
A empresa vencedora foi a ATO 9 Arquitetura, de Florianópolis, comandada pelo arquiteto e urbanista Ronaldo Martins, que soma 27 anos de mercado, atendendo projetos residenciais, comerciais, hospitalares, hoteleiros e edifícios públicos, e mais de uma década de dedicação ao BIM. No total, somente com o uso dessa plataforma, o escritório já desenvolveu 5 hotéis, 19.360 m2 de cinema, 19.557 m2 de edificações de saúde e 77.786 m2 de residências.
“Como uma ferramenta de trabalho, processo e execução de projeto, o BIM oferece vários benefícios. Todas as engenharias e arquitetura trabalharam integradas, criando o modelo virtual do futuro hospital e fazendo a compatibilização, para evitar eventuais conflitos entre as disciplinas, e o gerenciamento de todas as informações”, explica Ronaldo. A partir daí, fizemos todas as extrações de materiais e quantitativos, o que garante mais segurança para o processo licitação da execução do projeto. “Chegamos a quatro mil pranchas de detalhamento, com desenhos técnicos. Toda a informação do hospital está organizada e reunida em um mesmo arquivo, que permite o acesso a qualquer dado do projeto, o que é uma vantagem muito grande”, destaca o arquiteto.
Este foi o primeiro processo de licitação em BIM feito pelo Governo do Estado, e rendeu à Gerência de Obras e Manutenção da Secretaria de Saúde de Santa Catarina (GEOMA/SES) a conquista do Prêmio BIM da Administração Pública 2018 na categoria Contratante de Edificações. O troféu foi entregue pela Frente Parlamentar em Defesa da Utilização, por Órgãos Governamentais, da Tecnologia de Modelagem de Informação da Construção (BIM) na Câmara dos Deputados, em Brasília, em novembro de 2018.
Vencida a licitação, a primeira etapa de trabalho era a revisão do programa de necessidades. “Criamos uma equipe de arquitetos e engenheiros que percorreu todo o atual Instituto de Cardiologia para analisar cada setor, e fizemos uma nova entrevista com todos os gerentes principais para analisar os funcionamentos, os fluxos, e validamos essas informações com a equipe do GEOMA, que era responsável pela fiscalização do projeto”, explica Ronaldo.
Essa etapa foi fundamental para a identificação das necessidades do Instituto, que conta com mais de 500 funcionários e corpo clínico com 100 médicos. Em 2017, foram 1.112 atendimentos de emergência, 2.492 atendimentos de ambulatório e 87 cirurgias realizadas.
O terreno disponibilizado para a nova sede do Instituto de Cardiologia está localizado ao lado do Hospital Regional, pertencente ao Governo do Estado. “Além de já estar sendo utilizado como estacionamento, o qual deveria ser realocado, o terreno apresentava um olho d´água, uma nascente que teria de ser preservada”, conta Ronaldo Martins.
Dessa forma, o terreno estava dividido em dois setores, cortado na porção central pela área verde de preservação. Outro desafio era o subsolo. A partir de uma sondagem na área, detectou-se rocha pura em um dos pontos onde seria alocada a área de estacionamento. “Não poderíamos fazer qualquer escavação e nem pensar em detonação de rocha, porque a maternidade do hospital funciona logo ao lado, e o custo para retirada da rocha seria muito alto”, relata. Os acessos eram outro problema a ser resolvido no projeto.
A solução adotada foi a criação de dois blocos, interligados por uma passarela. “Implantamos a área hospitalar na primeira zona e, do outro lado, onde poderíamos cavar um pouco mais, previmos o edifício garagem, com acesso por uma praça que conduz as pessoas para o hospital através de uma passarela sobre o verde, o que daria uma humanizada ao complexo”, explica Ronaldo. E um anel viário foi criado no entorno do terreno, planejando a abertura de uma rua sem saída existente no local.
O bloco hospitalar possui dois subsolos e 12 pavimentos. No térreo encontra-se o Pronto Atendimento. No 1º pavimento ficará o ambulatório hospitalar, com 20 consultórios, dois consultórios para atendimento em psicologia e assistência social e um consultório odontológico, além da completa Unidade de Imagem e Medicina Nuclear.
No 2º pavimento, está projetado o Centro Cirúrgico e Hemodinâmica, com oito salas de cirurgia e três salas de hemodinâmica. O 3º pavimento é destinado, principalmente, à área técnica. A Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) está localizada no 4º pavimento, com capacidade para 40 leitos. A Unidade de Internação ocupará o 5º, 6º e 7º pavimentos, com 144 leitos. O setor administrativo está localizado no 8º andar do empreendimento e, do 9º ao 12º andar, ficarão áreas técnicas, a cobertura e o heliponto.
O acesso ao Instituto de Cardiologia ser dará a partir de uma praça externa verde criada sobre o edifício garagem, aberta para uso da comunidade local , com praça de alimentação, serviços, capela e auditório com capacidade para 160 pessoas. A entrada para o instituto é feita por uma recepção, que identificará o paciente e o conduzirá à passarela, a qual possui dois níveis: o inferior, com cobertura para os dias de chuva, e o superior, para contemplação da área verde preservada.
A área verde também foi aproveitada para criação do “caminho do cardíaco”, junto à área de reabilitação. Envidraçado, esse espaço possui abertura total para esse cenário natural, cujo visual contribui para o processo de recuperação dos pacientes. Na fachada, elementos móveis de madeira cobrem a base da torre hospitalar, funcionando como brises, dando flexibilidade ao layout interno.
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