Reportar o que acontece, o que deixa de acontecer, como é a vida e como é ser turista no país conhecido por ser o mais fechado do mundo. Essa foi a missão do jornalista Richard Amante, colaborador da revista GQ Brasil, que viajou pela Coreia do Norte por quatro dias. O resultado da estada do profissional na Ásia resultou em matéria que ocupa seis páginas inteiras da edição de abril da publicação da Globo-Condé Nast.
Na matéria assinada por Amante, a GQ Brasil ressalta que o regime norte-coreano é genocida e que, na prática, trata-se de uma ditadura que se transformou em monarquia. Atualmente, o neto do fundador do país (Kim Il-sung, morto em 1994, mas que carrega até hoje a marca de “eterno presidente”), Kim Jong-un é o “comandante supremo” da nação. A revista também destaca que os coreanos são ensinados desde crianças que os ditadores são entes divinos.
A falta de recursos, a sensação de voltar no tempo, o momento político, a proibição de ler livros estrangeiros (“pode render prisão em campos de trabalho forçado”), a grandeza (ou a tentativa de se mostrar grande) do exército e até a situação da comunicação (com duas operadoras de celulares que não se interconectam e rede própria de internet, tudo controlado pelo governo) no país foram temas abordados por Amante na reportagem.
Reportar o que acontece, o que deixa de acontecer, como é a vida e como é ser turista no país conhecido por ser o mais fechado do mundo. Essa foi a missão do jornalista Richard Amante, colaborador da revista GQ Brasil, que viajou pela Coreia do Norte por quatro dias. O resultado da estada do profissional na Ásia resultou em matéria que ocupa seis páginas inteiras da edição de abril da publicação da Globo-Condé Nast.
Na matéria assinada por Amante, a GQ Brasil ressalta que o regime norte-coreano é genocida e que, na prática, trata-se de uma ditadura que se transformou em monarquia. Atualmente, o neto do fundador do país (Kim Il-sung, morto em 1994, mas que carrega até hoje a marca de “eterno presidente”), Kim Jong-un é o “comandante supremo” da nação. A revista também destaca que os coreanos são ensinados desde crianças que os ditadores são entes divinos.
A falta de recursos, a sensação de voltar no tempo, o momento político, a proibição de ler livros estrangeiros (“pode render prisão em campos de trabalho forçado”), a grandeza (ou a tentativa de se mostrar grande) do exército e até a situação da comunicação (com duas operadoras de celulares que não se interconectam e rede própria de internet, tudo controlado pelo governo) no país foram temas abordados por Amante na reportagem.
Depois de acompanhar de perto como funciona a Coreia do Norte, Amante aceitou o pedido do Portal Comunique-se e relatou como foram seus passos no país do “querido líder”. Em texto enviado à redação, conta os bastidores da saga, revelando, inclusive, que correu risco de ser preso, já que o governo ditatorial proíbe a entrada de jornalistas. “Se tivessem feito uma rápida pesquisa no Google, eles saberiam quem sou”, afirma.
Amante reforça, entre outros pontos, a ausência de imprensa no país, com todos os veículos de comunicação sendo controlados diretamente pelo regime comunista. “Não existe jornalismo, no sentido como conhecemos, é tudo muito antiquado ainda, como se fosse assessoria de imprensa do governo mesmo”, conta o repórter, que lamenta a situação. “Ao tempo todo exaltam os sucessos do governo e citam o poder divino dos líderes”.
Confira a íntegra do relato exclusivo de Richard Amante ao Comunique-se:
A revista me procurou em maio do ano passado com a ideia de fazer uma reportagem na Coreia do Norte porque eles tinham lido meu livro sobre a China (Amante na China) e gostado da maneira como conto as histórias. Eu estava morando na China na época (morei lá de 2007 a 2013).
Depois de discutir bastante o assunto, marcamos a viagem pra Coreia. Saí de Pequim e fui para Dandong, que fica na fronteira entre china e Coreia do Norte. Fiquei aproximadamente quatro dias na fronteira e mais quatro viajando na Coreia.
Existem várias empresas de turismo da China autorizadas a levar turistas estrangeiros para a Coreia do Norte, e eu escolhi uma que trabalhava apenas com chineses. Eu era o único não-chinês do grupo, mas, como falo a língua, não tive problemas. Também imaginei que esse grupo seria menos vigiado que os que levam muitos ocidentais.
Nesse passeio, sempre muito controlado, fomos de trem de Dandong até Pyongyang e, para ir aos outros lugares, andamos em um ônibus de excursão. Tudo sempre muito controlado, não podemos caminhar livremente pela rua nem conversar com as pessoas, apenas com os guias norte coreanos.
Várias vezes o guia me perguntou se eu era jornalista, porque eu tirava muitas fotos com uma câmera profissional e fazia muitas perguntas. Se tivessem feito uma rápida pesquisa no Google, eles saberiam quem sou e eu seria preso. O pessoal da agência de turismo também não sabia que eu era jornalista, se soubessem, não permitiriam que eu fosse. Fiquei um pouco nervoso durante todo o tempo em que estivesse lá. Se descobrirem agora, a agência que me levou pode ser punida.
Antes de viajar para a Coreia do Norte, li quatro livros e fiz muita pesquisa na internet, então não fiquei muito surpreso com as coisas que vi.
Indicaria, sim, para outros jornalistas porque acho que em alguns anos esse regime vai se abrir mais ou até cair, então seria muito bom conhecer agora, ver de perto como essas pessoas vivem praticamente sem contato com o mundo exterior, tendo acesso basicamente apenas às coisas que o governo libera. Não considero um modo de vida legal, mas, do ponto de vista jornalístico, é muito interessante conhecê-lo de perto.
Quando fui, apenas dois passeios estavam liberados para estrangeiros, mas em cada época do ano, liberam outros apenas por um certo período de tempo. Também é preciso marcar a viagem com certa antecedência para que a agência tenha tempo de conseguir o visto. Quem quiser ir é bom fazer pesquisar antes para ver quais passeios estão liberados e qual o prazo para inscrição.
É um passeio caro, mais caro que visitar outros países da região. Existe a possibilidade de se fazer visitas programadas, em que você viaja sozinho e escolhe o trajeto, mas apenas por meio de agências e o custo é muito mais alto, em média 250/300 Euros por dia. Também dá para visitar estrangeiros que morem lá, mas tem que haver um pedido especial e você pode até dormir na casa dessa pessoa (nesse caso, você pode fazer tudo o que o anfitrião faz e ir aos lugares onde ele vai, sem problema).
Gostaria muito de voltar lá e passar mais tempo em outras regiões. Conversei com tanta gente, li e vi tanta coisa para fazer essa matéria que gostaria de escrever um livro sobre a Coreia do Norte. Tenho muito material que não foi usado na matéria, muitas fotos legais, histórias e entrevistas. Mas só vou pensar nisso em alguns meses, quando terminar o livro que estou escrevendo agora.
Acredito que a alienação seja forçada mesmo, pois eles vivem sem informações e estão em constante aprendizado, com todas aquelas informações sendo bombardeadas o tempo todo. Muitas pessoas, porém, quando começam a desconfiar que toda aquela história de divindade é furada, escondem o sentimento por medo de represália.
Sempre que são perguntados sobre qualquer ação do governo, as pessoas que ainda vivem na Coreia do Norte e que trabalham lá dizem que isso não existe, que é tudo invenção dos Estados Unidos. Eles tentam esconder tudo que não é positivo. Hoje, já estão mais liberais, não ficam nos impedindo de tirar fotos, mas pedem que evitemos tirar fotos de coisas ruins. Dizem que, com tantas coisas bonitas no país, não é necessário tirar fotos de coisas ruins.
Todos jornais, rádios e canais de TV são controlados pelo governo. Não existe jornalismo, no sentido como conhecemos, é tudo muito antiquado ainda, como se fosse assessoria de imprensa do governo. Ao tempo todo exaltam os sucessos do governo e citam o poder divino dos líderes. São muito ingênuos. O site The Onion, que só publica notícias falsas e hilárias, elegeu Kim Jong-un, como o homem mais sexy do mundo. O jornal oficial do país replicou a notícia como se fosse verdadeira. E o que é pior, alguns jornais da China também replicaram.
O que eu achei mais surreal? Encontrar um prédio de cinco andares isolado no meio de uma plantação de arroz. Na verdade, isso faz sentido. Uma construção vertical ocupa menos espaço e, assim, mais arroz pode ser plantado. Parecia que eu estava voltando no tempo, os trens, ônibus, metrôs, carros, as roupas, as avenidas com poucos veículos… A não ser por alguns prédios novos, com arquitetura moderna, o país ficou parado no tempo.
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