Os professores estão em pânico. Os toques de celular repercutem em toda a sala de aula. Está em todo lugar com ou sem o som ativado. Alunos dividem sua atenção entre o que o mestre tenta explicar e o que aparece na telinha do smart phone. Como eles são encontrados com todos os preços, são acessíveis nas escolas da elite, privada, e nas públicas, nas periferias sociais. Ninguém escapa deles. Nem mesmo os professores. O que fazer?
Nos encontros corporativos dos hotéis de luxo, há uma pessoa na porta da sala que recebe os celulares dos participantes e fica incumbida de atender e anotar o recado, que será passado no coffee brake. Em outros encontros é possível leva-lo para a reunião, e se as mesas estiverem colocadas de forma favorável, consulta-los mesmo durante as palestras e os cursos. Afinal, muitos dos participantes são gerentes e diretores e precisam ficar conectados com o que acontece na empresa a qualquer momento, mesmo quando está em treinamento ou em uma reunião de planejamento estratégico. Sutilmente, lê os recados que chegam pelas plataformas disponíveis, como o what´s app, facebook, twitter e inúmeras outras. Para o professor, palestrante, expositor é inquietante. O que apresenta não deve ser interessante, nem contém nada de novo, por isso entre o humano e o gadget, muitos preferem o segundo.
O que fazer nas escolas? Em São Paulo, a secretaria da educação liberou geral. Pode trazer o aparelhinho na escola e consulta-lo durante a aula. Este dilema é universal. Em vários países do mundo pesquisadores avaliaram o desempenho dos alunos que usam o celular na escola. Os resultados foram díspares. Ficar off-line deixa a todos, escolares e executivos, ansiosos, inseguros que alguma coisa está acontecendo e ele não pode acessar. Com o uso regulamentado o aproveitamento na aprendizagem é melhor para os conectados. Já do outro lado, quando não há monitoramento, organização, um pacto entre alunos e escolas, o rendimento cai.
Mais de 90 por cento dos alunos admitem que trocam mensagens durante as aulas. Só perde para a quantidade de aparelhos no recinto. Assim, chegou-se à conclusão, em vários lugares do mundo que não é possível o professor disputar a atenção contra os smart phones. Então é melhor se aliar com um inimigo forte e que, gostem ou não, veio para ficar. Para essa convivência é preciso criar aplicativos que possibilitem o acesso apenas para estudar o conteúdo apresentado nas aulas e nada mais. A conexão com o exterior se dá através deles, que possibilitam acesso a sites de interesse do assunto que está sendo apresentado. Um dicionário de inglês, por exemplo. Ou a vários sites de notícias em uma aula de história, e por aí vai.
A tecnologia criou uma verdadeira dependência psicológica. As crianças chegam nas escolas já falando no celular, com os país que acabaram de deixa-las na porta. Falam com os colegas que estão no pátio ou já em sala de aula. Os professores por sua vez, aguardam o horário de começar a aula com os seus celulares nas mãos, ou lendo notícias ou falando com familiares. As selfies não param jamais. Qualquer motivo é motivo para uma. Seja com o colega, o cachorrinho da família, um quadro na parede, um professor ou um youtuber. Todos querem as melhores fotos de seus rostos diante da paisagem que escolheram. Quando muito dividem meio a meio com um colega.
Levada ao extremo a ansiedade de se conectar já ganhou um nome: nomofobia. Nomofobia é a fobia causada pelo desconforto ou angústia resultante da incapacidade de acesso à comunicação através de aparelhos celulares ou computadores. Surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar ou se vê incontestável estando em algum lugar sem um aparelho de celular ou qualquer outro gadget.(Wikipedia). Em alguns lugares do mundo o serviço público de saúde oferece psicoterapia a jovens que se sentem dependentes de celular. Não é de crack. Diante desse quadro o que resta ao professor? Talvez tirar o seu aparelho do bolso e, através dele, se conectar com os seus alunos.
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