O jornalista Manoel Fernandes, da empresa Bites, especialista em análise de dados sobre a internet, defendeu, durante o seminário Fake News e Democracia, realizado pelo Conselho de Comunicação Social (CCS) na terça-feira, 12, a participação do Facebook e do Google na colaboração com as autoridades, atores políticos e mídia, em estratégias e ações visando diminuir o impacto das fake news nas eleições de 2018.
Fernandes lembrou que, pressionadas pelo poder público, Facebook e Google já vem colaborando neste sentido com os governos da Alemanha e da Itália.
Fake news são as notícias falsas, disseminadas especialmente pelas redes sociais, divulgadas buscando interesses políticos ou econômicos.
Em virtude do enorme faturamento que obtêm no Brasil – cerca de R$ 43 bilhões entre janeiro e setembro deste ano – e do risco que as fake news devem representar ao processo eleitoral brasileiro em 2018, Fernandes e outros participantes do seminário entendem que estas plataformas de divulgação de conteúdo têm uma responsabilidade social em relação ao país.
“O Brasil comete um erro, porque considera estas mega-empresas como se fossem do setor de tecnologia. Na verdade, elas são empresas de mídia, e faturam bilhões de dólares mundialmente por meio da audiência que auferem”, alertou o especialista.
O representante da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert), Luís Antonik, disse que a entidade apoia, se for o caso, a tributação destas mega-plataformas de internet visando o financiamento das estruturas públicas de combate às fake news durante o processo eleitoral.
Antonik e Fernandes lembraram que o Facebook e o Google faturam nas duas pontas em virtude do fenômeno das fake news, uma vez que os atingidos também recorrem às redes buscando minorar o impacto das difamações. Tudo isto se traduz em dezenas de milhões de visualizações que se transformam no gigantesco faturamento publicitário do Facebook e do Google.
Fernandes acrescentou ainda que não foi por acaso que as plataformas de internet, ainda que convidadas, não enviaram representantes ao seminário, “pois sabiam que seriam cobradas socialmente”. Ele e outros participantes também alertam que o processo eleitoral brasileiro em 2018 será inundado pelas fake news, devido à relevância geopolítica do país e os interesses em jogo.
Fake news não é o mesmo que notícia com erro jornalístico
Combate às “fake news” deve ser prioridade para Conselho de Comunicação Social
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