Sindicato culpa veículos por agressões de jornalistas

Em nota, Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo critica “empresas de comunicação” que “apoiam o golpe”. No último fim de semana, profissionais da imprensa foram agredidos por militantes defensores de Lula

Horas depois de tomar ciência de que profissionais da imprensa foram agredidos em meio à cobertura da prisão do ex-presidente Lula, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) se posicionou. Em nota divulgada em seu site oficial, a entidade enfatizou repudiar tais atos. As críticas, porém, não ficaram restritas aos manifestantes que se encontravam em São Bernardo do Campo (SP). Para a diretoria da instituição, os veículos de mídia também são responsáveis pelas agressões.

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“Essa situação lamentável é resultado também da política das grandes empresas de comunicação, que apoiam o golpe, e que adotam uma linha editorial de hostilidade contra as organizações populares”. A afirmação do sindicato compõe o quarto dos sete tópicos elencados pela entidade. Ao usar o termo “golpe”, a equipe acusa tais empresas de apoiarem “medidas antitpopulares de Michel Temer”. Para a instituição, o presidente da República e órgãos da imprensa querem “aplicar ‘reformas’ contra os seus trabalhadores”.

A nota do sindicato afirma, ainda, que veículos de mídia propagam censura interna e que pouco se importam com a condição financeira dos profissionais. “Hoje mesmo, os jornalistas de Rádio e de TV do estado de São Paulo estão sem piso salarial e outros direitos, desde 20 de janeiro. As empresas também querem cassar a cidadania de seus jornalistas, achando que podem impedir que os profissionais expressem livremente suas convicções políticas (nos perfis pessoais de redes sociais, ou em manifestações)”. Apesar das críticas, nenhum grupo de comunicação é mencionado diretamente.

Antes da parte em que se volta contra as empresas de comunicação, o sindicato deixou claro que não apoia nenhum tipo de agressão contra repórteres. “Condenamos qualquer tipo de violência contra os jornalistas, que são trabalhadores em pleno exercício profissional. Qualquer agressão ou tentativa de censurar esses profissionais é incoerente com a nossa defesa da democracia, e das liberdades de imprensa e de expressão”.

Jornalistas criticam entidade

Devido ao trecho em que responsabiliza veículos de mídia pelas agressões sofridas por comunicadores, o sindicato se tornou alvo de críticas por parte de jornalistas. Ao comentar o caso na edição desta segunda-feira, 9, do ‘Café com Jornal’, da Band, Luiz Megale não poupou as palavras. O apresentador disse que a entidade funciona como “braço do PT”. No sábado, 7, integrantes da emissora e de outros veículos do Grupo Bandeirantes de Comunicação entraram para a galeria de profissionais agredidos e hostilizados.

A postura adota pela direção do sindicato também repercutiu na Jovem Pan. Em comentário feito durante o programa ‘Os Pingos nos Is’, Augusto Nunes se voltou contra ao teor divulgado. “Uma das notas mais sórdidas que eu já li na minha vida”. “É um sindicato que está morto”, protestou. Ele ainda defendeu que os colegas devem se desfiliar da entidade. Apresentador da atração radiofônica, Felipe Moura Brasil definiu o grupo como “milicianos do jornalismo”.

Confira a íntegra da nota do sindicato

Diante das intimidações e agressões sofridas por algumas equipes de reportagem na cobertura da prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) tem o dever de informar e esclarecer o que segue:

1 – Condenamos qualquer tipo de violência contra os jornalistas, que são trabalhadores em pleno exercício profissional. Qualquer agressão ou tentativa de censurar esses profissionais é incoerente com a nossa defesa da democracia, e das liberdades de imprensa e de expressão;

2 – Condenamos que algumas pessoas que querem protestar contra os meios de comunicação o façam agredindo os profissionais – mesmo com todo o espaço que a organização da manifestação, a partir da CUT, deu publicamente para a questão do respeito aos jornalistas;

3 – Registramos que, desde quinta-feira à noite (5), dirigentes do SJSP estiveram presentes junto à imprensa, dialogando com os manifestantes e intervindo sempre que possível, além da realização de plantão de apoio. Registramos, ainda, que no final da tarde deste sábado (7), conversamos com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que reafirmou que sua posição é a de garantia de respeito ao trabalho de todos os jornalistas em suas dependências;

4 – Essa situação lamentável é resultado também da política das grandes empresas de comunicação, que apoiam o golpe, e que adotam uma linha editorial de hostilidade contra as organizações populares.

5 – Tais empresas apoiam as medidas antipopulares de Michel Temer (MDB) e querem aplicar as “reformas” contra os seus trabalhadores. Hoje mesmo, os jornalistas de Rádio e de TV do estado de São Paulo estão sem piso salarial e outros direitos, desde 20 de janeiro. As empresas também querem cassar a cidadania de seus jornalistas, achando que podem impedir que os profissionais expressem livremente suas convicções políticas (nos perfis pessoais de redes sociais, ou em manifestações);

6 – Para impedir que casos de agressão e tentativas de censura se repitam é preciso que se retome a democracia, o que só será possível com Lula livre e com a garantia de o povo brasileiro poder votar legitimamente nas eleições de 2018.

7 – Consideramos que o Sindicato e a categoria precisam discutir rapidamente novas medidas de proteção ao nosso exercício profissional.

São Bernardo do Campo, 7 de abril de 2018.

Direção – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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