O site Grande Prêmio acusa o jornal O Estado de S.Paulo de plagiar 47 de seus textos entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. O jornal afirma “levar muito a sério” a acusação do site e disse estar apurando o caso.
Fundado em 1994, o site Grande Prêmio se dedica exclusivamente à cobertura de automobilismo e é parceiro do Lance!, portal de jornalismo esportivo, e do Grupo Bandeirantes, além de fornecer conteúdo para os portais MSN e Terra. O Estado de S. Paulo, também conhecido como Estadão, é um dos maiores jornais do Brasil. Em setembro de 2021, era o jornal impresso com a segunda maior tiragem no país, com média de 72 mil exemplares diários, segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC).
Victor Martins, diretor do site Grande Prêmio, denunciou pela primeira vez o suposto plágio em um post no Twitter em 17 de fevereiro. Na ocasião, ele afirmou que três matérias produzidas e publicadas originalmente pelo Grande Prêmio haviam sido reproduzidas na íntegra pelo jornal e também por veículos que republicam textos da agência Estadão Conteúdo, que revende o material publicado pelo Estadão.
Martins disse à LatAm Journalism Review (LJR) que a reprodução indevida foi descoberta por acaso, por Juliana Tesser, repórter do Grande Prêmio que havia escrito um dos textos que foram publicados pelo Estadão. Tesser chegou a questioná-lo se o site havia fechado acordo de reprodução com o jornal e mostrou a Martins o texto que ela havia escrito e publicado no Grande Prêmio reproduzido integralmente no site do Estadão.
Naquele primeiro momento, Martins e a equipe do Grande Prêmio identificaram três matérias do site reproduzidas pelo Estadão, que figuravam entre as últimas notícias da seção de esporte do jornal. “As três primeiras notícias que clicamos nos demos conta de que eram nossas notícias, reproduzidas ipsis litteris, até os erros de digitação, pois tinha um ponto no meio do parágrafo que foi copiado”, disse Martins.
A gente chegou a um valor e mandou uma carta para eles dizendo ‘este é o valor caso a gente entre com uma ação, mas vamos negociar com vocês, porque a gente entende que vale a pena negociar'”
Ele então se dedicou a conferir todos os textos publicados pelo Estadão sobre automobilismo até aquele momento e identificou 47 matérias do Grande Prêmio reproduzidas pelo jornal entre o fim de dezembro de 2021, quando o primeiro texto copiado do site apareceu no jornal, e meados de fevereiro.
Estes 47 textos foram reproduzidos não só pelo Estadão, mas também por outros 40 veículos, segundo apurou Martins, que compram e republicam material jornalístico produzido, em tese, pelo jornal, por meio da agência Estadão Conteúdo.
Martins a princípio conversou com o editor de esportes do Estadão, que pediu desculpas pelo ocorrido e que, ao ser informado da magnitude do suposto plágio, repassou a questão para o departamento jurídico do jornal. Um advogado do Estadão se reuniu com Martins e com o advogado do Grande Prêmio no dia 15 de março e, segundo o diretor do site, reconheceu a seriedade do problema. As duas partes, entretanto, não entraram em acordo sobre o valor do ressarcimento ao site automobilístico.
“Havia um cálculo que os advogados haviam feito, contando a cobrança do Estadão, o ganho em monetização dos banners, e nos veículos [que republicam material do Estadão] também a mesma coisa, e o quanto os veículos pagam para ter esse conteúdo… A gente chegou a um valor e mandou uma carta para eles dizendo ‘este é o valor caso a gente entre com uma ação, mas vamos negociar com vocês, porque a gente entende que vale a pena negociar'”, disse Martins.
Segundo ele, o advogado do jornal afirmou que o episódio “é o maior caso de plágio da história dos 140 anos do jornal”, mas discordou do valor reivindicado pelo Grande Prêmio. “Os valores foram estipulados [pelo Estadão] com base em que cada matéria valeria X, então multiplicariam X por 47 e era isso que eles pagariam. Eles queriam comprar o conteúdo, basicamente, sem considerar o crime [de plágio]”, afirmou o diretor do site.
Os representantes do Grande Prêmio consideraram a proposta “desrespeitosa” e suspenderam a negociação até o Estadão apresentar uma nova proposta, disse Martins, acrescentando que os advogados do site estão preparando a petição para entrar na Justiça contra o jornal caso a negociação não avance.
No dia 17 de março, o diretor do site voltou a postar no Twitter sobre o caso, divulgando ao público a informação de que se tratavam de 47 textos copiados do Grande Prêmio e reproduzidos por 40 veículos. Ele também afirmou que o Estadão entrou em contato com os parceiros que haviam republicado os textos pedindo para que fossem tirados do ar, mas sem citar o suposto plágio.
Mariana Sampaio, diretora do departamento jurídico do Estadão, disse à LJR que o jornal “leva muito a sério” a acusação de plágio do Grande Prêmio e está realizando uma investigação interna para determinar a extensão do ocorrido.
Segundo ela, quando a princípio o site denunciou o suposto plágio de três textos, o jornal identificou que estes textos foram publicados por uma única pessoa, que foi então afastada de suas atividades.
“Para nós essa é uma questão muito grave, porque do mesmo jeito que nós queremos que o direito autoral do Estadão seja respeitado por outros veículos, nós temos uma longuíssima tradição de respeitar textos de terceiros”, disse Sampaio. “A gente leva isso [a acusação de plágio] muito a sério e esse é um tipo de conduta que nossa empresa não toleraria.”
Ela afirmou que o jornal está no momento apurando o volume da reprodução indevida e, caso se comprovem todas as alegações do Grande Prêmio, quais seriam as indenizações devidas e qual seria a metodologia desse cálculo.
“Se isso [o plágio] for caracterizado, nos sentimos tão vítimas quanto [o Grande Prêmio], pois não é uma prática da empresa, não é uma orientação da empresa. Terá sido uma conduta isolada de um funcionário que não está agindo dentro das nossas normas”, disse ela.
Questionada sobre possíveis lacunas nos processos de produção e publicação de notícias pelo Estadão, Sampaio disse que o jornal está revendo seus processos para entender por que isso aconteceu.
“Estou no Estadão há 18 anos e nunca tinha tido um caso dessa natureza. Estamos revendo não só os processos humanos, mas também do ponto de vista da tecnologia, para evitar que esse tipo de coisa ocorra. Este é um processo que precisa ser controlado por pessoas, mas estamos vendo se existem ferramentas de tecnologia que permitam garantir que isso não aconteça de forma alguma”, afirmou ela.
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