Comunicação

“Sociedade adoecida”. É o que diz entidade sobre jornalistas agredidos na Bahia

Mais do que cobrir o desfecho de um crime, jornalistas acabaram se tornando alvo da criminalidade em Águas Claras, em Salvador, na manhã de segunda-feira, 1º de fevereiro. Equipes da Band Bahia e da TV Aratu (afiliada do SBT) foram agredidas por bandidos, que quebraram equipamentos e expulsaram os profissionais do bairro. Em nota assinada em conjunto com o sindicato local, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lamentou o ocorrido, cobrou autoridades e definiu o caso como símbolo de uma “sociedade adoecida”.

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De acordo com as entidades que denunciaram o caso, quatro jornalistas sentiram na pele a violência: o repórter Tony Júnior e o cinegrafista Jefferson Alves, pela Band Bahia; e o repórter Fábio Gomes e o cinegrafista Carlinhos, pela TV Aratu. Eles foram até Águas Claras para falar sobre um homicídio na região. E, infelizmente, quase foram vítimas de um. Segundo as informações, traficantes da região chegaram a disparar tiros contra os profissionais da imprensa, mas ninguém foi atingido. Além disso, os criminosos quebraram uma câmera e deram coronhadas em Alves, que chegou a ser encaminhado para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), mas passa bem.

Demonstra a ausência de estado nas comunidades periféricas, deixando as populações à mercê de quadrilhas fortemente armadas

“O avanço da criminalidade tem raízes numa sociedade que carrega a doença da desigualdade, que gera falta de oportunidades e deixa campo aberto para que nossos jovens sejam alistados no exército do tráfico de drogas”, afirma a Fenaj na nota com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba). “Por outro lado, o fato lamentável de hoje pela manhã demonstra a ausência de estado nas comunidades periféricas, deixando as populações à mercê de quadrilhas fortemente armadas, em um país onde as armas viraram produto de fácil acesso.”

Também em conjunto, as duas entidades sindicais cobraram “rigorosa apuração” por parte da Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Na segunda-feira, policiais trocaram tiros com traficantes do bairro onde jornalistas foram agredidos. Um criminoso morreu em meio ao confronto. A polícia ainda apreendeu uma pistola com cinco munições, um carregador e 180 papelotes de crack e cocaína. Nenhum suspeito da agressão e ameaça aos repórteres foi preso.

Sociedade adoecida X jornalistas

Confira, abaixo, a íntegra da nota de repúdio assinada pela presidente da Fenaj, Maria José Braga, e pelo presidente do Sinjorba, Moacy Neves.

Ataque a jornalistas em Salvador mostra sociedade adoecida

Quando jornalistas são atacados, a sociedade está exposta. Quando os profissionais são alvos de ataques físicos, percebemos o quanto essa sociedade está adoecida. O que aconteceu em Águas Claras, em Salvador, na manhã desta terça (01), reúne os dois traços de absurdos inaceitáveis na cidadania: intolerância e violência.
O Sinjorba e a FENAJ se solidarizam com os colegas Tony Júnior, Jeferson Alves, Fábio Gomes e Carlinhos, que trabalham para as TVs Aratu e Band, que foram atacados por bandidos ao fazerem a cobertura de um homicídio na Rua Santa Tereza, em Águas Claras. Os criminosos atiraram para o alto e também em direção aos repórteres. Além disso, ordenaram que os trabalhadores deixassem o local, quebraram um equipamento de filmagem e deram coronhadas em Jeferson.

O jornalismo, pilar de uma sociedade democrática, apesar de alvejado, não se intimidará diante dos ataques sofridos pelos colegas da Band e Aratu. Continuaremos cobrindo as pautas da editoria de Segurança, inclusive este fato específico, sobre o qual pedimos à Secretaria de Segurança Pública rigorosa apuração.

O avanço da criminalidade tem raízes numa sociedade que carrega a doença da desigualdade, que gera falta de oportunidades e deixa campo aberto para que nossos jovens sejam alistados no exército do tráfico de drogas. Por outro lado, o fato lamentável de hoje pela manhã demonstra a ausência de estado nas comunidades periféricas, deixando as populações à mercê de quadrilhas fortemente armadas, em um país onde as armas viraram produto de fácil acesso.

Ao mesmo tempo em que se exige dos governantes medidas que melhorem o ambiente econômico-social, exige-se também que as autoridades de segurança cuidem das nossas comunidades, protegendo-as. Se isso ocorrer, a atividade jornalística também estará protegida. Assim como instamos os veículos de comunicação a terem mais cuidado ao enviar equipes para coberturas em locais onde não haja condições de segurança para o exercício profissional.

Ou seja, pedimos o mínimo.

Moacy Neves – Presidente do Sinjorba

Maria José Braga – Presidente da FENAJ

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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