A crise de ansiedade e pânico se caracteriza por um padrão de reações cognitivas, emocionais e comportamentais que se assemelham a uma onda intensa de medo físico e emocional, podendo gerar até mesmo a sensação de morte.
De acordo com informações do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM -5- TR), uma publicação realizada pela Associação de Psiquiatria Norte-americana e utilizada mundialmente como referência no assunto, a característica essencial de um ataque de pânico é um surto repentino de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos. De acordo com os estudos realizados pela associação, o surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso e apresentar quatro, ou mais, dos treze sintomas físicos e cognitivos descritos:
Para a psicóloga Talita Padovan, quem passa por esses episódios nem sempre é visto como alguém adoecido pelas pessoas com quem convive. “A forma de identificar no corpo essas alterações é observando o sentimento de medo seguido de um pensamento irreal, a pessoa acha que vai morrer ou não vai conseguir sair desse estado”, explica a profissional.
Representação da doença em filmes atuais
Recentemente o portal de notícias CNN destacou em uma publicação que o filme “Gato de Botas: O último Desejo” retrata o sofrimento gerado pelas crises de ansiedade e pânico. Joel Crawford, diretor da animação Gato de Botas, disse em entrevista ao portal que “o filme apresenta o objetivo de levar ao público uma jornada que expressa as emoções da vida”.
Para trazer à luz essas questões, Talita Padovan analisa os personagens Gato de Botas e também Elsa (da franquia Frozen), levando em consideração os diagnósticos da psicologia para ambos. Para a psicóloga, em comparação com o Gato de Botas, Elsa não fica atrás em termos de sofrimento causado pela ansiedade. “O Gato de Botas apresenta ataque de pânico, enquanto Elsa apresenta isolamento social, medo, culpa e desespero”, complementa.
Para lidar com ambos cenários, existem diferentes alternativas. “O apoio social, ter com quem contar na hora da crise, pode ajudar a pessoa a sair dela. O isolamento nessas horas, que é descrito pela Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) como “comportamento compensatório”, pode parecer um meio de fuga, mas não é o mais adequado”, indica Talita.
Opções de tratamento
Algumas pessoas podem lidar com as crises de forma inapropriada por não terem conhecimento dos recursos e opções existentes. Segundo um estudo realizado pelo Instituto FSB, considerando o cenário da pandemia em 2021, 53% dos entrevistados relataram sentir ansiedade. “O tratamento psicológico, psiquiátrico e outros com profissionais são alternativas. Seja o Gato de Botas, a Elsa, ou qualquer pessoa nessa situação, todos apresentam sofrimento e desconforto intensos, que devem ser tratados”, salienta a psicóloga.
Talita ainda ressalta que, tanto o sofrimento quanto o desconforto, são situações que podem gerar dor física: “Não há como comparar os tipos de dor, por exemplo, de uma pessoa com crise de ansiedade ou ataque de pânico com uma que está enlutada por uma perda, ou de luto pelo término de um relacionamento. A maior dor será a de quem sente cada uma delas”.
De acordo com a APA (American Psychological Association) o tratamento padrão ouro (melhor evidência de eficácia), é o Terapia Cognitivo Comportamental. A TCC é composta de técnicas de identificação e reestruturação de crenças, pensamentos, emoções e ações, reações essas que podem potencializar o medo, a insegurança e o descontrole em um episódio de crise de ansiedade e no ataque de pânico.
O tratamento psicológico ainda pode ter como aliado o uso de medicamentos específicos e prescritos exclusivamente por um profissional médico habilitado. Os medicamentos comumente utilizados são antidepressivos ou ansiolíticos, de acordo com as necessidades e características de cada paciente.
“A atividade física também é indicada por sua ligação direta em nosso sistema nervoso, com a atuação de hormônios que regulam as substâncias neuroquímicas presentes na crise de ansiedade, tais como endorfina, serotonina, adrenalina, cortisol, entre outras”, explica a psicóloga.
A profissional ainda salienta que o transtorno mental não tem cura, mas, existe remissão parcial ou total dos sinais e sintomas, levando a pessoa a viver com saúde. “A busca por tratamento favorece a pessoa que está em sofrimento, e caso não consiga sozinha, buscar ajuda de familiares e amigos é uma opção. Existe um caminho para viver uma vida valiosa e sem sofrimento”, recomenda Talita Padovan.
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