“Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante”. Se você pertence às gerações X, Y ou Z, é muito provável que tenha ouvido, falado ou até bradado várias vezes essa frase. Se tem pelo menos 40 anos, possivelmente Darth Vader, Chewbacca e Mestre Yoda foram “companheiros” de infância, adolescência ou, agora, da vida adulta. E a trilha composta por John Williams? Quantas vezes você não se emocionou logo nos primeiros acordes?! Mas, o que tudo isso tem a ver com branded content? Tudo, meu nobre Jedi! Tudo.
Para Patrícia Weiss, chairman da BCMA South America, associação internacional que reúne os especialistas da área, o conceito “pertence a outro planeta, o do conteúdo e do entretenimento, que devem envolver e engajar a audiência sem interromper a sua experiência de consumo”, disse em entrevista ao Adnews. Segundo a especialista, relevância e autenticidade são a marca de um bom projeto de branded content, que precisa, antes de tudo, interessar e envolver o público para poder engajar. “Se não transmitir uma mensagem verdadeira e centrada nas pessoas, onde o protagonismo é da audiência e não da marca, perde o sentido. Precisa ser autêntico e baseado na verdade”, ensina.
George Lucas percebeu isso ainda nos anos 70. Os sumérios, os gregos e todos os povos das mais diversas culturas também perceberam isso “há muito tempo, em territórios muito, muito distantes”. Mitos e narrativas sobre heróis, princesas, vilões deuses e demônios existem desde que o mundo é mundo. E persistem em todas as culturas porque ajudam a humanidade a lidar com os seus mais profundos questionamentos. Star Wars é, de acordo com o antropólogo e papa em mitologia Joseph Campbell, “apenas mais uma dessas narrativas, só que em roupagem moderna”.
A franquia conquistou mentes e corações ao redor do planeta porque, como nenhuma outra da atualidade, conseguiu refletir as idiossincrasias do mundo pós-moderno, “ambivalente em sua relação com as conquistas econômicas, científicas ou tecnológicas”, aponta Helio Gurovitz.
E falando no mundo pós-moderno, as audiências “glocais” (globais e locais ao mesmo tempo), não suportam mais as mesmas mensagens desinteressantes de marcas que, na maioria das vezes, são narcisitas e autocentradas. “Branded content é um conceito mais do que estabelecido nos países desenvolvidos. Não é uma simples tendência, ou muito menos algo passageiro. Existe e é aprimorado constantemente, pois os mercados estrangeiros possuem outro mindset, mais intimidade com a tecnologia, a internet e as formas de comunicação não interruptivas e menos condicionadas à compra de mídia tradicional, como acontece no Brasil”, dispara Patrícia Weiss.
De acordo com a especialista, o mercado brasileiro vive no contra fluxo do mundo porque ainda investe, prioritariamente, em campanhas tradicionais. “Lá fora há uma coexistência mais equilibrada. Branded content, com e sem storytelling, vive uma intensa expansão no mundo, porque a audiência mudou, e isso é irreversível”, destaca.
Numa vida corrida, em mercados cada vez mais segmentados, onde a totalidade ficou em segundo plano e o próprio ser humano perdeu parte da própria essência, o mito pode resgatar os sonhos. “Eles nos conduzem ao encontro de nós mesmos. Temos um ‘deus’ dentro de nós, que convive com um ‘demônio’, e quando extirpamos esse ‘demônio’ talvez estejamos extirpando o melhor de nós”.
Os mitos e Star Wars têm muito a ensinar. O branded content, além de ensinar, também tem muito a fazer.
Que a força esteja com você, meu nobre Jedi!
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Texto publicado originalmente no Medium, em 26 de outubro de 2016.
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