Tecnologia é aliada de jornalistas no combate à desinformação

Além de usar a tecnologia para proteção, em comparação com 2017, dobrou o número de jornalistas que utilizam mídias sociais para realizar a checagem de fatos, em ação contra a desinformação

O Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, na sigla em inglês) lançou seu relatório anual sobre as tendências no uso de tecnologia em redações pelo mundo. O documento, divulgado na última semana, é fruto da pesquisa State of Technology in Global Newsrooms (O estado da tecnologia em redações globais, em tradução livre), realizada pela primeira vez em 2017. Neste ano foram entrevistados cerca de 4 mil jornalistas de 149 países. Um dos destaques é o trabalho de jornalistas contra a desinformação.

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Joyce Barnathan, presidente do ICFJ, destacou entre as tendências de tecnologia as ligadas ao cenário de ataques físicos e virtuais contra jornalistas e veículos de comunicação. A pesquisa aponta que redações em todo o mundo estão adotando diversas ferramentas digitais para proteger sua comunicação e suas equipes. No entanto, há disparidade entre as regiões estudadas: na América Latina, 64% dos veículos usam ferramentas para comunicação segura; na Europa esse índice é de 92%.

Além de usar a tecnologia para proteção, em comparação com 2017, dobrou o número de jornalistas que utilizam mídias sociais para realizar a checagem de fatos. Por isso, na América Latina, a habilidade no uso de redes sociais está entre as mais valorizadas na hora da contratação, seguida por experiência com edição de vídeo, áudio e jornalismo de dados.

Essas habilidades, apesar de exigidas, raramente são abordadas em treinamentos realizados por veículos para suas equipes. Além disso, o estudo descobriu que repórteres e diretores têm visões divergentes sobre quais treinamentos são mais importantes. Enquanto a maioria das redações oferece cursos de produção de vídeo e áudio, os jornalistas estão interessados em inteligência artificial, segurança digital, podcast, ferramentas de checagem de fatos e de divulgação em redes sociais.

“Na América Latina, a habilidade no uso de redes sociais está entre as mais valorizadas na hora da contratação”

Em um cenário de crise, as únicas redações que crescem são as pequenas. Dentre os veículos pesquisados, cerca de metade dos que têm no máximo 25 pessoas na equipe realizaram contratações nos últimos meses. É uma boa notícia para o jornalismo local: segundo a pesquisa, redações pequenas têm duas vezes mais chance de realizar coberturas locais e regionais do que as com equipes maiores.

Em quatro das oito regiões analisadas pelo estudo, dentre elas a América Latina, mulheres ocupam metade ou mais da metade dos cargos de comando em redações. Além disso, o estudo apontou que América do Norte e Europa superam a média global e têm mais jornalistas mulheres do que homens na redações. Enquanto no mundo a taxa é de 40%, essas duas regiões têm 56% e 51%, respectivamente.

Em comparação com as pesquisas anteriores, os dados apontam que a publicidade deixou de ser a principal fonte de renda da maioria dos veículos, que passaram a contar com filantropia, contribuições, conteúdos patrocinados e campanhas de assinatura. Aqueles sem fins lucrativos são os que possuem fontes de renda mais diversificadas: 28% da receita provém de conteúdos patrocinados, 24% de serviços pagos e 20% de patrocínios governamentais.

A versão completa do relatório está disponível (em inglês) no site do ICFJ.

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Por Natália Silva.

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Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Criada em 2002 por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, principalmente sobre reportagens investigativas. É mantida pelos próprios jornalistas e não tem fins lucrativos.

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