Ressignificar o uso de tecnologias para a comunicação. Essa foi uma alternativa que impressionou muitas pessoas em 2006, quando o acesso à internet ainda era restrito a aproximadamente 17% dos brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Na época, a tecnologia foi usada com apoio do Grupo Comunique-se para transmitir uma palestra por videochamada durante o 2º Seminário Sul-brasileiro de Comunicação Empresarial, que ocorreu em Criciúma, Santa Catarina.
Uma das organizadoras do evento, a jornalista Andressa Fabris, recorda que as videochamadas eram utilizadas apenas por grandes empresas. O uso da tecnologia para uma palestra, no entanto, gerou insegurança. “Foi algo muito inusitado, a gente ficou com receio. Foi a solução que encontramos, mas achamos que na época, ainda assim, as pessoas iriam se sentir ‘lesadas’ por não ter a palestrante dentro da sala”, afirma.
A necessidade de adaptar a apresentação surgiu com um problema na viagem da palestrante Graça Lara, que não pôde participar. A ideia de utilizar a videochamada para driblar o imprevisto foi uma solução do jornalista Cassio Politi, que estava presente no evento e sugeriu o uso das estruturas do Comunique-se e do grupo educacional SATC, onde o evento era realizado, para fazer a transmissão.
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Cassio já tinha experiência com o modelo de apresentação por videoconferência. Na época, o Comunique-se oferecia um MBA com aulas à distância e, pouco tempo antes do seminário, havia feito uma palestra nesse formato com o jornalista Marcos Lozekann. Apesar disso, ele conta que, em 2006, esse tipo de apresentação não era comum. “O curioso é que isso foi há 14 anos e, naquela época, isso não era comum. Poucos anos atrás, também não era”, ressalta.
Andressa lembra com orgulho do que alcançaram naquele momento, com um modo de comunicar que, hoje, torna-se cada vez mais comum e necessário. “Não podia dar mais errado do que não ter a palestrante, mas hoje a gente vê como fomos ousados e inovadores”, revela.
Desde aquela época, o uso da internet para comunicação por meio de vídeos está se tornando mais popular e acessível. De acordo com a pesquisa TIC Domicílios, do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), o número de domicílios com acesso à internet aumentou aproximadamente 54% e hoje representa 71% dos lares no Brasil. Tais dados reproduzem a possibilidade de mais pessoas utilizarem novas tecnologias no cotidiano, como nos relacionamentos ou no trabalho.
Durante a pandemia, trabalhadores de diversos setores precisaram adaptar suas funções à internet. No setor da comunicação, a atualização no modo de trabalho ocorreu com a adoção do modelo home office ou utilização de escalas de trabalho nas redações. Segundo levantamento da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) realizado em todo o país, cerca de 75% dos profissionais da área estão trabalhando remotamente.
Para Andressa, o momento vivido em 2006 ilustra com sucesso a ressignificação de tecnologias já existentes. Ela também atribui tal característica ao momento atual de pandemia, no qual encontramos novas formas de trabalhar e nos comunicarmos, principalmente por meio da internet. “Tudo que a gente está usando agora, na pandemia, são recursos que a gente já tinha, só não sabíamos usar, tínhamos medo ou achávamos não ter capacidade financeira de usar”, finaliza.
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