Arrojado e sempre disposto a arriscar na sua profissão, Cláudio Thomas é jornalista formado em 1981 pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da PUCRS. Decidido em fazer curso superior desde 1974, Thomas ingressou na Famecos apenas em 1977, depois da experiência de escrever para a Gazeta do Sul. “Tínhamos um time de futebol amador na minha cidade, o Grêmio Esportivo 28 de Setembro, em Santa Cruz do Sul, e como eu era um péssimo jogador só me restou a função de repórter”, brinca. O profissional explica que começou a produzir notas sobre a equipe para o jornal, porém em pouco tempo elas se tornaram matérias maiores e, graças a isso, o diretor, Paulo Roberto Treib, convidou-o para escrever coluna sobre automobilismo.
O clima da faculdade é marcante para qualquer aluno, ainda mais um calouro. Para Thomas, o ambiente naquele ano era inesquecível. Em 1977 a ditadura militar ainda existia e a atmosfera era de apreensão. “Como todo jovem, sempre fui defensor das liberdades individuais e de imprensa. Mas tudo era motivo de aprendizado, principalmente para quem vinha do interior como eu”. Mesmo com a preocupação instalada no ar, a Famecos marcou a vida do comunicador. “Alguns professores, como Marques Leonan, Tibério Vargas, Aníbal Bendati, Iara Bendati, Antônio Gonzales, João Brito de Almeida, Carlos Alberto Carvalho, Dóris Hausen, Adalberto Preiss, entre outros, marcaram a minha história na universidade”, conta.
Segundo ele, os dois primeiros anos do curso eram com turmas conjuntas de todas as áreas da Comunicação Social: Relações Públicas, Publicidade e Propaganda e Jornalismo. Depois, nos dois anos finais, começou a parte prática, a “melhor parte do curso”, segundo ele. Destacando o bar da Famecos como ponto de encontro dos estudantes, Thomas revela a história de como conheceu a sua mulher, Rossani Thomas. “Éramos de turmas diferentes e de atuações completamente distantes no Centro Acadêmico. Mesmo assim, começamos a namorar em 1980 e estamos casados desde 1981. Ela também é jornalista, formada pela Famecos em janeiro de 1982″, conta.
A vida profissional de Thomas começou cedo. Ainda antes de se formar, o famequiano criou a assessoria de imprensa do Conselho Regional de Administração, onde trabalhava como auxiliar de escritório e fazia notas para os jornais. No entanto, segundo ele, estreou como jornalista apenas em 1980, como redator e editor na antiga Rádio Continental, de Porto Alegre. Depois, passou por Rádio Difusora, comprada pela Bandeirantes, Rádio Gaúcha, Jornal do Comércio, Correio do Povo, jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, e assumiu, em 1998, como editor-chefe do Diário Catarinense, em Florianópolis. Ficou até junho de 2009 em Florianópolis e depois foi transferido para o Diário Gaúcho, em Porto Alegre, como editor-chefe, onde permaneceu até ser desligado da empresa no dia 4 de novembro de 2011.
Além de trabalhar em redação jornalística, Thomas atuou como professor de rádio e de redação na Famecos e na Faculdade de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul. Ao longo dos anos, conciliou trabalho e estudo. O profissional realizou o curso do Master para Editores do Centro de Extensão Universitária de São Paulo, em parceria com a Universidade de Navarra, na Espanha, e especialização em Gestão pela Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais.
Mesmo com 37 anos de jornalismo em redação, Thomas atualmente desempenha função diferente da qual estava acostumado. Ele é diretor de imprensa do Governo de Santa Catarina e atribui a oportunidade no atual cargo aos contatos que obteve nos anos de jornal. “Quando deixei o cargo de secretário de Redação do Correio do Povo, em 1993, para assumir como editor-chefe do Pioneiro, em Caxias do Sul, muitos colegas criticaram a minha decisão, porque deixava um veículo importante para atuar no interior. Fui para Caxias com a convicção de que realizaria grande trabalho, capaz de me levar para outros desafios. Isto ocorreu quatro anos depois, quando fui convocado para assumir como editor-chefe do Diário Catarinense, em Florianópolis”.
Foi em Santa Catarina que o jornalista recebeu o convite para trabalhar com o governador Raimundo Colombo. “Viajei por todas as regiões de Santa Catarina. Conheci muitas lideranças empresariais e políticas. Uma delas foi o então deputado federal Raimundo Colombo, depois eleito e reeleito prefeito de Lages. Um dia, após ser desligado pelo Grupo RBS, fui contatado por pessoa ligada a Colombo fazendo o primeiro convite para que eu integrasse a equipe dele”, relata.
Com tantos anos de profissão, o diretor de imprensa revela que participou de grandes momentos no jornalismo. Na Rádio Difusora, atual Bandeirantes, teve a oportunidade de trabalhar ao lado do carismático e campeão de audiência Sérgio Zambiasi. Na Rádio Gaúcha, participou da transformação da emissora de rádio popular para rádiojornalismo 24 horas, sob o comando de Pedro Sirostky e Claiton Selistre. No Correio do Povo, envolveu-se na transformação do jornal em formato standart para tablóide, em 1987, ao lado de Marcelo Rech. Em Caxias do Sul, liderou a mudança do jornal Pioneiro em diário de integração regional, logo após ser incorporado pelo Grupo RBS, em 1993, ao lado do diretor-geral Luiz Fernando Zanini.
Além dos serviços em redação, Thomas destaca que fez parte da primeira turma de jornalismo da Universidade de Caxias do Sul, de 1994 a 1997. “Só tenho a agradecer a todas as oportunidades que tive nesses mais de 37 anos”, celebra. Sempre apaixonado pelo trabalho, ele enxerga o jornalismo como “sacerdócio”. “O nosso trabalho mudou muito nesses mais de 35 anos, mas os conceitos iniciais de ética e integridade profissional seguem os mesmos. Sempre disse e continuo repetindo que o nosso nome é a principal marca que carregamos. Devemos trabalhar sempre para que essa postura ética seja reconhecida por todos no mercado onde atuamos”, explica.
A faculdade marcou a vida de Thomas, que afirma sentir falta das pessoas com quem conviveu durante os quatro anos de curso. “Só tenho excelentes recordações da Famecos. A convivência com os professores e com os colegas foi fundamental na minha formação”, relata. O jornalista, junto com a esposa, decidiu criar um blog, em 2015, para relembrar as histórias de suas viagens. “Eu e a minha mulher gostamos muito de viajar. A página, que se chama Bloco de Viagem, funciona como válvula de escape para relembrar os bons momentos de viagens”, conta.
Para os atuais estudantes de Comunicação, o ex-aluno defende que sempre se deve atuar com ética e integridade e aconselha todos a irem atrás dos seus sonhos. “Quando adolescente, sempre sonhava em um dia trabalhar ao lado de profissionais como Flávio Alcaraz Gomes, Mendes Ribeiro, Armindo Antônio Ranzolin, Rogério Mendelski, Ana Amélia Lemos, entre outros. Tive a oportunidade de trabalhar e de conviver com todos eles”, concluiu.
*Victor Eduardo Siviero Alves. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário‘ do Portal Comunique-se e estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS).
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