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Transporte clandestino cresce no país durante a pandemia

Rio de Janeiro 25/6/2020 –

O transporte clandestino é um problema antigo que prejudica toda cadeia do transporte regular no país, mas, agora, representa mais do que isso: um risco à saúde pública em tempos de COVID-19.

Mesmo com a suspensão de operação imposta em algumas cidades e Estados pelo poder público, a partir de março deste ano, transportadores irregulares e clandestinos seguem levando passageiros por todo país, em ônibus, utilitários e carros. Se antes sua ação era camuflada pelo fluxo das estradas, agora o vai e vem ficou exposto e os flagrantes aumentaram. Diversos casos de passageiros contaminados desembarcando de ônibus clandestinos, nos últimos dois meses, em São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro entre outros Estados, chamaram a atenção da imprensa e da opinião pública.

A urgência deste tema é notória. Para discutir soluções para o problema, representantes da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros – ABRATI e da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT se reúnem nesta quinta (25/06), à tarde, em uma reunião virtual fechada.

As empresas rodoviárias de transporte regular apontam os prejuízos ao setor já que a operação das linhas não representa apenas uma burocracia e sim o atendimento a compromissos com a legalidade, segurança, geração de emprego formal e ainda, agora, a implantação de protocolos sanitários que reduzem os riscos de contágio do novo coronavírus durante a viagem. As operadoras de terminais rodoviários também reportam prejuízos já que investem regularmente nas instalações, serviços e segurança de seus usuários assim como promoveram diversas adequações sanitárias contra a COVID-19. Os terminais rodoviários das principais capitais possuem sinalização nos assentos, pisos e outros locais sobre o distanciamento, a desinfecção regular das instalações, álcool em gel à disposição assim como funcionários treinados e usando EPIs apropriados.

Números do Setor (fonte: ABRATI):

– O setor transporta 50 milhões de passageiros/ano e fatura aproximadamente R$ 7 bilhões/ano. Em 2020, o setor viveu dois momentos: um, na segunda quinzena de março,com os primeiros dias das medidas de isolamento social e suspensão das viagens em várias cidades e que representou queda de 70% de passageiros embarcados ou, em números absolutos, menos 3 milhões de passageiros/mês. Depois, o segundo momento ocorreu quando as medidas restritivas à circulação foram enrijecidas e, até mesmo, decretado lockdown em algumas regiões. Nesse momento, houve 95% de queda na receita do setor;

– Estima-se que o setor rodoviário tenha perdido cerca de 1,6 bilhões de reais até a presente data, muito embora as perdas deverão ser sentidas até o fim no ano, já que os festejos juninos, as férias de julho, todos esses marcos de receitas certas do transporte interestadual estão cancelados pelo país;

A ABRATI acredita que, com a flexibilização da quarentena em algumas cidades e a adoção de protocolos de biossegurança nas empresas de ônibus, será possível reconquistar parte da demanda de passageiros. De acordo com a associação, as empresas estão investindo muito em pesquisas de produtos e equipamentos de higienização para tranquilizar os passageiros do ponto de vista de saúde, além do mais, a aposta de que o custo benefício do rodoviário será muito atrativo para destinos regionais, viagens curtas, ecoturismo, todos bem-vindos no pós-pandemia já que a retomada será por terra e via turismo nacional.

Mas, por outro prisma, alguns postos de trabalho já foram afetados. Percebe-se que alguns grandes grupos já demitiram. “Há necessidade de que a segurança da formalidade e a regularidade sejam privilegiadas, pois a todas essas sequelas somam-se agora à questão de saúde pública quando se permite a liberdade do serviço clandestino, que eventualmente vem travestido de intermediação, plataformas de vendas digitais, carona solidária, transporte alternativo, diversos nomes que ao final significam a mesma pirataria de sempre”, conclui Letícia Pineschi, conselheira da ABRATI que mediará o encontro de amanhã.

Website: http://www.abrati.org.br

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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