Tratamento experimental com células-tronco ajuda a controlar epilepsia grave

A utilização de células-tronco para o tratamento da epilepsia é alvo de pesquisas da há bastante tempo. O estudo foi apresentado no Congresso da Academia Americana de Neurologia em Denver, Colorado, que aconteceu em abril de 2024, e comprova a eficiência deste tratamento para casos graves da doença.

Foram implantados neurônios inibitórios obtidos a partir de células-tronco em pessoas com epilepsia do lobo temporal por esclerose mesial temporal, uma das causas mais frequentes de epilepsia refrataria ao tratamento medicamentoso. O implante foi realizado por procedimento cirúrgico e essas pessoas precisaram ficar em uso de imunossupressores para evitar rejeição das células transplantadas.

Os resultados são preliminares, mas promissores. Dos cinco pacientes submetidos ao tratamento até o momento, as respostas foram significativas em dois deles que tem maior tempo em acompanhamento, com redução de mais de 90% das crises mais graves, que levavam a perda de consciência.

Os pesquisadores também relataram a melhora em alguns pacientes com relação a memória. Até o momento não foram vistos efeitos adversos graves relacionados ao tratamento, mas é importante ressaltar que se trata de um estudo preliminar, com poucos pacientes, em que o implante é feito por meio de um procedimento cirúrgico e é necessário uso de medicamentos para reduzir a imunidade para que as células não sejam rejeitadas.

O estudo é patrocinado pela Neurona Therapeutics, originária dos Estados Unidos, e a ideia é que na primeira fase um total de 10 pessoas recebam esse tratamento. “Dados como esse trazem novas perspectivas de tratamentos para pessoas com epilepsia no futuro, visando melhorar a qualidade de vida de quem sofre com a doença e seus familiares”, afirma Dr. Lécio Figueira Pinto, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE). “Por volta de 30% das pessoas com epilepsia não respondem aos tratamentos convencionais”, reforça.

É importante ressaltar que, apesar das evoluções científicas, muitas pessoas ainda não possuem acesso a um tratamento adequado e básico no Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, é necessário mais investimento e a criação de uma estrutura de atendimento que comporte a demanda da população.

Sobre Associação Brasileira de Epilepsia

A ABE é uma Associação sem fins lucrativos que se estabeleceu como organização para divulgar conhecimentos acerca dos tipos de epilepsia, disposta a promover a melhora da qualidade de vida das pessoas que convivem com a doença. Integra o International Bureau for Epilepsy e é composta por pessoas que têm epilepsia, familiares, neurologistas, nutricionistas, advogados, assistentes sociais, pesquisadores e outros profissionais. Atua formando grupos de autoajuda, facilitando a reabilitação profissional, lutando pelo fornecimento regular de medicamentos nos postos de saúde e hospitais públicos, além de batalhar, incansavelmente, pelo bem-estar das pessoas que convivem com a doença e pelo fim dos estigmas e preconceitos sociais.

Compartilhe
0
0
DINO

Recent Posts

Evento em São Paulo destaca excelência operacional

Conferência internacional da Consultoria Staufen reuniu centenas de executivos para discutir como melhorias operacionais impactam…

52 minutos ago

SLB OneSubsea obtém contrato para o projeto de águas profundas Kaminho da TotalEnergies

Desenvolvimento de campo colaborativo para lançar o primeiro projeto offshore de pré-sal da Bacia do…

3 horas ago

Inscrições abertas para o III Congresso Mulheres da Energia

O evento desembarca em São Paulo, no dia 26 de agosto, e promete se destacar…

5 horas ago

SISQUAL® WFM lança dois produtos na Feira Hospitalar 2024

A empresa atua com software de gestão da força de trabalho e fez o lançamento…

5 horas ago

Serviços funerários vão além do velório e enterro

O trabalho das funerárias não se limita à preparação dos corpos e dos ritos de…

5 horas ago