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Traumas Mamilares são a Maior Queixa Durante a Amamentação

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Traumas mamilares estão entre as principais dificuldades enfrentadas por puérperas nos três primeiros dias após o parto. É o que aponta um estudo feito por pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Elas revisaram artigos científicos publicados sobre o assunto entre 2010 e 2019, e identificaram que as principais queixas das mães eram relacionadas a escoriações, fissuras e vermelhidão nos seios durante o puerpério.  

“A amamentação é um período maravilhoso, importantíssimo para a criação de vínculo entre mãe e bebê. Mas é importante que essa mãe saiba que, no início, não é natural nem instintiva. Ela precisa de uma ajuda, de uma boa rede de apoio, (precisa) saber que são comuns as fissuras no início da amamentação e que ela pode ter dor”, disse a pediatra Patrícia Fábregas.

A especialista destaca a importância de a mãe, desde a gestação, já ter conhecimento dessas questões para que sejam mais facilmente superadas. Segundo ela, a rede de apoio é essencial para que a amamentação proporcione uma experiência ainda melhor com o filho.

“É importante contar com um profissional que te ajude com essa questão da pega correta, para tentar evitar escoriações e fissuras. Assim, você terá momentos mais prazerosos com o seu filho durante a amamentação”, explicou a pediatra.

Os traumas mamilares acabam influenciando diretamente a experiência do aleitamento materno, e são apontados como alguns dos principais fatores de risco para o desmame precoce. Nesse sentido, o estudo das pesquisadoras da UFMG ganha ainda mais relevância, uma vez que ajuda as mães a compreenderem esses desafios e não interromperem a amamentação precocemente.

A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde recomendam a amamentação exclusiva durante os seis primeiros meses de vida do bebê. Isso porque o leite da mãe, além de proteger os recém-nascidos de alergias e infecções, atua diretamente no desenvolvimento saudável da criança, sendo um agente importante para a formação dos órgãos. Além disso, reduz sangramentos no pós-parto das mães, a probabilidade de câncer de mama e facilita a retomada do útero ao seu tamanho normal.

Embora o aleitamento materno exclusivo tenha inúmeros efeitos benéficos, o desmame precoce, no Brasil, é um problema de saúde pública que merece atenção especial. Somente duas em cada cinco crianças com menos de 6 meses de idade são amamentadas exclusivamente, de acordo com o estudo ‘Alimentação na Primeira Infância’, feito pela Unicef.

“O bebê não aprende a mamar sozinho. Ele precisa ser ensinado. Nesse princípio de pega, de aprendizado, a mãe pode começar a enfrentar dificuldades quanto à posição, à pega, ao saber o quanto ele está mamando, porque ela começa a ficar muito insegura se o colostro do início do aleitamento materno é suficiente para manter o bebê nutrido e bem alimentado”, disse a Dra. Simone Ramos, pediatra especialista em cuidados pré-natal.

Pega é o principal causador de machucados

O estudo feito pelas pesquisadoras da UFMG mostra que a dificuldade da pega das mamas é um dos principais fatores associados aos traumas mamilares. Sendo assim, ter o conhecimento ideal sobre a técnica correta de amamentação favorece a prevenção de dor e de fissuras, além de reduzir a probabilidade de interrupção do aleitamento materno por complicações.

“Quando o bebê começa a mamar e a mãe tem dor, ela deve começar de novo e colocá-lo em outra posição, para que o bebê troque o lugar em que ele está pegando”, orienta a Dra. Simone Ramos, que também recomenda que esse processo seja feito até que o bebê acerte a pega da mama e a mãe não sinta mais incômodos. “Se ela ainda tiver dificuldade, deve procurar pela ajuda de uma consultora em aleitamento materno ou de um pediatra”, completou.

Além disso, a pediatra Patrícia Fábregas contraindica o uso de pomadas ou de outros medicamentos para tratar as fissuras. Isso porque alguns desses produtos podem piorar os machucados, como é o caso da lanolina, que ainda é muito procurada pelas lactantes. Ela explica que esse tipo de óleo ajuda a hidratar o mamilo, porém, o deixa mais sensível.

“Quando o bebê abocanha aquele seio que está muito hidratado e oleoso, a boquinha simplesmente escorrega e ele, ao invés de pegar o bico e a aréola, ele vai pegar somente o bico, o que aumenta a incidência de fissura. E como ele pega errado, inclusive, também prejudica a produção de leite, porque quanto melhor a pega do bebê, melhor a produção.

Como tratar as fissuras

Segundo a Dra. Patrícia Fábregas, além da boa pega como método de prevenção, o próprio leite materno é o mais indicado para o cuidado com os machucados.

“Depois de amamentar, a mãe vai passar o próprio leite materno ali no seio e deixar arejar um pouquinho. Hoje em dia, a gente não estimula que a mãe ande com protetores nos seios porque eles acabam enchendo de leite, ficam úmidos, e a umidade não combina com a cicatrização desses machucados”, explica a pediatra.

Entre outras recomendações da especialista para a cicatrização, estão as compressas caseiras com chá de camomila gelado “porque acalmam o seio” e os tratamentos a laser feitos pelas consultoras de amamentação em domicílio.  

Outras dificuldades comuns enfrentadas por lactantes

O Ministério da Saúde divulgou um material com os principais desafios do aleitamento materno e com as recomendações do que pode ser feito para superar cada uma dessas dificuldades. É importante destacar que, mesmo nos casos em que o problema persiste, é preciso procurar o acompanhamento médico e não interromper o aleitamento materno.

Entre as situações levantadas pela pasta do governo, estão:

  • A demora na “descida do leite”;
  • Criança com dificuldade para sugar;
  • Mamilo plano ou invertido;
  • Mamilos doloridos e/ou machucados;
  • “Leite empedrado”;
  • Mastite (inflamação das mamas);
  • Bloqueio de ductos lactíferos (leite retido em alguns canais da mama);
  • Pouco leite”;
  • Hiperlactação (excesso de leite).

A orientação das especialistas é de que, nos casos em que as mães tenham algumas dessas dificuldades durante a amamentação, procurem por uma consultora especializada.

Também é importante lembrar-se que as orientações acima não substituem uma consulta médica. Consultar um profissional de saúde especializado é fundamental para obter orientações individualizadas.

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