Em tributo ao jornalista Alberto Dines, a TV Brasil apresenta uma edição especial do programa ‘Recordar é TV’ nesta quinta-feira, 24 de maio, às 22h45.
Professor universitário, biógrafo e escritor, Alberto Dines lançou o Observatório da Imprensa na internet em 1996. Dois anos depois, em 5 de maio de 1998, estreou o programa homônimo na TVE do Rio de Janeiro, atual TV Brasil. Na atração, Dines analisava criticamente os jornais no país. Com mais de 800 edições, a produção ficou no ar por 18 anos até o início de 2016.
A homenagem que vai ao ar esta semana pela emissora pública reúne trechos da entrevista que Alberto Dines concedeu ao programa ‘3 a 1’, da TV Brasil, em 2012 e um vídeo que a equipe de produção do programa Observatório da Imprensa realizou no mesmo ano para celebrar os 80 anos do jornalista.
O saudoso profissional de imprensa faleceu em São Paulo, aos 86 anos, na manhã desta terça-feira, 22, por complicações respiratórias. Dines foi vítima de uma gripe que se agravou para pneumonia. O jornalista estava internado há dez dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Alberto Dines redigiu diversos livros sobre a comunicação e o jornalismo. Uma das passagens mais destacadas de sua carreira foi como editor-chefe do Jornal do Brasil entre 1962 e 1973. Na época, aperfeiçoou o veículo e publicou capas histórias.
Em sua trajetória, Alberto Dines atuou em diversos órgãos de imprensa como as revistas Manchete, Fatos e Fotos, Visão e Cena Muda. Também trabalhou nos jornais Última Hora (RJ), Diário da Noite (RJ), Folha de S. Paulo e O Pasquim. Dines ainda foi secretário editorial da Editora Abril e um dos responsáveis pela versão portuguesa da revista Exame.
Na vida acadêmica, criou a cadeira de jornalismo comparado da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) em 1963. Alberto Dines também traçou carreira no exterior onde escreveu a biografia Morte no Paraíso – A Tragédia de Stefan Zweig. A obra é dedicada à memória do escritor austríaco e publicada pela primeira vez em 1981.
A partir dos anos 1990, dedicou-se ao estudos sobre o jornalismo, sendo o Observatório da Imprensa uma de suas principais realizações. Pioneiro na crítica da imprensa e da mídia, Alberto Dines deixa um legado para a comunicação.
Ao completar 80 anos de vida e 60 de carreira em 2012, Alberto Dines concedeu entrevista ao programa ‘3 a 1’ da TV Brasil. A atração é recuperada agora pelo ‘Recordar é TV’. Na ocasião, o jornalista foi entrevistado por outros três jornalistas. Fernando Molica, Ana Arruda Callado e o apresentador Luiz Carlos Azedo foram os sabatinadores.
“O jornalismo foi me pegar, não era a minha primeira opção”, comentou o experiente profissional. Durante o programa, ele contou que queria fazer cinema. “A minha vida interior era o cinema. Continuo sendo um cineasta frustrado. Sou cinéfilo. Amo o cinema. Continuo achando que é uma arte total”. Dines fez ainda outra revelação. “O que eu queria encontrar no cinema acabei encontrando no jornalismo”.
Considerado um dos mais conceituados jornalistas do país, Alberto Dines falou sobre o começo da sua carreira e as grandes mudanças presenciadas na imprensa. O papel do jornal impresso na época da internet é outro assunto que foi tratado. “A comunicação digital é uma ferramenta para fazer um bom jornalismo, mas não substitui a veiculação, sobretudo a veiculação periódica”, avaliou.
Com mais de 800 edições entre maio de 1998 e fevereiro de 2016, o programa ‘Observatório da Imprensa’ era apresentado pelo jornalista Alberto Dines. Ele também era o editor-chefe da atração.
A proposta da atração da emissora pública era analisar de forma crítica o desempenho da mídia a partir de assuntos que estavam em destaque na imprensa. Transmitido ao vivo, o ‘Observatório da Imprensa’ tinha a participação de convidados no estúdio no Rio de Janeiro e também edições especiais.
Em 18 anos na telinha, o programa da TV Brasil recebeu convidados ilustres como o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o antropólogo argentino Nestor García Canclini e o escritor cubano Leonardo Padura. Centenas de profissionais da imprensa brasileira e estrangeira participaram dos debates sobre a mídia.
A produção abria com o ‘A Mídia na Semana’. Era quadro sobre o que aconteceu no Brasil e no mundo, as primeiras páginas dos principais jornais do país e as charges críticas. Seguia com o editorial do Dines, que examinava o assunto principal do programa.
Logo após, os convidados eram apresentados ao público. O tema da edição se inseria no bate-papo por meio de reportagem ilustrada com entrevistas feitas com jornalistas e especialistas no Brasil e no exterior.
Em seguida, começava o debate com os convidados em estúdio. Correspondentes estrangeiros também analisavam o assunto a partir do exterior. Durante o programa, o público participava com perguntas e comentários por meio de telefone, chat, e-mail, site e redes sociais.
Além das edições semanais factuais ao vivo, o ‘Observatório da Imprensa’ realizava anualmente diversos programas especiais gravados no Brasil ou no exterior. As edições tinham ampla pesquisa histórica, tratamento estético e montagem diferenciada. Em algum casos, esses programas resultaram em kits de vídeos que foram oferecidos a universidades de jornalismo e a pesquisadores.
‘Recordar é TV – Especial Alberto Dines’ – quinta-feira, 24, às 22h45, na TV Brasil.
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