“O representante do Estado tentou impedir a venda do livro. A publicação virou febre e a edição logo se esgotou. Uma nova foi rapidamente providenciada pela editora que não esperava ganhar tanto dinheiro”. Portal Comunique-se publica artigo do mestre Heródoto Barbeiro
O representante do Estado tentou impedir a venda do livro. A publicação virou febre e a edição logo se esgotou. Uma nova foi rapidamente providenciada pela editora que não esperava ganhar tanto dinheiro. Para variar o caso foi parar no poder judiciário e as decisões, liminares ou não, se alternaram. Com isso o livro e suas cenas mais eróticas se tornavam no melhor marketing que uma empresa poderia desejar. Levar o editor ou a editora para julgamento?
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A cena principal de sexo machucava a alma dos conservadores que argumentavam que a obra poderia cair nas mãos de jovens e crianças que não estariam suficientemente preparadas para o tema e sua complexidade. A verdade é que a sociedade moderninha que se estruturava no país não resistiu a uma simples publicação e a polêmica atravessou lares, escolas, igrejas de várias denominações, gabinetes de políticos, ante sala de governantes até estacionar nos meios de comunicação. Afinal o tal livro tinha alguma valor literário ou era apenas mais um panfleto para ser lido de transversal e ser mandado para a reciclagem.
O caso deixou claro que a tal revolução dos costumes anunciada pelo país não resistiu a uma publicação. É verdade não era o primeiro caso de censura literária. Ao longo do tempo alguns autores de todos os matizes enfrentaram a censura entre eles, Aldous Huxley e o Admirável Mundo Novo; Mark Twain e As Aventuras de Huckleberry Finn; Benito Mussolini e A Amante do Cardeal; Jean Paul Sartre e a Idade da Razão; Harriet Beecher Stowe e A Cabana do Pai Tomás; Voltaire e o Cândido…
“A verdade é que a sociedade moderninha que se estruturava no país não resistiu a uma simples publicação e a polêmica atravessou lares (…) até estacionar nos meios de comunicação” (Heródoto Barbeiro)
Jean Jacques Rousseau e Confissões; José Saramago e o Evangelho Segundo Jesus Cristo; Aristófanes e a Greve do Sexo; William Shakespeare e Hamlet; Monteiro Lobato e a História do Mundo para Crianças; Alexandre Dumas e o 3 Mosqueteiros; Nikos Kazantzakis e A Última Tentação de Cristo; Alan Kardec e o Livro dos Espíritos; Wladimir Lenin e o Imperialismo Etapa Superior do Capitalismo; Karl Marx e O Capital…. A coleção de obras censuradas é imensa e poderia com folga preencher as estantes de uma feira do livro das maiores cidades brasileiras.
O público se dividiu entre os conservadores que pregavam a moral e os bons costumes e os liberais que se rebelavam contra qualquer tipo de censura. Os xingamentos viam de todo lado. Interessante lembrar que as referências sexuais, segundo estudiosos não era o que mais incitava a polêmica. Era evidente que apesar do avanço da sociedade ela continuava tão conservadora como antigamente e era fácil perceber que não era tão fácil ou possível girar a era vitoriana de dentro do povo.
“O público se dividiu entre os conservadores que pregavam a moral e os bons costumes e os liberais que se rebelavam contra qualquer tipo de censura” (Heródoto Barbeiro)
Esse período histórico predominou não só na sociedade inglesa, mas se espalhou pelo mundo e estabeleceu valores cuja característica mais predominante é saber se comportar de maneira apropriada e conservadora, implicando todo e qualquer machismo dentro dessa expectativa. Finalmente a corte decidiu que a editora Pinguin não tinha cometido nenhum crime e estava livre para vender O Amante de Lady Chatterley, que o autor D.Lawrence havia publicado na Itália 30 anos antes. A decisão ocorreu em 1960 o mesmo ano que um conjunto musical de Liverpool publicava o seu primeiro álbum.