Opinião

Um jornalista, 10 Copas: expectativas para a Rússia 2018

Com a experiência de quem na Rússia passa a somar 10 Copas do Mundo no currículo, Eraldo Leite fala de suas expectativas para a nova edição do evento futebolístico. O jornalista da Rádio Globo brinca de ser Tite e dá dica a quem for acompanhar os próximos mundiais. Confira a terceira e última parte da entrevista especial produzida pela reportagem do Portal Comunique-se

A Copa do Mundo da Rússia começou nesta quinta-feira, 14. Além dos torcedores do país-sede, que viram a equipe da casa golear a Arábia Saudita por 5 a 0, um jornalista brasileiro também teve o que comemorar no frio solo russo. Ao comentar a partida pela Rádio Globo do Rio de Janeiro, Eraldo Leite deu início à cobertura de seu décimo mundial de futebol. Isso mesmo, o jornalista brasileiro soma 10 Copas  na bagagem (sempre acompanhando in loco).

Devido à experiência adquirida desde 1982, Eraldo Leite se reserva ao direito de dar pitacos à convocação feita pelo técnico Tite. Para ele, a mudança deveria ir além do corte do meia-atacante Taison. Além de brincar de treinador do time brasileiro, o comunicador comenta o favoritismo de Neymar & equipe e fala do uso do árbitro de vídeo no torneio. Na parte ligada à profissão, ele dá dica a jovens colegas e revela os amigos que fez ao longo da cobertura de tantas Copas. Por fim, fala do que os ouvintes da Rádio Globo do Rio de Janeiro podem esperar dele na Rússia.

Um craque. O outro é o Ronaldinho Gaúcho. Entrevista em meio à Copa de 2006 (Imagem: arquivo pessoal/Eraldo Leite)

Confira a parte III da entrevista com Eraldo Leite:

EXPECTATIVAS PARA RÚSSIA 2018

A seleção brasileira surge como favorita ou uma das favoritas para conquistar a taça de campeã na Rússia? Quais os principais fatores quem podem fazer o Brasil ganhar ou perder a Copa do Mundo?
O Brasil se apresenta como um dos grandes favoritos. Tite deu um padrão de jogo e nosso time é respeitado pelas outras seleções. Mas futebol tem o imponderável. Contusões, erros de arbitragem, falhas da defesa podem mudar o rumo dos acontecimentos num jogo de mata-mata. Se der a lógica, o Brasil faz a final com a Alemanha.

Brincando de Tite: se você fosse o técnico da seleção brasileira, quais seriam os 23 convocados? Dos jogadores que acabaram de fora, quais, na sua opinião, foram as maiores injustiças?
Eu trocaria 4 jogadores. Vanderlei, em lugar de Cássio; Arthur, em lugar de Fred; Luan, em lugar de Taison; e Diego em lugar de Fernandinho. Acho que a seleção tem poucos jogadores que atuam no Brasil e muitos que jogam fora e perderam uma certa identificação com o torcedor brasileiro.

“Com a TV mostrando todos os lances por cinco, seis ângulos diferentes, os árbitros ficaram muito expostos”

A Copa da Rússia contará com o chamado árbitro de vídeo. Acredita que esse recurso será positivo para o futebol? Por falar em arbitragem, quais os piores erros cometidos por juízes em um mundial que você se lembra?
Com a TV mostrando todos os lances por cinco, seis ângulos diferentes, os árbitros ficaram muito expostos e não dá para ignorar a necessidade do árbitro de vídeo. Eles vão corrigir alguns erros, mas não todos. O futebol nunca será um esporte totalmente justo. Um dos mais graves que me lembro foi o gol de cabeça de Zico, anulado quando ele já estava no ar para cabecear a bola e o juiz encerrou o jogo.

Imprensa e jogadores reunidos em 1998. Arnaldo Cezer Coelho, Edmundo, Eraldo Leite e Leonardo (Imagem: arquivo pessoal/Eraldo Leite)

Dez Copas do Mundo: quais os amigos da imprensa que você fez justamente durante as coberturas de mundiais? Com a sua experiência, quais as dicas que você dá – principalmente para os colegas brasileiros – a quem irá cobrir sua primeira Copa? Quais erros não podem ser cometidos?
Durma pouco e trabalhe muito. Pense pouco nos problemas que deixou no Brasil (outras pessoas os resolverão) e se concentre em fazer o melhor trabalho possível. Fiz muitos amigos de fora do Rio de Janeiro. São os casos de Vanderlei Nogueira (São Paulo), Roberto Abras (Belo Horizonte), Darci Filho (Porto Alegre) e tantos outros. Os amigos do Rio já eram amigos no dia a dia.

“Vou ficar em Moscou, com um olhar mais amplo para a Copa como um todo. Pretendo buscar informações curiosas, fatos relevantes, mas que não digam respeito apenas à seleção brasileira”

Como nos últimos mundiais, você cobrirá a Copa da Rússia pela Rádio Globo. Quais os materiais especiais que você pensa em preparar para a emissora? E para os ouvintes: o que eles podem esperar de diferente e exclusivo da cobertura de mais uma Copa do Mundo?
Sim, pela Rádio Globo, onde estou desde 1996. Vai ser uma Copa diferente para mim, pois nas outras nove eu tinha a missão de cobrir a seleção, seguia os passos do time brasileiro e não podia deixar escapar nenhuma informação. Agora, vou ficar em Moscou, com um olhar mais amplo para a Copa como um todo. Pretendo buscar informações curiosas, fatos relevantes, mas que não digam respeito apenas à seleção brasileira.

Por falar em informações curiosas…

Na Rússia, Eraldo Leite promete abastecer os ouvintes da Rádio Globo com informações curiosas. Em 1986, porém, ele acabou sendo protagonista de uma história um tanto quanto curiosa. No afã de cobrir um jogo do Brasil em Guadalajara, ele virou caso de polícia. A pedido da reportagem do Portal Comunique-se, gravou um vídeo relembrando o episódio.

Um jornalista das Copas e do meio rádio

Outro fato curioso envolvendo o jornalista brasileiro é de que das 10 Copas do Mundo que acompanhou, 10 foram trabalhando por alguma emissora de rádio do Rio de Janeiro. Antes da Rádio Globo, Eraldo Leite passou pela Nacional e pela Super Rádio Tupi.

10 Copas em imagens

Eraldo Leite concedeu fotos dos mundiais que acompanhou de perto. Veja a galeria:

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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