Opinião

Uma breve história da TV Manchete — por Edson de Oliveira

Não sei o que eu estava fazendo de tão importante para não ter assistido a ‘Pantanal’, novela de Benedito Ruy Barbosa que a extinta TV Manchete exibiu entre março e dezembro de 1990.

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Eu até que poderia dizer que foi por causa de ‘Rainha da Sucata’, folhetim que a Globo levou ao ar no mesmo período em que sua incômoda concorrente com nome de revista exibiu o dela, mas naquela época eu já não era tão noveleiro como era quando não tinha televisão, assistindo na casa dos outros.

Mas deixemos a novela para quem, a partir da data de publicação deste texto, começa a assistir a ela, porque, desta vez, vamos falar da Manchete, canal de tevê que existiu de 1983 a 1999.

Na verdade, quem tirou da memória a breve trajetória da emissora fundada pelo empresário ucraniano Adolpho Bloch foi meu velho amigo cinéfilo Clodoaldo Gomes dos Santos, que, ao ser chamado a gravar um novo áudio falando sobre um dos programas da Manchete que mais curtimos, ele acabou me fazendo um registro melhor do que eu esperava, deixando para mim apenas o trabalho de transcrever a gravação e fazer um, como diz meu amigo, “check this out”, [como se lê entre colchetes].

Ver um ‘Star Wars’ em uma tevê recém-inaugurada, eu achei, não sei se no momento em que aconteceu, não sei se posteriormente, uma grande ousadia.”

Então, nós falávamos dos canais de tevê que nós conhecíamos, que nós conhecemos no passado, canais que nós não vimos aparecendo, eu pelo menos não vi. Você falou do fim da antiga TV Tupi. Eu talvez tenha visto essa TV Tupi, mas não me lembro do fim dela. Eu me lembro, sim, de algumas coisas interessantes sobre a história da tevê. Uma delas foi a cisão entre a Record e o SBT, o SBT apareceu como se fosse a costela de Adão da Record. Em certo momento, que não sei precisar quando foi, e por determinada razão, que também não sei dizer qual foi, o SBT, antigamente, TVS, ou vai ver que até, ainda, agora TVS, mas isso só aqui, no ambiente de São Paulo, não sei, ele apareceu dividindo parte da programação dele, quer dizer, a programação que era transmitida na Record, em certo momento, também estava sendo transmitida na TVS.

Acho que algumas pessoas certamente vão se lembrar disso daí, não sei se é da sua lembrança esse ponto. Mas eu me lembro, hoje já com dúvida se isso aconteceu mesmo, hoje já com aquela sensação de que talvez eu tenha pensado que foi desse jeito e não foi, eu me lembro de ter visto as transmissões da TVS nos domingos de manhã sendo as mesmas da TV Record nos domingos de manhã. É mais um item para um “check this out”.

Eu me lembro desse ponto, em particular, do aparecimento do canal do tio Sílvio, assim como me lembro muito melhor ainda, com mais entendimento, do aparecimento da TV Manchete. E você lembrou bem, depois da TV Manchete, dentro dessa gama de canais abertos, tevê aberta, embora nós não estejamos nos referindo à existência dos canais de UHF, que certamente também são canais de tevê aberta, mas isso nós podemos deixar para um capítulo adiante, você se lembrou da RedeTV!, que teria, acho, se aproveitado das instalações da antiga TV Manchete para fazer operar um canal de televisão que fosse paulista, um canal de televisão que na origem fosse paulista, não sei se é isso mesmo que é o ponto de partida da RedeTV!. De qualquer jeito, você se lembrou bem, nós tivemos a oportunidade de ver mais um aparecimento de canal, que foi o da RedeTV!.

Lá nos primeiros tempos da Manchete, ainda hoje eu tento entender isso, achei curioso que tenha sido desse jeito, mas, lá nos primeiros tempos, eles abriram com força, com bastante fogo. Eles exibiram, logo de cara, dois filmes, naquele momento, bastante recentes do repertório hollywoodiano, eles vieram exibindo ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’ e, logo em seguida, ou até antes disso, não sei, eles exibiram ‘Star Wars’ (‘Guerra nas Estrelas’), que, com o passar do tempo, nós passamos a conhecer como ‘Episódio IV: Uma Nova Esperança’. Não sei se na origem o criador da série, o George Lucas, e o pessoal com quem ele trabalhou já tinham essa definição, de que ‘Star Wars’, o primeiro que apareceu e o quarto na divisão da história, se eles já tinham a definição de que aquele se chamaria ‘Uma Nova Esperança’.

Eu não sei se, logo de cara, pensei nisso ou se demorou um tempo para eu adquirir essa noção, eu acho que foi uma grande ousadia da parte da TV Manchete exibir, simplesmente, um dos campeões de bilheteria da década anterior, e era um dos campeões de bilheteria de quatro ou cinco anos antes, apenas isso. Quer dizer, a TV Manchete estreou aqui no Brasil, acho, para valer mesmo, em 84, ou em 83, final de 83 [junho]. Para termos da vida provinciana que nós levávamos e que era uma vida toda baseada, naquele momento, na dependência que tínhamos da tevê, ver um ‘Star Wars’ em uma tevê recém-inaugurada, eu achei, não sei se no momento em que aconteceu, não sei se posteriormente, uma grande ousadia.

A TV Manchete veio com um novo pique para a tevê”.

Não vou falar a mesma coisa sobre ‘Contatos Imediatos’ porque ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’ é um grande filme, um filme impressionante, um filme que talvez ainda valha o esforço de alguém prestar mais a atenção, tentando entendê-lo melhor, embora a crítica especializada já tenha dedicado bastante atenção a esse filme, mas o fato é que ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’, naquele momento, não tinha talvez essa força toda que o tempo acabou conferindo a ele.

Veja como o tempo é precioso, o tempo fez ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’ se tornar um filme talvez até mais importante do que o original, ‘Guerra nas Estrelas’, o primeiro do ‘Guerra nas Estrelas’. Vai ver que, porque George Lucas resolveu transformar a saga de ‘Guerra nas Estrelas’ em uma coisa interminável, vai ver que, por causa disso, a própria série de filmes acabou perdendo parte daquele valor que tinha lá, no começo dos anos 80. Também um item para merecer um “check this out”.

Então, a Manchete veio com toda aquela força. Inclusive o logo da Manchete, aquele M, em que cada nó do M era preenchido com uma esfera, aquele logo da Manchete, ele usou, ao longo do tempo de existência do canal de tevê, ele usou o tema espacial, ou o tema extraterreno, ou o tema humano, de vontade de contato com os extraterrestres, de ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’. Naquela época, nós não tínhamos talvez essa capacidade crítica que fomos adquirindo ao longo do tempo, não sei se é verdadeiramente uma capacidade crítica ou uma metidez, uma presunção fora dos planos do que nós poderíamos exercer dentro da nossa realidade, não sei.

Bem, a TV Manchete, naqueles anos iniciais, eu sei que tudo isso merece uma revisão, merece um tira-provas, “Vamos ver se o que ele está falando é isso aí mesmo, vamos ver se existe alguma razão no que ele está dizendo”, mas a TV Manchete veio com um novo pique para a tevê. Apesar de a programação ser bem reduzida, eu acho que a programação ia ao ar a partir de certa hora da manhã, não era nem na madrugada que a tevê entrava no ar, acho que era de manhã, a TV Manchete veio com um pessoal novo, um pessoal diferente, e toda a programação fundada lá no Rio de Janeiro, apesar de ter aqui uma unidade própria, aqui em São Paulo, que, salvo engano, ficava ali na Casa Verde, eu não vou me lembrar o nome da rua [Avenida Professora Ida Kolb] ali em que a TV Manchete tinha um escritório próprio, não sei se era um estúdio também, o caso é que eu gostava tanto do lance novidade quanto gostava também do que eles estavam produzindo para ocupar os horários deles.

O ‘FMTV’ foi justamente o programa de celebração do Michael Jackson aqui no Brasil.”

Eles tinham programa de videoclipes, como nós já tínhamos conversado anteriormente, e aí, sim, a partir deste momento, eu estou retomando aquele áudio que espero poder recuperar nas condições em que eu havia gravado, senão, infelizmente, vai ter de ser este remendo aqui que estou produzindo agora. Lá naquele passado, eles vieram, então, com um programa musical, um programa de videoclipes, eles tinham lá os jornalísticos deles, entre eles, o ‘Manchete Esportiva’, que dava uma cobertura toda especial para os times do Rio de Janeiro, eles tinham o ‘Jornal Nacional’ deles, que era o ‘Manchete em Notícia’, qualquer coisa do tipo, uma coisa assim [‘Jornal da Manchete’], eles tinham um programa chamado, acho, ‘Panorama’, ‘Manchete Panorama’, ‘Panorama da Manchete’, qualquer coisa do gênero [‘Manchete Panorama’], e isso aí ao longo da noite, até eles conseguirem cansar a audiência.

O que motivou nossa conversa no passado, esse áudio que eu fui chamado a recuperar, foi justamente o ‘FMTV’, que era um programa de videoclipes, ele não era parecido com nenhum programa daquele tempo, pelo menos que eu me lembre, ele era um programa alguma coisa diferente.

É verdade que existia o ‘Super Special’, na Bandeirantes, mas eu não sei se o ‘Super Special’ chegou, em algum momento, a passar na mesma época do ‘FMTV’ [Acho que o ‘Super Special’ passou na mesma época do ‘FMTV’ quando ele, o programa da Bandeirantes, foi apresentado por Antônio Celso, na locução]. Havia também o ‘Realce’, da TV Gazeta, que eu assisti bastante, mas o ‘Realce’ era outro formato, era um programa até mais comprido do que o ‘FMTV’. Havia, sim, o ‘Som Pop’, mas eu também não me lembro em que condições o ‘Som Pop’ era transmitido na época, nem sei se o ‘Som Pop’ ia ao ar no sábado ou se ia ao ar na quinta-feira e era reprisado no sábado ou o contrário disso [‘Som Pop’ ia ao ar no sábado, no começo da noite, chegando a ser reapresentado no domingo, no começo da tarde].

O caso é que o ‘FMTV’ era um programa diário, como o ‘Super Special’, da Bandeirantes, também era um programa diário, mas o ‘FMTV’ tinha o lance de dois apresentadores: o Marco Antônio, que você vai se lembrar bem, e o João Kléber, que nós até achávamos engraçado, divertido, nos anos 80, no começo dos anos 80 (…). O ‘FMTV’, eu posso estar enganado, mas acho que ele ia ao ar no começo das 7 da noite, ou era entre 6 e meia e 7 da noite ou era entre 7 e meia e 8 da noite, eu não sei, eu sei que ele estava sempre no ar em um horário desse tipo.

No começo, se eu não estou enganado, o tempo de duração do programa era um tempo até curto, acho que não passava de meia hora [O programa era apresentado de segunda a sexta, às 7 da noite, ganhando uma hora de duração no sábado, às 6 e meia, com os melhores vídeos da semana]. O lance era vir com um primeiro bloco de clipes, seguido por um bloco que se dedicava mais a apresentar um lançamento e o último bloco sempre, acho, tentando valorizar o grande hit do momento. Naquele tempo, o tempo do nosso afloramento para essas tecnologias, o ‘FMTV’ foi justamente o programa de celebração do Michael Jackson aqui no Brasil, nós certamente ouvimos muito o Michael Jackson no ‘FMTV’.

Eu lembro também, e isso daí eu tenho certeza de que eu disse para você nesse áudio que você tanto valorizou que eu havia gravado, lembro de umas conversas que foram travadas entre a dupla de apresentadores, e uma dessas conversas era até divertida, porque o João Kléber, eu acho que ele era fã da Olivia Newton-John, e eu fiquei certamente na dúvida, eu fiquei, aliás, definitivamente na dúvida se ele era fã exatamente da Olivia Newton-John ou se ele era fã da Xuxa, que, naquele momento, estava exatamente – onde? – na Rede Manchete.

De ‘FMTV’ a Xuxa

A Xuxa era ainda uma principiante, uma “rookie”, para usar um termo dos americanos, e, bem, ela estava tentando se firmar como apresentadora de programa infantil, e o programa da Xuxa era o ‘Clube da Criança’, salvo engano, acho que esse era o programa. E é bom sempre nós chamarmos uma lembrança, porque uma lembrança puxa outra. Eu falei do João Kléber, das preferências do João Kléber, cheguei ao ‘Clube da Criança’, que a Xuxa apresentou na extinta Rede Manchete.

O ‘Clube da Criança’, no tempo em que nós conhecemos o ‘Clube da Criança’, eu era criança mesmo, eu estava a um passo de me tornar um adolescente, eu ainda não era exatamente, pelo menos acho que nas classificações da lei do Estatuto da Criança e do Adolescente, eu acho que eu ainda não era um adolescente naquele momento, e, nas minhas lembranças de criança, a programação de desenhos do ‘Clube da Criança’ era muito boa. Eles tinham ‘Pirata do Espaço’, ‘Dartacão e os Três Moscãoteiros’.

Eu acho engraçado isso, porque aqui era ‘Dartagnan e os Três Mosqueteiros’, mas eu pude rever esse desenho, há questão de algum tempo, no YouTube, e o YouTube apresentou aqui a versão em português do desenho, e lá em Portugal foi ‘Dartacão e os Três Moscãoteiros’. Muito criativa a brincadeira dos portugueses com o desenho que aqui entre nós fez bastante sucesso, um desenho francês parece que muito premiado na época dele.

Veja só você o nível da qualidade da tevê, como vem decaindo. Não que nós não tenhamos uma programação boa hoje, visando às crianças, até tem, mas veja que uma tevê que talvez não fosse exatamente a prioridade delas, a prioridade daquele canal de tevê se dedicar às crianças, aquele canal de tevê tinha um programa apresentando produções que ousavam, produções que não se contentavam em reapresentar antigos desenhos que nós já tínhamos conhecimento pleno deles no começo dos anos 80.

Independentemente talvez até da vontade dela, a Xuxa inaugurou um gênero na tevê brasileira.”

O ‘Clube da Criança’, então, uma lembrança feliz que eu pude puxar aqui da memória, era o programa que foi entregue às peripécias da Xuxa como apresentadora. Mas é curioso lembrar também que houve um palhaço que teve espaço televisivo na Manchete, e, se eu não estou enganado, foi o palhaço Carequinha. Eu tenho dificuldades para estabelecer, só pela minha lembrança, se o Carequinha foi o primeiro apresentador do ‘Clube da Criança’ ou se o palhaço Carequinha tinha um programa só dele e, depois, aproveitando que a audiência deve ter reconhecido a importância do programa do palhaço Carequinha, resolveu colocar, muito sorrateiramente, o ‘Clube da Criança’ com a Xuxa.

O fato é que a Xuxa era uma novidade naquele tempo. Independentemente talvez até da vontade dela, a Xuxa inaugurou um gênero na tevê brasileira. Mais um item aí para “check this out”. Será que a Xuxa foi uma pioneira? Será que a Xuxa significou ali um primeiro passo nessas transmissões dedicadas à tevê, dedicadas às crianças, na tevê? Você certamente vai me corrigir, você vai dizer: “Ah, não, a ‘TV Globinho’, o ‘Globo Cor Especial’ já tinha uma garota no domínio da apresentação”.

Sim, é verdade, só que o ‘Globo Cor Especial’ tinha um formato diferente, ele era uma apresentadora à parte de um auditório, ela vinha mesmo conversando com o público, ela tinha essa necessidade de conversar com o público, apresentar o programa que a Globo ia transmitir, no caso, os desenhos e tudo o mais, mas não havia uma interação de plateia com a apresentadora [Ah, não, eu sou da época em que o ‘Globinho’, sem “TV” no título, era apresentado pela jornalista Paula Saldanha (imagine Ilze Scamparini com 20 e poucos anos), diferentemente do ‘Globo Cor Especial’, que, até onde assisti, nunca teve apresentador], coisa que, se eu não estou enganado, pode ser que o ‘Bambalalão’, da TV Cultura, tenha, primeiro, feito aqui no Brasil, não sei, “check out this”.

“Robin Hood” da televisão brasileira

Retomando, então, o ponto da extinta TV Manchete, eu digo a você que aquele primeiro momento da Manchete no ar foi um momento, para mim, glorioso, talvez justamente o momento em que eu estivesse nessa transição da infância para a juventude e, por conta disso, é que eu tenha celebrado tanto a existência desse canal de tevê. Posteriormente, a Manchete caiu no esquecimento, para mim, tanto é que a Manchete acabou se consagrando em um horário televisivo de apresentar novelas, e eu sei que essas novelas tiveram lá o seu valor, a sua importância, mas eu mesmo nunca parei para ver uma novela da Manchete.

Nunca vi nada de novela da Manchete, não é bem isso, mas eu nunca me interessei por novelas, ou pelo menos o meu interesse certamente era bem reduzido em relação a outras coisas. As novelas que a TV Manchete fez foram históricas. Hoje, as pessoas não se cansam de lembrar de ‘Pantanal’, de ‘[A História de] Ana Raio & Zé Trovão’, havia novelas que contavam histórias urbanas, eu já não vou lembrar direito de alguns títulos, mas é certo que a Manchete teve positivação das produções que ela apresentou, que eu não sei se eram produções dela mesma ou se eram produções que ela soube lançar com ar de grande valor para aquele momento da tevê nacional, um momento que já era, todo ele, valorizado pela produção global, a Globo estava na frente de todo mundo havia muito tempo.

Não sei em que momento do passado a Globo assumiu essa liderança, mas é certo que os canais estavam tentando roubar alguma audiência da Globo, tentando tomar alguma audiência dela, não é que estavam tentando tomar a audiência da Globo, mas tomar alguma fatia, o que eles chamam de “sharing”, não é isso? A Manchete teve resultados expressivos nesse papel de Robin Hood da televisão brasileira, ela conseguiu termos expressivos, conseguiu resultados expressivos naquele passado dos anos 80. Eu, há uns tempos, estava vendo uma transmissão da Copa do Mundo de 82, que quem transmitiu aqui no Brasil foi a Globo. Acho que a TV Cultura reprisava as transmissões que a Globo fazia, mas eu não sei de nenhum outro canal que tenha se dedicado a cobrir a Copa do Mundo de 1982. Na Copa, eu ouvi um sujeito que eu só fui descobrir esse cara na Manchete, eu nem sabia que ele tinha sido comentarista da Rede Globo. Veja só que coisa curiosa. É um tal de Márcio… eu não vou lembrar o nome dele agora, mas isso daí não está muito difícil, esse Márcio não sei o quê [Guedes], ele trabalhou na Manchete nos anos 80.

Então, foi curioso redescobrir o sujeito em um trabalho anterior dele na tevê. O cara que, posteriormente, apresentou o ‘Manchete Esportiva’, na verdade, tinha sido comentarista de transmissões de futebol da TV Globo, mas eu só sei das transmissões dele na Copa do Mundo de 82. Ele, possivelmente, devia ser repórter da Globo no Rio de Janeiro, e é por causa disso que eu talvez tivesse ignorado a participação dele, a passagem dele pela Globo, até tomar conhecimento da existência dele na Manchete.

Acho que já era um prenúncio de como eu ia tratar a TV Manchete a partir daquele momento, apenas como uma lembrança feliz, uma força que surgiu e logo se consumiu, logo desapareceu.”

Bom, lá no começo dos anos 80, quando a Manchete se insinuou como uma alternativa da tevê, para nós que estávamos crescendo, buscando novos conteúdos, novos programas, o ‘FMTV’ foi um colírio para os olhos, talvez? Um pouco exagerado isso. O ‘FMTV’ foi um programa legal, um programa direto no alvo, acertou o alvo, era um programa dinâmico, repito, não dava para imaginar que o João Kléber ia se tornar (…) por causa desses programas que ele andou apresentando, inclusive programas da RedeTV!, mas, naquele tempo do ‘FMTV’, o João Kléber era um acerto.

Nunca mais eu vi ou ouvi o Marco Antônio em nenhum canal, em nenhuma apresentação. Acho até uma pena, porque ele era muito bom apresentando o ‘FMTV’. Eu tinha falado do João Kléber, que tinha preferência pela Olivia Newton-John, e eu me lembro claramente de, em um daqueles programas antigos, o Marco Antônio ter declarado que o sonho dele era a Steve Nicks, do Fleetwood Mac, a grande Steve Nicks, do fabuloso Fleetwood Mac, que tanto você quanto eu gostamos demais, eu tenho certeza disso.

O fato é que o Marco Antônio era um cara muito bacana, o programa veio com uma força total, e, quando houve aquela mudança de o ‘FMTV’ passar para o comando do Tim Rescala e da Tânia… eu não vou lembrar dela, Tânia Abreu [Tânia Rodrigues]… agora, de novo, eu com a mesma dificuldade de antes, quando o programa passou para o comando deles, não que eu ache que o programa não tenha sido bom, não é isso, mas, notadamente, o programa me desinteressou, naquele momento. Acho que eles passaram a produzir um programa mais ocupado com o momento do rock nacional, com a música brasileira, e eu meio que sosseguei com o ‘FMTV’, acho que já era um prenúncio de como eu ia tratar a TV Manchete a partir daquele momento, apenas como uma lembrança feliz, uma força que surgiu e logo se consumiu, logo desapareceu.

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Edson de Oliveira

Revisor há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio, textos jornalísticos e acadêmicos, é editor dos blogues “Café Elétrico” e “Blogue da Revisão”.

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