Quem não tem o que fazer, costumava dizer minha mãe, inventa. Em 1993, quando lancei um fanzine, projeto que martelava em minha cabeça desde 1986, quando era colaborador do “Contracorrente”, jornal punk editado em Brusque, Santa Catarina, eu realmente não tinha o que fazer. Foi a droga que encontrei para não só diminuir o desconforto que sentia por estar desempregado, mas também reviver o tempo em que eu redigia releases para uma festa que eu e um amigo fazíamos em Osasco entre 1991 e 1992 e alguns pequenos textos para uma coluna musical no jornal osasquense “O Diário” em 1993.
Como as teclas da única máquina de escrever que eu tinha à mão estavam encavalando, a primeira edição do “Creation”, fanzine homônimo da lendária gravadora inglesa de algumas das bandas indies que eu mais curtia, como Jesus and Mary Chain, My Bloody Valentine, Primal Scream e House of Love, foi digitada no computador de uma amiga desde os primeiros anos de escola, sobrando para mim apenas o so-no-len-to trabalho de composição dos títulos com decalque (quem só nasceu depois da chegada do computador às mesas de redação não sabe a canseira que dá escrever colando letra por letra).
Aliás, “without a little help from my friends”, como a que recebi da diretora de uma escola de idiomas em Osasco, cidade onde morei de 1974 a 2010, eu não teria conseguido imprimir minha revistinha, pois não tinha dinheiro nem para pegar ônibus para atender às chamadas de emprego. Um dia, antes de ir para a Ceasa, onde, bêbado de sono e sob olhares de peões mal-encarados, eu passava a noite controlando a entrada e a saída de carrinhos de carga e descarga de frutas, verduras e outros frutos da terra, aportei na redação da revista “Trip” para pegar algumas das fotos que Erika Palomino, jornalista que assinava a “Noite Ilustrada”, seção do caderno de cultura “Ilustrada”, do jornal “Folha de S.Paulo”, dedicada ao mundo dos clubbers, havia feito para uma entrevista na “Trip”.
As fotos da jornalista, que entrevistei para a segunda edição do fanzine, eram para ser feitas por uma amiga minha que frequentava muitos dos clubes cujos babados iam parar na “Noite Ilustrada”, mas, como a entrevista foi transferida para outros dia e local, o próprio jornal onde a colunista trabalhava, acabei pedindo-as emprestadas à “Trip”, revista cuja redação passei a visitar depois que conheci seu lendário fotógrafo, Shoiti Hori, desde 1997 em outro mundo, embora eu nunca tenha falado com seu fundador e editor, Paulo Lima.
Passados mais de 20 anos do lançamento da última edição de meu fanzine, em 1995, quando o trabalho noturno em uma loja de conveniência não me deixou fazer mais nada, a não ser a cama para dormir, desconfio que a publicação foi só uma desculpa que o destino inventou para, depois de participar de uma reportagem da “Folha”, eu conhecer a menina que um dia se tornaria a mãe de meus filhos.
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Por Edson de Oliveira. Revisor de textos há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio e textos jornalísticos, é editor dos blogues EFMérides e Blogue da Revisão.
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