O ano de 2021 marcou a recuperação da indústria robótica e já é considerado o melhor ano para o setor, segundo a International Federation of Robotics (IFR). Relatório completo referente às vendas do ano passado em todo mundo será divulgado no próximo dia 13 de outubro, mas análise preliminar dos dados já foi divulgada. Em todo mundo, o uso de robôs aumentou 27% em relação a 2020 e foram instaladas 486.800 novas unidades.
O número de novas instalações superou o recorde registrado em 2018, antes da pandemia, quando foram instaladas 422 mil novas unidades. No ano passado, a principal impulsionadora do crescimento foi a indústria eletrônica, responsável por 132 mil instalações, ultrapassando a indústria automobilística, que registrou 109 instalações. Os setores de Metal e Máquinas, Plásticos e Produtos Químicos, além de Alimentos e Bebidas, também registraram crescimento de 38%, 21% e 24%, respectivamente.
Com 15 anos de experiência na indústria, o supervisor de automação e programador de robôs, Erico Jeremias Gonçalves confirma que os processos manuais mais difíceis de serem executados na indústria acabam dando espaço para as novas tecnologias. Segundo ele, uma nova linha de robôs conhecidos como ‘’robôs colaborativos’’, vem sendo desenvolvidos para trabalhar lado a lado com os humanos, sem a necessidade de estar dentro de uma célula fechada e com uma interação direta com o operador.
Gonçalves explica que esse tipo de robô vem facilitando os trabalhos manuais, pois estes têm se tornado mais caros, demorados e suscetíveis a erros. “Por conta disso, cresce cada vez mais a necessidade de implementar linhas de produção que permitam a interação entre robôs e humanos”, explica.
O profissional comenta também que os robôs industriais são instrumentos centrais da automação de linha de produção, substituindo ou trabalhando em conjunto com humanos. “Essa é uma tendência na indústria contemporânea confirmada por organismos internacionais como o Fórum Econômico Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Por outro lado, a introdução de sistemas autônomos ou semiautônomos em fábricas também levanta questionamentos sobre o impacto desse fenômeno para a geração de empregos”, ressalta o profissional.
Enquanto não se tem certeza do impacto da revolução da indústria 4.0 para 5.0, Erico Gonçalves lembra que a expansão do uso de robôs tem exigido a contratação de profissionais especializados. “Algumas empresas procuram capacitar seus funcionários, dando a eles cursos, treinamentos e suporte técnico. Com a oportunidade de evolução industrial, também temos notado o aumento salarial” informa.
Ele acrescenta que a área também garante aos profissionais possibilidades de crescimento. “A operação de robôs é uma área versátil, em que o operador pode estudar, adquirir mais conhecimento e ocupar uma outra função, por exemplo, até mesmo de programação dos próprios robôs ou de manutenção do próprio sistema robotizado. Importante ressaltar que continentes como Europa, Ásia e a América do Norte contam com mão de obra estrangeira para suportar a demanda de crescimento”, revela ele.
Mercado de robôs se recuperou em várias regiões do globo
O relatório preliminar do World Robotics 2022, da IFR, divulgado em junho passado e previsto para ser divulgado, na versão completa, dia 13 de outubro, mostrou que em 2021, as instalações de robôs industriais na Europa se recuperaram após dois anos de declínio, superando o pico de 75.600 unidades em 2018.
O principal aumento de demanda naquela região foi da indústria de metal e máquinas, que teve um aumento de 50% das instalações, chegando a 15.500, seguida de plásticos e produtos químicos, com 7.700 instalações e aumento de 30%. A indústria que costuma ter a maior demanda – a automotiva, com 19.300 instalações – não apresentou crescimento.
Nas Américas, o número de instalações de robôs industriais atingiu o segundo melhor resultado histórico, superado apenas pelo ano recorde de 2018, quando alcançou 55.200 unidades robóticas instaladas. O maior mercado americano, os Estados Unidos, registrou 33.800 unidades, o que representa uma participação de mercado de 68%.
Já a Ásia continua sendo o maior mercado de robôs industriais do mundo, com 73% de todos os robôs recém-implantados em 2021. O continente registrou um aumento de 33% em relação a 2020, com 354.500 unidades instaladas. A indústria eletrônica foi a que mais inaugurou unidades, com 123.800, um aumento de 22%. A demanda da indústria automotiva registrou aumento de 57% em relação ao ano anterior, com 72.600 instalações. Em seguida veio a indústria mecânica e de metal, com aumento de 29% e 36.400 instalações.
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