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Uso obrigatório de máscara é mais um complicador na rotina dos deficientes auditivos

Existem aproximadamente 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa. No mundo, são cerca de 500 milhões de surdos e a previsão é de que, até 2050, pelo menos 1 bilhão de pessoas em todo o planeta sejam portadoras de deficiência auditiva.

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São Paulo, SP. 11/6/2020 – Recomendação por conta da necessidade de proteção contra a contaminação do novo coronavírus dificulta àqueles que precisam da leitura labial para se comunicarem

A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira, 09 de junho, projeto que obriga uso de máscara em todos os locais públicos do país. O texto já passou pelo Senado e agora aguarda sanção do presidente da República. De acordo com o projeto, a obrigatoriedade se estende também a vias e transportes públicos. O texto prevê multa a quem descumprir a medida, mas o valor será definido pelos estados e municípios.

Entende-se a recomendação de máscaras como fundamental neste período de proteção contra a pandemia do novo coronavírus, já que recorrer a este acessório é uma das formas mais eficientes para evitar a contaminação. Porém, o que para a maioria serve como uma forma de defesa, traz um grande complicador no dia a dia de muitas outras pessoas, já que atrapalha a interação daqueles que possuem perda auditiva e que necessitam da leitura labial como forma de se comunicarem.

O uso da máscara faz com que toda a área do rosto que o deficiente auditivo precisa visualizar para compreender melhor o que está sendo dito fique encoberta. “Poucas pessoas dominam a Libras, que é a linguagem brasileira de sinais, por conta disso, a leitura labial se torna um importante recurso e é uma forma muito utilizada por aqueles que têm deficiência auditiva”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Otologia, Dr. Edson Ibrahim Mitre.

Quem imagina que saber se comunicar através de Libras seja suficiente para resolver o problema, descobre outro empecilho. “Mesmo para os bilíngues, que falam português e Libras, pode haver dificuldades, já que apesar de a língua de sinais estar associada ao movimento das mãos, as expressões faciais são essenciais para facilitar a comunicação. É através delas que essas pessoas transmitem as emoções. Elas agem também como entonação do que está sendo dito”, detalha o presidente da Sociedade Brasileira de Otologia.

Edson Mitre vai além e revela que a leitura labial é uma forma auxiliar para a audição, mesmo daqueles que não possuem perda auditiva. “Quando, num diálogo, a pessoa acompanha a fala olhando para a face do seu interlocutor, a compreensão é facilitada, especialmente num ambiente com ruído. Imagine, então, para quem apresenta alguma perda, isso fica ainda mais evidente. É possível comprová-la no próprio consultório, onde verificamos a dificuldade de compreensão mesmo daqueles que utilizam aparelho auditivo, implante coclear ou prótese osteoancorada. Ainda que elevemos o tom da voz, o uso da máscara resulta em maior dificuldade”, declara o especialista, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

Como forma de minimizar o problema, o otorrinolaringologista recomenda as máscaras confeccionadas com visor transparente. “Elas têm a mesma eficiência na proteção contra a disseminação do vírus e permitem que o interlocutor veja o que está sendo dito, facilitando sobremaneira o entendimento”, conclui.

De acordo com o mais recente estudo promovido pelo Instituto Locomotiva e pela Semana da Acessibilidade Surda, existem aproximadamente 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, são cerca de 500 milhões de surdos e a previsão da entidade é de que, até 2050, pelo menos 1 bilhão de pessoas em todo o planeta sejam portadoras de deficiência auditiva.

Website: http://www.aborlccf.org.br

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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