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Uso obrigatório de máscara é mais um complicador na rotina dos deficientes auditivos

São Paulo, SP. 11/6/2020 – Recomendação por conta da necessidade de proteção contra a contaminação do novo coronavírus dificulta àqueles que precisam da leitura labial para se comunicarem

A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira, 09 de junho, projeto que obriga uso de máscara em todos os locais públicos do país. O texto já passou pelo Senado e agora aguarda sanção do presidente da República. De acordo com o projeto, a obrigatoriedade se estende também a vias e transportes públicos. O texto prevê multa a quem descumprir a medida, mas o valor será definido pelos estados e municípios.

Entende-se a recomendação de máscaras como fundamental neste período de proteção contra a pandemia do novo coronavírus, já que recorrer a este acessório é uma das formas mais eficientes para evitar a contaminação. Porém, o que para a maioria serve como uma forma de defesa, traz um grande complicador no dia a dia de muitas outras pessoas, já que atrapalha a interação daqueles que possuem perda auditiva e que necessitam da leitura labial como forma de se comunicarem.

O uso da máscara faz com que toda a área do rosto que o deficiente auditivo precisa visualizar para compreender melhor o que está sendo dito fique encoberta. “Poucas pessoas dominam a Libras, que é a linguagem brasileira de sinais, por conta disso, a leitura labial se torna um importante recurso e é uma forma muito utilizada por aqueles que têm deficiência auditiva”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Otologia, Dr. Edson Ibrahim Mitre.

Quem imagina que saber se comunicar através de Libras seja suficiente para resolver o problema, descobre outro empecilho. “Mesmo para os bilíngues, que falam português e Libras, pode haver dificuldades, já que apesar de a língua de sinais estar associada ao movimento das mãos, as expressões faciais são essenciais para facilitar a comunicação. É através delas que essas pessoas transmitem as emoções. Elas agem também como entonação do que está sendo dito”, detalha o presidente da Sociedade Brasileira de Otologia.

Edson Mitre vai além e revela que a leitura labial é uma forma auxiliar para a audição, mesmo daqueles que não possuem perda auditiva. “Quando, num diálogo, a pessoa acompanha a fala olhando para a face do seu interlocutor, a compreensão é facilitada, especialmente num ambiente com ruído. Imagine, então, para quem apresenta alguma perda, isso fica ainda mais evidente. É possível comprová-la no próprio consultório, onde verificamos a dificuldade de compreensão mesmo daqueles que utilizam aparelho auditivo, implante coclear ou prótese osteoancorada. Ainda que elevemos o tom da voz, o uso da máscara resulta em maior dificuldade”, declara o especialista, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

Como forma de minimizar o problema, o otorrinolaringologista recomenda as máscaras confeccionadas com visor transparente. “Elas têm a mesma eficiência na proteção contra a disseminação do vírus e permitem que o interlocutor veja o que está sendo dito, facilitando sobremaneira o entendimento”, conclui.

De acordo com o mais recente estudo promovido pelo Instituto Locomotiva e pela Semana da Acessibilidade Surda, existem aproximadamente 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil. Desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, são cerca de 500 milhões de surdos e a previsão da entidade é de que, até 2050, pelo menos 1 bilhão de pessoas em todo o planeta sejam portadoras de deficiência auditiva.

Website: http://www.aborlccf.org.br

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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