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Verticalização de cemitérios deve avançar pelo Brasil nos próximos anos

Quando se pensa em um cemitério, logo vem à cabeça a imagem de túmulos enfileirados horizontalmente ou dos cemitérios parque com grandes áreas verdes e placas de granito sobre o solo. Porém, um modelo que deve ganhar ainda mais espaço nos próximos anos no Brasil é o cemitério vertical. Por serem mais sustentáveis e ajudarem a otimizar espaços nos centros urbanos, os cemitérios verticais se tornam uma alternativa inteligente e estão em crescimento.

Com alto índice populacional, mais de 125 milhões de pessoas, o Japão é um dos países vanguardistas na criação de cemitérios verticais. Por lá, além do modelo tradicional, há ossuários verticais que utilizam alta tecnologia e automação para guardar os restos mortais dos falecidos. 

No Brasil, o conceito de cemitério vertical chegou em 1930, sendo em Porto Alegre a primeira construção desse modelo na América Latina. De lá para cá outras cidades adotaram este tipo de estrutura e criaram regulamentações específicas para os sepultamentos em lóculos/gavetas que se sobrepõem verticalmente. Porém, a presença de cemitérios verticais no país ainda não é tão marcante quanto a dos modelos de necrópoles tradicionais. Hoje, o maior deles está localizado em Santos, em um complexo vertical de 40 mil m², onde foi sepultado o corpo de Pelé.

Caminho parecido percorreu a cremação no Brasil. Apesar de ser regulamentada desde 1973, até meados dos anos 90 só havia um crematório no país, em São Paulo. Foi somente após os anos 2000 que esse número começou a ser ampliado e a demanda pela cremação cresce ano a ano. De acordo com dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), cerca de 8% a 9% dos mortos no país são cremados.

Tendência

De acordo com Roberto Toledo, diretor regional e de sustentabilidade do Grupo Zelo, uma das principais empresas de serviços funerários do Brasil, a tendência é que os cemitérios verticais alcancem mais território e público nos próximos anos. “Nos grandes centros urbanos os cemitérios estão rodeados pela comunidade, sem grandes possibilidades de expansão que não para o alto, com as construções verticais. Existe demanda para a verticalização e há muitos benefícios envolvendo este modelo de cemitério”, ressalta Toledo.

O Grupo mantém hoje, no Brasil, quatro cemitérios verticais, sendo um deles exclusivamente direcionado ao sepultamento de pets, com 700 lóculos e espaço para velório dos animais. Além disso, a empresa está ampliando sua atuação na região nordeste, onde já possui duas necrópoles verticais no estado de Pernambuco. “Estamos com outros cemitérios verticais em diferentes fases de construção em seis municípios, localizados nos estados de Pernambuco, Ceará e Bahia. Com isso, a expectativa é que nos próximos anos tenhamos mais do que dobrado a nossa atuação dentro desse modelo no Brasil”, explica o diretor.  

O Memorial Guarulhos, do Grupo Zelo, em São Paulo, inaugurado em 1997 é um dos principais cemitérios verticais na operação atual da empresa e comporta hoje 3.800 lóculos. “Temos percebido maior procura nos últimos anos pelos sepultamentos no cemitério vertical e a escolha se dá pelas comodidades oferecidas por este modelo de sepultamento, que garante melhor conforto e acessibilidade para as famílias prestarem suas homenagens, além de segurança para os túmulos e mais agilidade no processo de exumação e liberação da gaveta se necessário” explica Roberto Toledo.

Atualmente o Memorial Guarulhos, que é um dos poucos cemitérios verticais na região metropolitana de São Paulo, não tem perspectivas de ampliação da sua infraestrutura em função da legislação local, que vai na contramão da evolução de mercado do modelo. De acordo com a Lei 8.110, em vigor desde janeiro deste ano, ficou vedada a ampliação e construção de cemitérios verticais privados em Guarulhos.

Sustentabilidade

Para além da otimização de espaço, está por trás dos cemitérios verticais também a sustentabilidade. Neste formato de sepultamento utiliza-se menos recursos naturais, como terra e água, e não há possibilidade de contato de substâncias provenientes do processo de decomposição com o solo, uma vez que as urnas são colocadas em gavetas equipadas com compartimento que recebe o necrochorume (líquido gerado durante o processo de decomposição dos cadáveres).

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