Evento organizado pelo grupo Ponte abordou questões como violência policial, cobertura fotojornalística em manifestações e a abordagem da polícia…
A sede do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp) serviu de palco para o workshop de jornalismo e direitos humanos, realizado no último sábado, 21. O evento, organizado pelo grupo Ponte, abordou questões como violência policial, cobertura fotojornalística em manifestações e a abordagem da polícia contra a imprensa. A importância da empatia no fazer jornalístico e a denúncia social por meio de charges, cartuns e ilustrações também foram discutidas.
Os palestrantes do evento foram…
O evento se iniciou sob o comando de Fausto Salvadori. A partir do boletim de ocorrência de um caso de 2014, o jornalista mostrou a forma como, por meio de contradições no próprio documento oficial pode-se desconstruir casos de violência policial que foram mascarados como violências legítimas.
“Existem várias técnicas que você pode usar para desconstruir as violências policiais e não é preciso um grande trabalho de detetive para descobrir isso, porque a maneira como as situações são construídas são bastante toscas”, afirma Salvadori.
Dando continuidade aos diálogos, Daniel Arroyo mostrou como é feita a cobertura de protestos por um fotojornalista e também falou sobre a relação polícia e imprensa nesses contextos: “é melhor manter distância”. Com uma GoPro instalada em sua câmera fotográfica, ele apresentou – além das fotos -, vídeos que ajudaram a esclarecer as situações em que as imagens foram captadas. Ele conta um episódio em que seu direito de liberdade de imprensa foi ferido ao ter de apagar as fotos que havia tirado para não ter sua câmera apreendida pelos policiais, mas o ato ficou gravado pelo equipamento de apoio.
A construção conjunta da tarde ficou por conta de Maria Teresa Cruz, que abordou a questão da empatia no jornalismo. Ela explicou que, geralmente, as pessoas confundem os termos empatia e simpatia. “Simpatia é você ver alguém no esgoto e dizer ‘tá meio escuro aí né, que vida difícil a sua’, empatia é entrar no esgoto, ir ao encontro dessa pessoa, ter as mesmas percepções do simpático, guardar pra si e dizer ‘como você se sente de viver neste lugar tão escuro, tão mal cheiroso? conta para mim’”.
Na sequência, foi feita uma dinâmica, onde os espectadores foram divididos em grupos. Através de uma situação hipotética de crime, foram feitas uma encenação e a construção de notícias. O objetivo foi mostrar que não há versão absoluta de um acontecimento, mas quanto mais o jornalista ouvir as testemunhas, apurar e sentir o que aquelas pessoas passaram, mais perto da possível verdade ele pode chegar. Ela finalizou demarcando a força da palavra e ressaltou que o uso das expressões certas em manchetes pode mudar a forma como os leitores percebem as notícias.
Concluindo, Antonio Junião explicou o contexto em que charges, tiras, cartuns, ilustrações e caricaturas devem ser usadas, diferenciando-as entre si. Ele defende que as ilustrações não são um mero acessório para as matérias, mas sim um complemento. “Às vezes a ilustração fala algo diferente do que o que apenas está no texto. Ela traz informações novas, que complementam a matéria”, finaliza.
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Reportagem produzida por Amanda Stabile, integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se estudante do terceiro semestre do curso de jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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