No futuro, todo trabalhador será seu próprio chefe. Ou ao menos a grande maioria será. É o que sinaliza a evolução de um novo modelo que dá independência ao trabalhador, conhecido como Gig Economy, Freelancer Economy ou também chamado de Economia Autônoma.
Neste novo modelo as pessoas podem trabalhar quanto, quando e de onde quiserem. Ao invés de vínculo empregatício, as relações de trabalho passam a ser temporárias e definidas para a execução de projetos e tarefas específicas. Não há mais horário a cumprir e nem mesmo a necessidade de ir à empresa. O trabalhador é quem decide. Em alguns casos, não há nem mesmo uma relação de trabalho, mas sim disponibilização de uma plataforma que conecta o trabalhador ou prestador de serviço, a empresa ou diretamente ao cliente final.
Há inúmeras plataformas digitais no mundo criando oportunidades para as pessoas trabalharem por conta própria (e ser seu próprio chefe), conquistar clientes e desenvolver projetos. Plataformas como a Workana ou Freelancer, por exemplo, geram oportunidades para profissionais de tecnologia, marketing, design, entre outros, se conectarem as empresas que precisam do seu serviço. Outras plataformas, como a TaskRabbit ou a brasileira Get Ninjas, permitem que as pessoas ofereçam seus serviços de assistência técnica, aulas diversas, consultoria, serviços em geral, entre outros, a qualquer um que esteja buscando. Há também plataformas como o Cabify ou o DogHero, que dão a oportunidade para qualquer um ser motorista particular ou um anfitrião de cachorros, cujo os donos precisam de alguém para cuidar de seus bichinhos por uns dias.
Estas plataformas inovam conectando pessoas e criando oportunidades de troca entre quem oferece e quem procura,sendo que o mais valioso é a reputação na rede e avaliação pública dos serviços prestados. Para quem tem uma boa nota, não vai faltar trabalho. Isso é ótimo também para a sociedade, pois contribui para elevar o nível geral dos serviços prestados.
Com os novos modelos vêm a mudança e com ela a resistência. Alguns podem não se encaixar nos padrões regulamentados atuais, gerando o debate entre o reconhecimento do inusitado ou a tentativa de encaixar no tradicional. Como no caso do Uber, por exemplo, quando no último dia 15 de fevereiro, foi divulgada a notícia que um juiz de Belo Horizonte interpretou como vínculo empregatício a relação entre o motorista e a plataforma, gerando massivas críticas e diferentes opiniões na sociedade.
Desta economia sob demanda, também fazem parte as empresas que têm contribuído contratando cada vez mais profissionais para projetos temporários. No final de 2016, o McKinsey Global Institute, uma consultoria empresarial dos Estados Unidos, divulgou uma pesquisa constatando que aproximadamente uma em cada quatro pessoas que trabalham na Europa ou Estados Unidos, estão envolvidas com trabalho independente. Outros estudos preveem que em 2020, provavelmente um a cada três trabalhadores americanos serão independentes. O emprego de carreira tende a ser cada vez menos comum.
Chefe independente
Muitas pessoas preferem ser independentes, pois têm mais flexibilidade e são donas do seu tempo. Ao mesmo tempo, é interessante para as empresas, pois já se provou mais eficiente contratar profissionais específicos para alguns trabalhos do que manter times de pessoas que as vezes tendem a se acomodar. Hoje, acredito que as escolhas dos profissionais são feitas cada vez mais pela reputação e o portfólio de projetos desenvolvidos, do que somente pelo diploma.
Em 2016, durante sua campanha presidencial, Hillary Clinton disse em um discurso: “A economia sob demanda, ou a chamada economia gig, está criando muitas oportunidades para as pessoas e destravando a inovação. Mas ela também está levantando difíceis questões sobre relações trabalhistas e sobre o que será considerado um emprego no futuro”.
Novas relações, formas de contratar e de trabalhar. Uma mudança grande está acontecendo e pressionando o mundo a se adequar. A economia sob demanda vem demonstrando aumentar as oportunidades no mercado enquanto equilibra relações ao satisfazer tanto o trabalhador quanto o tomador de serviço. Quando a relação é ganha-ganha, a tendência é aumentar o número de adeptos.
E você, já se imaginou sendo o seu próprio chefe?
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Jorge Pacheco. CEO e fundador da Plug, pioneira na cultura de coworkings no Brasil e que atualmente possui mais de 600 posições divididas em cinco unidades, sendo quatro em São Paulo, na região de Pinheiros, Brooklin e em breve no Ibirapuera, e uma em Cambridge nos Estados Unidos – além de administrar grandes espaços como o CUBO, em São Paulo.