O discurso do apresentador Tadeu Schmidt na eliminação do primeiro participante do ‘Big Brother Brasil’ de 2022 diz muito sobre Luciano, mas mais ainda sobre os tempos em que temos vivido.
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“Quer dinheiro? Quer fama? Quer ir embora ou quer ficar? Você já parou para pensar se você tá querendo a coisa certa?! Luciano sai do ‘BBB’ sem conseguir o que queria…”, sentenciou Schmidt no discurso de eliminação.
Ou seja: aquele que mais queria ficar famoso — por ironia do destino — foi o primeiro a ser eliminado do reality show. Sabe o que a minha experiência em assessoria de imprensa de celebridades diz sobre isso?
Você quer ser famoso? Então, diminua a sua empolgação e euforia. Na maioria das vezes, o público e a mídia costumam ser mais generosos com gente blasé. Sabe aquele negócio de “fingir costume” da Taynara OG? Funciona melhor. É preciso ter consciência de que a mídia não gosta de gente desesperada pela fama.
Certa vez, no auge do meu trabalho de assessoria de imprensa de subcelebridades, em que eu criava personagens para bombar na mídia, resolvi fazer entrevista com uma das candidatas a fama. Por que você quer ser famosa? E para que exatamente?
É preciso ter consciência de que a mídia não gosta de gente desesperada pela fama — Fernanda Thomaz
Notei uma certa dificuldade para a resposta de uma pergunta, aparentemente tão simples e objetiva. E a resposta no final foi: “ah, sei lá, eu quero ser famosa porque quero que as pessoas me reconheçam nas ruas e me sigam nas redes sociais”.
Mas por que você quer ser reconhecida, insisto. “Quero chegar nos lugares e ser reconhecida, cumprimentada, abraçada. Quero tirar selfies com multidões de fãs…”
Confesso que nunca consegui entender muito bem esta relação de ídolo e fãs e perguntei intrigada: “poxa, mas por que tudo isso?”. E a resposta foi: “porque quero ser amada, querida pelas pessoas, sabe?”
Foi aí que, enfim, entendi tudo. No fundo, ela buscava aceitação pessoal, preenchimento de um vazio deixado pelo chamado ego ideal. E isso só Freud explica.
No livro Fama – Um olhar psicanalítico sobre a busca incessante pelos holofotes, a psicanalista Andrea Cristiane Vaz faz uma interessante análise sobre a relação entre o desejo de ser reconhecido e a busca da fama pela fama.
“A busca pelo reconhecimento, para Freud, nada mais é do que o desejo de perpetuar o sentimento de ser amado, vivido na relação com a figura materna no início da vida”, analisa Andrea.
Ela buscava aceitação pessoal, preenchimento de um vazio deixado pelo chamado ego ideal. E isso só Freud explica — Fernanda Thomaz
Durante o confinamento, o ex-BBB Luciano disse “tudo o que faço na minha vida, quero sempre almejar a fama”. Desta forma, a pessoa passa a viver em função de corresponder o ideal de ego: “que traz vestígios de seu narcisismo infantil, momento em que era amado de maneira incondicional”.
De acordo com uma pesquisa realizada pela psicanalista com aspirantes a celebridades, todos acham que merecem a fama.
“O que se imagina obter com a fama é a reinteração da imagem perfeita de si mesmo vivenciada no narcisismo primário infantil, fase em que a criança é amada incondicionalmente pela mãe… A imagem de si sentida como perfeita designa a formação do ego ideal”, explica Andrea Cristiane Vaz.
Ou seja: a busca incessante pela fama, quando não resolvida internamente, gera insatisfação, sofrimentos e conflitos existenciais de toda a ordem. A fama, infelizmente, não é para qualquer um. Não é todo mundo que está preparado psicologicamente para ter uma mega audiência e, consequentemente, uma legião de fãs e… haters.
Em muitos casos, a fama pode se tornar perigosa ou até mesmo doentia. Uma vez alcançada, dá muito trabalho para manter. E, se por acaso a pessoa não consegue se manter no topo, ela pode ter crises de abstinência, tal como um viciado em drogas. E até mesmo para quem trabalha nos bastidores essa relação dos fãs com os chamados “ídolos” pode se tornar arriscada.
Não existe uma fórmula da fama. Mas existe, sim, um perfil comportamental que tende a ter mais sucesso diante das câmeras. Conversando com uma fã assídua do ‘BBB’, consegui traçar o “mapa da mina” para os candidatos ao estrelato, analisando o perfil e o comportamento de uma ex-integrante, que foi um verdadeiro case de sucesso na mídia brasileira. Trata-se de Juliette Freire.
A fama, infelizmente, não é para qualquer um — Fernanda Thomaz
Então, em primeiro lugar, é preciso fazer uma auto-avaliação sincera para analisar de forma racional as suas potencialidades e estar ciente dos bastidores da fama e das questões psicológicas que a envolvem. Para ajudar o leitor a descobrir se tem potencial para a fama, elaborei um pequeno questionário com características de um perfil comportamental que tende a ter mais sucesso na mídia.
Termômetro da fama
Veja se você tem algumas destas características:
- Carisma;
- Boa comunicação;
- Espontaneidade;
- Presença de palco;
- Protagonismo;
- Autenticidade;
- Vulnerabilidade;
- Ingenuidade ou sagacidade;
- História de superação;
- Se tem elementos possam gerar identificação;
- Senso de comunidade/tribo;
- Se sofreu alguma injustiça
De acordo com a pesquisa com telespectadores do ‘BBB’, Juliette tem todos os 12 elementos citados acima. Quantos você tem?
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Por Fernanda Thomaz, jornalista. Formada em comunicação social com habilitação em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Experiência de 10 anos em assessoria de imprensa, com foco na editoria de famosos e celebridades. Contato: imprensa@thomazassessoria.com.