O carnaval é uma das tradições brasileiras que vem sendo retomadas com força após três anos de paralisações provocadas pela pandemia da Covid-19. Os cinco dias de desfiles de blocos de rua e escolas de samba, que podem chegar a sete em cidades como Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Olinda (PE), acabam movimentando ainda mais a economia brasileira.
Uma estimativa divulgada em janeiro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que o carnaval de 2023 deve gerar uma receita de R$ 8,18 bilhões, um volume 26,9% maior que em 2022, mas ainda 3,3% abaixo do total de 2020 (última festa antes da pandemia). A própria CNC considera o período carnavalesco como o “Natal do turismo”, devido à sua importância econômica.
Nas cidades onde o carnaval é mais forte e atrai muitos turistas, sobretudo estrangeiros, as previsões das prefeituras locais são ainda mais otimistas. Em Salvador, são esperados mais de 800 mil visitantes e cerca de R$ 1,8 bilhão em receitas. Em Pernambuco, as vizinhas Recife e Olinda aguardam por mais de 4 milhões de visitantes durante a festa. E no Rio, que tem o carnaval mais conhecido em todo o mundo, a movimentação econômica esperada deve chegar a R$ 4,5 bilhões, de 12,5% a mais do que em 2020.
O turismo e seus serviços correlatos é justamente um dos setores mais beneficiados pela movimentação carnavalesca, por conta das demandas dos que se deslocam para outras cidades ou estados, seja para curtir a festa ou mesmo para fugir dela e descansar, principalmente em cidades do interior ou mesmo em capitais que não têm grandes eventos de carnaval, como Maceió (AL) e Aracaju (SE).
“Com o carnaval, se mexe uma cadeia gigantesca, como nos setores de fantasias, de hotelaria, bares e restaurantes, de transportes como táxi e carros por aplicativo. É tanto que as empresas de transporte intermunicipal colocam ônibus extra para as cidades, como também o transporte aéreo é movimentado, levando turistas de um estado para outro e trazendo os turistas do exterior. Isso movimenta bastante e traz recursos de um local para outro”, avalia o economista Josenito Oliveira, professor do curso de Administração da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe).
Para o professor, o impacto do carnaval para a economia é mais positivo, até mesmo para setores que tradicionalmente não funcionam nos dias da festa, devido aos feriados e pontos facultativos decretados em praticamente todo o país. O setor de comércio é indiretamente impactado, por causa das pessoas que antecipam as compras e se preparam com antecedência para o feriadão.
“Antes do carnaval, é lá no comércio tradicional onde as pessoas vão fazer as suas compras de fantasias, de adereços, material para confeccionar fantasia. É lógico que o comércio tradicional, por conta desse fechamento de uns três ou quatro dias, muitos empresários se sentem prejudicados, não em sua maioria. Mas isso é uma dinâmica da economia”, pondera Josenito.
Retomada
A perspectiva de retomada dos eventos, após o fim das restrições motivadas pela pandemia, já vinha se desenhando desde meados de 2022, quando a vacinação contra a Covid-19 avançou e estabilizou a incidência de mortes e contaminações na grande maioria das cidades, o que permitiu a volta de eventos de massa como o Réveillon, a Oktoberfest de Blumenau (SC), o Rock in Rio, e prévias carnavalescas como o Carnatal (RN), o Fortal (CE) e o Pré-Caju (SE), entre muitos outros.
Josenito vê uma perspectiva muito positiva para a retomada das festas e eventos de entretenimento neste ano, visto que este setor eventos foi o primeiro a ser paralisado e o último a retornar. “Muitas festas já aconteceram neste ano, e as pessoas estavam sedentas por isto. Isso foi muito bom para toda a cadeia de eventos e também para a sociedade de modo geral, que volta a ter acesso aos grandes eventos, que movem vários setores e emprega muita gente. Isto mexe com a economia e a economia vive de consumo. Se não tem consumo, tudo fica paralisado, e a cadeia de eventos estimula bastante esse consumo, o que é muito bom para a nossa economia”, concluiu.
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