Ter espírito empreendedor. Pensar como dono. Frases desses tipos são comuns no mundo corporativo, independentemente do ramo de atuação da empresa. Mais do que meras afirmações, o mais novo projeto jornalístico do Brasil promete transformar seus integrantes em parceiros de negócios. Essa é a promessa de Diego Escosteguy, criador do Vortex Media.
Na terceira e última parte da entrevista exclusiva à reportagem do Portal Comunique-se, ele dá detalhes sobre o modelo de negócios do site, que começará a produzir e publicar conteúdos originais a partir desta terça-feira, 8. Além de falar das estratégias de paywall, do programa de assinaturas e da decisão de vetar anúncios ligados a estatais, o jornalista-empreendedor anuncia: mais do que bons funcionários, ele quer contar com futuros sócios.
“Independentemente do rumo que tomarmos, duas coisas não mudarão: eu deterei controle sobre o Vortex, e portanto controle e responsabilidade sobre nosso jornalismo; e o time que está apostando na construção do veículo terá participação no negócio, caso permaneçam por, no mínimo, dois anos no projeto. Isso vale para todos no Vortex, sem distinção de cargo ou função. O sucesso do site será de todos, e todos terão o direito de desfrutar dele”, garante Diego Escosteguy, o criador do Vortex Media.
Confira, abaixo, a última parte da entrevista com Diego Escosteguy:
Assinatura. Esse é inicialmente o principal meio para rentabilização do Vortex Media. Como funcionará esse modelo? Serão planos mensais ou anuais? Quais os valores a serem cobrados dos leitores?
Teremos um paywall dinâmico. Por meio de ferramentas de machine learning, tentaremos identificar o melhor momento e a melhor forma de pedir apoio financeiro aos leitores. Tentaremos saber, portanto, quais assuntos os interessam mais, em qual formato e em que momento do dia e da semana. Teremos planos anuais e mensais. Também receberemos doações em valores mais elevados daqueles que possam contribuir com nossa missão. Os valores serão revelados em breve.
O site Vortex Media será 100% restrito aos assinantes? Ainda em relação ao formato de assinaturas: no planejamento inicial, a expectativa é conquistar quantos assinantes até o fim de 2019?
No primeiro mês, será possível acessar de graça, por mais tempo, o jornalismo do Vortex. Isso tende a diminuir nos meses seguintes. O site não será 100% fechado. O leitor ocasional poderá encontrar uma ou outra reportagem aberta. Mas talvez não consiga ler outras. Não é um modelo baseado em número de acessos, mas na combinação entre o interesse do leitor, revelado pela frequência e pelo tempo que ele investe em nosso jornalismo, e nossa avaliação sobre as reportagens que merecem, pelo esforço depreendido, ser fechadas.
No fundo, embora exija boas ferramentas tecnológicas e muita ciência, a cobrança terá muito de arte, de experimentação – sempre com testes científicos. Seja como for, faremos um esforço constante e sincero de comunicar aos leitores por que o acesso ao nosso jornalismo precisa da ajuda deles. A parte óbvia e difícil, não esqueçamos, é produzir um jornalismo de alta qualidade. É o mínimo que o leitor espera, e com razão. Trabalharemos com afinco para entregar o que os leitores querem e merecem.
Além dos assinantes, o Vortex Media poderá veicular anúncios oriundos de empresas e marcas da iniciativa privada. Por que não aceitar parcerias comerciais com estatais e autarquias?
Por uma questão de princípios: num país como o Brasil, e em especial neste momento, o dinheiro dos contribuintes precisa ser investido em coisas mais urgentes e essenciais para os cidadãos. Acreditamos em livre mercado. Não queremos nenhuma vantagem fiscal, como era a prática durante décadas em nossa indústria – continua sendo, em, certa medida. Queremos um ambiente de negócios em que possamos competir, de modo saudável e sem desigualdade, com os demais veículos. Creio que todos ganham com isso.
A equipe do Vortex Media surge com 30 profissionais. Para arcar com os custos iniciais do projeto, que já vem atuando nos bastidores há meses, você, que assina como diretor-geral e fundador, conta com algum investidor?
Estou arcando com a vasta maioria dos custos iniciais. Temos uma equipe enxuta e um plano de negócios sólido, que prevê geração de receita assim que o site for ao ar. Num grau muito menor de participação, temos alguns investidores institucionais de Nova York, cujos nomes não posso revelar por questões contratuais. No começo dessa trajetória, supus que criar um veículo exigiria valores exorbitantes. Para evitar conflitos de interesse, busquei investidores nos Estados Unidos, onde tenho bons contatos.
Conforme o projeto avançou, porém, percebi que era possível começar algo de um bom tamanho sem recorrer a investimentos pesados. Traduzindo: percebi que eu mesmo, com um plano de negócios realista e sólido, poderia bancar o curto estágio de pré-lançamento. É o que estou fazendo. Desse modo, tenho controle total sobre o Vortex. Caso seja necessário para nossa expansão, abriremos participação de capital para investidores.
Independentemente do rumo que tomarmos, duas coisas não mudarão: eu deterei controle sobre o Vortex, e portanto controle e responsabilidade sobre nosso jornalismo; e o time que está apostando na construção do veículo terá participação no negócio, caso permaneçam por, no mínimo, dois anos no projeto. Isso vale para todos no Vortex, sem distinção de cargo ou função. O sucesso do site será de todos, e todos terão o direito de desfrutar dele.
Ao mesmo tempo, é importante frisar que estamos tentando ser profissionais no maior grau possível. Isso significa que instituiremos, o quanto antes, uma governança sólida, em linha com as melhores práticas das melhores indústrias. Tenho convicção de que nosso êxito passa, também, por uma visão de negócios séria e comprometida com o bem do país.
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