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Zoológicos brasileiros testam ração seca para tamanduás e abrem novas possibilidades para a manutenção desses animais

Os testes começaram em várias instituições e a solução está funcionando muito bem, eles estão conseguindo perfeitamente aderir os pequenos pellets à língua de 60 centímetros. Mais do que ingredientes de qualidade, padronização e homogeneidade, a ração especial para tamanduá ajuda a melhorar de forma considerável a saúde e o bem-estar animal.

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Curitiba, Paraná 30/9/2020 – É muito gratificante proporcionar aos tamanduás uma nutrição precisa, específica para as particularidades da espécie.

Fãs de cupins e formigas, os tamanduás são mamíferos que possuem um focinho típico, alongado e estreito, e que termina em uma boca pequena. Para capturar insetos eles possuem uma língua comprida e pegajosa devido às glândulas salivares desenvolvidas, e levam tempo comendo inseto a inseto. São quatro espécies conhecidas hoje: tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, tamanduaí e o tamanduá-do-norte. Apenas essa última não está presente no Brasil. Dentre todas, o tamanduá-bandeira (um animal grande que pode pesar mais de 30 quilos) é classificado como animal vulnerável, ou seja, que corre mais riscos em função da perda e alteração do seu habitat, atropelamentos, caça, queimada, conflitos com cães e uso de agrotóxicos. No estado de São Paulo, infelizmente, já está ameaçado de extinção: ao menos 30% da população foi perdida nos últimos dez anos, segundo pesquisa da bióloga Alessandra Bertassoni, da Universidade Estadual Paulista, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Dieta Difícil em cativeiro

Sendo assim, medidas de proteção estão sendo criadas para evitar a extinção desse animal, e um dos maiores desafios de cuidar dos tamanduás é oferecer uma dieta balanceada sob cuidados humanos, como explica o diretor de Nutrição e Alimentação Animal do Zoológico de Brasília, Lucas Andrade Carneiro. “A manutenção deles em cativeiro sempre foi um desafio devido a uma dieta muito especializada e de difícil replicação nos zoos. Por isso, durante décadas os tamanduás são mantidos à base de uma dieta líquida, pois não conhecíamos outras formas de alimentá-los. Apesar de funcionar e manter os animais nutridos, a papa dos tamanduás (nome que usamos para essa dieta líquida) apresenta uma série de problemas como a instabilidade dos nutrientes, dificuldade em limpeza e higienização, uma logística de preparo e distribuição mais complicada, entre outros”.

Já a zootecnista e pesquisadora associada do Instituto Tamanduá e Diretora de Conservação da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), Ana Raquel Gomes, arrisca dizer que tamanduás são das espécies com maior diversidade de itens na dieta, pois a ausência de dentes, a pequena boca e a inabilidade de manipular com as patas levou a esse padrão líquido.

Porém, essa dieta em ambiente controlado faz com que o tamanduá não evacue do mesmo jeito que em vida livre, causando um problema de absorção de nutrientes. Ana tem 20 anos de experiência e destaca que, na natureza, eles têm uma grande quantidade de sólidos sendo ingeridos. “Eu imaginava como seria a apreensão da ração na longa língua do animal, achava que era possível eles se adaptarem a uma dieta seca, mas a ideia de ter uma ração consumida por eles era um sonho distante”.

Ração seca

Essas dificuldades todas dos “tamanduazinhos” foram tema de conversa durante congresso da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil, e os zootecnistas da Quimtia Brasil, empresa especializada na fabricação de insumos e alimentação animal, decidiram desenvolver a ideia. Foram meses de trabalho na formulação pelo departamento técnico e de pesquisa, para chegar em uma dieta personalizada, flexível e com o tamanho de pellet compatível com o jeito de eles se alimentarem.

De acordo com a coordenadora nacional de negócios da empresa, Hellencrys Camargo, “é muito gratificante proporcionar aos tamanduás uma nutrição precisa, específica para as particularidades da espécie. Mais do que ingredientes de qualidade, padronização e homogeneidade, a ração Zoo Feed Tamanduá ajuda a melhorar de forma considerável a saúde e o bem-estar animal. Parece simples, mas é uma contribuição que permite aumentar o cuidado com a manutenção, reprodução e repovoamento da fauna brasileira”.

A ração para os tamanduás faz parte da linha Zoo Feed, novidade do portfólio da Quimtia voltada especificamente para animais de zoológico. São cerca de quinze produtos para diversas espécies de animais silvestres como aves, mamíferos e répteis. A Zoo Feed Tamanduá é única e exclusiva ração comercial no Brasil para os mamíferos sob cuidados humanos.

Resultados

Os testes começaram em várias instituições e a solução está funcionando muito bem, eles estão conseguindo perfeitamente aderir os pequenos pellets à língua de 60 centímetros. “Vimos com nossos próprios olhos que eles se adaptam e consomem a Zoo Feed Tamanduá. Já vimos resultados preliminares como formação de fezes e reprodução em um dos criadouros. É claro que ainda precisamos de outros estudos em termos de absorção e composição dessa ração, há muito para pesquisar, mas sem dúvida foi um passo importantíssimo no manejo dessas espécies”, afirma Ana Raquel que ressalta ainda a participação do Instituto Tamanduá no projeto também.

Localizado em Campina Grande do Sul (PR), o Criadouro Onça Pintada cuida de tamanduás-mirins e celebra a novidade na vida dos animais. Segundo George Ortmeier Velastin, médico veterinário do local, a papinha produzida por eles foi substituída 100% pela ração em pelets desenvolvida pela Quimtia. “E o melhor é que a adaptação foi super-rápida, menos de três semanas. Inclusive uma das fêmeas ficou prenha e deu à luz a um filhote, se alimentando da ração”, conta animado. Hoje a família com quatro “tamanduazinhos”, pai, mãe e dois filhotes, que vivem no Criadouro, se alimentam da ração. O Criadouro foi pioneiro na adaptação da dieta desses animais, sendo a primeira Associação de Pesquisa do Brasil a conseguir esse resultado.

Outra instituição que participa do processo de adaptação dos animais é o Zoológico de Brasília. De acordo com o diretor, problemas mais pontuais foram supridos com a utilização da ração completa e balanceada Zoo Feed Tamanduá. “Toda grande mudança requer tempo, não será diferente com a alimentação dos tamanduás, mas a adoção de um protocolo de transição facilitou e os animais passam a demonstrar muito interesse na ração. Seu uso abre novas possibilidades na manutenção desses animais, não só relativos à nutrição, mas também no campo do enriquecimento ambiental e condicionamento animal. Sem dúvida o desenvolvimento da ração para tamanduás é um divisor de águas que possibilitará o avanço de pesquisas no campo da fisiologia desses magníficos animais”, comemora.

ZOO FEED: PRODUTO ISENTO DE REGISTRO NO MAPA.

Website: http://www.quimtia.com

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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