Em seu artigo para o Comunique-se, Edson de Oliveira comenta um fato vivido em 1991
Ter acordado tarde no sábado 20 de abril de 1991 me custou lamentar pelo resto da vida ter perdido a oportunidade de ver a banda gótica Cocteau Twins, um dos grupos de rock que mais curto, no hotel em que ela se havia hospedado quando se apresentou em São Paulo, no Projeto SP.
Mas como eu não poderia perder depois de voltar tarde do show da banda na noite anterior?
Quando vi as fotos que um fã que eu costumava encontrar aos sábados em frente à Bossa Nova, uma das lojinhas de discos que havia na galeria entre as ruas Barão de Itapetininga e 7 de Abril, tinha tirado, fiquei com vontade de rasgar minha carteirinha de fã. Porque fã que é fã não dorme em dia de show de sua banda favorita.
Se, por um lado, perdi a oportunidade de fazer uma sessão de fotos com uma de minhas bandas favoritas, por outro, já comecei a curtir a segunda apresentação desde a passagem de som, à tarde. Fiquei do lado de fora da casa de shows, onde, nas duas noites, ouvi “Blue Bell Knoll”, “My Love Paramour”, “Pitch the Baby”, “Cico Buff”, “Iceblink Luck”, “Sugar Hiccup”, “I Wear Your Ring”, “Pink Orange Red”, “Ella Megalast Burls Forever”, “Aikea-Guinea”, “Love’s Easy Tears”, “Orange Appled”, “Lorelei”, “Crushed” e “Heaven or Las Vegas”, esta homônima do álbum da banda de 1990.
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Nos dias que antecederam os shows, ouvi dois especiais no rádio: um na Eldorado e outro na 89 FM, nesta, em um programa que ia ao ar à meia-noite chamado “Rock Report”, do jornalista Fabio Massari.
Mas foi na extinta FM 97 de Santo André que conheci a banda, formada na Escócia, em 1979, por Robin Guthrie (guitarra), Elizabeth Fraser (voz) e Will Heggie (baixo), que, em 1983, foi substituído por Simon Raymonde.
Primeiro, com uma música da própria banda (“Sugar Hiccup”) e, depois, com duas de que Liz participa: “Primitive Painters”, da banda inglesa Felt, e “Song to the Siren”, do This Mortal Coil, projeto do dono da 4AD (até então, gravadora do Cocteau Twins), Ivo Watts-Russell.
“Treasure” (1984), terceiro álbum da banda, foi o primeiro a ser lançado no Brasil, se não me engano, em 1987, fazendo o trabalho etéreo, intraduzível, já que não é fácil entender o que Liz canta, ficar um pouco menos restrito ao mundinho gótico.