O leilão do 5G, ocorrido no começo de novembro, foi um sucesso. A chegada da nova tecnologia promete dinamizar a economia, com uma velocidade de conexão 100 vezes superior que a do 4G, possibilitando maior tráfego de dados e a expansão da chamada Internet das Coisas (IoT, sigla em inglês) entre outras inovações. Tudo isso já foi amplamente divulgado, mas e a segurança?
Quase que diariamente ocorrem invasões de sistemas de empresas e órgãos públicos, seja com o intuito de sequestrar informações (ransomware), para vazar dados pessoais e empresariais ou com finalidades políticas. O Brasil já é a quinta maior vítima no mundo de crimes virtuais, segundo pesquisa da consultoria Roland Berger. Somente de janeiro a junho de 2021, o país já registrou mais ataques cibernéticos do que o registrado em todo o ano de 2020. Como impedir que eles ocorram na mesma velocidade da futura internet ultrarrápida?
É um desafio e tanto. Desconheço, até agora, uma política eficaz de segurança, principalmente com os sensíveis dados dos cidadãos inscritos em bases governamentais, como previdenciários, sociais e bancários. Alguns setores privados têm assegurada uma política de segurança de tratamento de dados e de defesa de seus sistemas, mas muito tímida e lenta que não acompanha a velocidade das mudanças tecnológicas e nem a astúcia e o aprimoramento dos criminosos.
Em audiência pública, promovida pela Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado Federal, especialistas alertaram que o crescimento econômico proporcionado pelo 5G precisa ser acompanhado de investimentos em cibersegurança. Segundo o diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Arthur Pereira Sabbat, as redes 5G devem proporcionar um “aumento vertiginoso” no tráfego de dados, que precisam ter a segurança preservada.
Tecnologias de proteção como camadas de segurança, autenticação multifatorial, biometria, encriptação e certificação digital são algumas tecnologias de proteção que precisam estar incorporadas com o 5G mesmo antes de sua implantação.
O uso dos avanços tecnológicos para a prática de crimes não deveria ser novidade. Além das ocorrências frequentes de ataques, ameaças e fraudes divulgadas pela imprensa, o cinema já trouxe para as telas diversas obras demonstrando como os riscos podem ser reais.
Alguns roteiros podem até exagerar em algumas histórias, mas certas abordagens, mesmo consideradas ficção, conseguem antever uma realidade que já estamos vivenciando. Por exemplo, na quarta parte da trilogia Duro de Matar, no longínquo ano de 2007, o terrorismo é praticado com invasões de hackers nos sistemas de infraestrutura de grandes cidades, assumindo os controles de comunicações, sistemas financeiros, de energia e saneamento e de transportes.
Já em um dos episódios da série Mr. Robot, hackers conseguem controlar os dispositivos IoT de uma residência, ligando e desligando aparelhos, lâmpadas e fechaduras com o intuito de invadirem o local.
Há muito tempo a ficção deixou de ser fantasia para se tornar realidade, vide os Jetsons, cujo cotidiano não está tão distante do nosso.
*Edmar Araujo é presidente executivo da Associação das Autoridades de Registro do Brasil (AARB).
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