O jornalista Allan de Abreu não integra mais a equipe do Diário da Região, veículo sediado em São José do Rio Preto (SP). O combativo repórter, dono de texto impecável e coragem para apurações de temas densos, deixa a cidade do interior de São Paulo para seguir a sua trajetória na imprensa como integrante da redação da Piauí, revista mensal reconhecida pela crítica e pelo público pelo espaço a grandes reportagens.
Allan de Abreu permaneceu no Diário da Região por 11 anos. Entre tantas matérias apresentando denúncias ao decorrer desse tempo, ele chegou a ser alvo de sequência de ações desastrosas de promotores e de um agente do poder Judiciário. Em 2011, o jornalista publicou uma série sobre esquema de corrupção relacionada a fiscais de trabalho. Os procuradores Álvaro Stipp e Svamer Adriano Cordeiro pediram a quebra do sigilo da fonte do profissional. Em 2015, em ato que demonstra desconhecimento da Constituição, o juiz Dasser Lattiere Júnior, da 4ª Vara Federal em São José do Rio Preto, deferiu a quebra do sigilo. A ação ao estilo censura só foi derrubada meses depois pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Fui indiciado por duas vezes apenas por contrariar procuradores, juízes e delegados de plantão, dando ao Diário um destaque então inédito em todo o Brasil”, comenta Allan de Abreu em texto divulgado em seu Facebook. Na mesma postagem, o jornalista ressalta que sua saga na imprensa do interior paulista vai muito além do caso em que foi alvo de autoridades. Ele aproveitou para relembrar algumas pautas.
“Vivi 24h entre loucos de um hospital psiquiátrico (e consegui sair!), narrei a aventura quase suicida de garimpeiros de diamante”, escreve. “Fui até a Bolívia narrar a saga de caminhoneiros a serviço do narcotráfico, tomei chá de santo daime (e não vomitei), levei queimada na orelha com bisturi quente para denunciar falsas promessas de cura para dores na coluna, acompanhei por dois anos o drama de pacientes terminais à espera de um transplante de pulmão”, publica o jornalista que tem, no currículo, a conquista de um Prêmio Esso.
O mais novo repórter da revista Piauí também tem experiência como escritor. Ele é autor do livro-reportagem Cocaína – A Rota Caipira. Na obra publicada pela Editora Record, o jornalista relata, entre outros pontos, a “ascensão e a queda dos grandes barões do pó; a criatividade na arte de despistar a polícia – cocaína vira tecido e até plástico”, conforme descrito pela equipe do grupo editorial. As 826 páginas do livro representam o resultado de quatro anos de trabalho jornalístico.
Para este ano, Allan de Abreu está focado em outro projeto editorial. Ele escreverá, em parceria com o repórter Carlos Petrocilo, uma biografia não autorizada do corruptor confesso J. Hawilla. A obra deve contar detalhes da relação do ex-jornalista e empresário, condenado pela Justiça dos Estados Unidos no caso de corrupção no futebol mundial, com dirigentes do meio esportivo.“Nosso objetivo é narrar, pela ascensão profissional de Hawilla, como a administração do futebol foi corrompida por interesses escusos”, comentou Allan em entrevista ao Diário da Região em 2017.
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