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Em um ano, Bolsonaro emitiu mais de 1,6 mil afirmações falsas ou enganosas

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), foi responsável por emitir exatas 1.682 declarações falsas ou enganosas no decorrer do ano passado. Ao menos é o que aponta o Relatório Global de Expressão. Divulgado nesta quinta-feira, 29, pela entidade Artigo 19, o documento mapeou informações de 161 países.

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Com os números expostos, a equipe da organização internacional – que não tem fins lucrativos – sinaliza que, na média, o mandatário brasileiro foi responsável por propagar mais de quatro mentiras por dia em 2020. Chama a atenção ainda a mudança de um período para o outro. Em 2019, por exemplo, a entidade identificou cerca de 500 afirmações enganosas protagonizadas por Bolsonaro.

O atual ocupante do Palácio do Planalto não foi o único a jogar contra a imprensa no Brasil ao longo dos últimos meses. Em seu relatório, a Artigo 19 aponta que o país atingiu o menor nível na classificação de liberdade de expressão: 52 pontos, numa escala que vai de zero (péssimo) a cem. De acordo com a organização, isso ocorre devido a itens como “garantia de direitos de jornalistas, da sociedade civil e de cada indivíduo de se expressar e se comunicar, sem medo de assédio, repercussões legais ou represálias”.

 Atacaram ou deslegitimaram jornalistas e o seu trabalho

Denise Dora

Diretora-executiva da Artigo 19 no Brasil, Denise Dora compara a postura de Bolsonaro com a de uma autoridade à frente de regime ditatorial. Além disso, ela elenca, ponto por ponto, as declarações do político. “Em relação à imprensa, foram registradas 464 declarações públicas feitas pelo presidente da República, seus ministros ou assessores próximos que atacaram ou deslegitimaram jornalistas e o seu trabalho, nível de agressão pública que não é visto desde o fim da ditadura militar”, afirma a representante da ONG internacional.

“As violações contra jornalistas e comunicadores somam 254 casos. Deles, quase 50% (123 violações) foram cometidas por agentes públicos, e 18% (46 casos) continham expressões racistas, sexistas ou LGBTQIA-fóbicas”, explica Denise. Diante dessa situação, a Artigo 19 passou a classificar o Brasil como local onde a democracia está considerada sob risco. Anteriormente, o país figurava entre as nações com melhor classificação em relação à liberdade de expressão.

Além de Bolsonaro. Liberdade de expressão pelo mundo

O Brasil não é o único ponto negativo no novo Relatório Global de Expressão. De todos os países analisados, 61% foram definidos como em crise ou com restrições no quesito liberdade de expressão. De acordo com os responsáveis pelo levantamento realizado mundo afora, a pandemia fez acelerar um período que já contava com inúmeros casos de censura e cerceamento da produção jornalística como um todo. Assim, registrou-se o pior resultado da década.

A emergência sanitária foi utilizada como desculpa para limitar a democracia e centralizar o poder

Denise Dora

Para Denise Dora, a pandemia foi utilizada como argumento para a imposição de restrições ao trabalho da imprensa. “Dois terços da população mundial vive hoje com a sua liberdade de expressão totalmente ou parcialmente cerceada. A emergência sanitária foi utilizada como desculpa para limitar a democracia e centralizar o poder, criando situações legislativas excepcionais que permitiram a limitação de direitos e liberdades”, analisa a diretora da Artigo 19.

Artigo 19 analisa a situação da América Latina

Assim como o Brasil, a situação da América Latina também apresentou resultados negativos. De acordo com o relatório divulgado nesta semana, a região ficou com 64 pontos (a pior em uma década). Além da propagação de conteúdos falsos, a equipe da Artigo 19 destaca um dado desolador: 264 assassinatos de defensores dos direitos humanos no subcontinente em 2020. 

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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