Até que a primeira crise nos separe – por Fernando Guifer

Quer ser feliz no amor? Mude. (ou vai morrer sozinho!)

Tu sabe o motivo pelo qual alguns casamentos duram 50 anos ou mais? Certamente não é por serem compostos por almas-gêmeas que acreditam em uma utópica perfeição de ambos os lados. É porque são formados por espíritos distintos que resolveram engolir o próprio ego, entendendo que são diferentes e, principalmente, acreditando que felicidade a dois tem muito a ver com o ‘ser adaptavelmente tolerante’ – e só. Simples e sem o mimimi apregoado pelos tais contos de fadas.

O mais belo não é saber lidar com as qualidades do parceiro; o mais sublime é ter sabedoria para conviver com os defeitos mais latentes, já que são eles quem determinarão a durabilidade e a intensidade da referida relação.

O futuro afável não é uma matemática exata que possa ser medido, por exemplo, pelas páginas de uma revista Capricho ou pelas previsões de um (astrólogo) João Bidu da vida. O universo que rege o amor e as relações de afeto é abrangente e possui muito mais nuances do que a mente humana pode imaginar ou alcançar.

Não tem essa de ‘meu número’ ou ‘tampa da minha panela’ ou o famoso ‘encaixe perfeito’. Não há segredos para o amor se não o simples ato de amar.

O que existe é: pessoas mais tolerantes e pessoas menos tolerantes; pessoas mais turronas e pessoas mais flexíveis.

Se você (der sorte e) se relacionar com alguém tolerante, terá 50% do caminho andado. Aí, então, deverá cruzar os dedos para ser parte dessa completude, ou seja, torcer para que você seja os outros 50% de estabilidade emocional que falta para dar ‘match’ e seguir com sua relação de forma estável – e essencialmente sustentável.

Todos podemos ser o par perfeito de alguém, desde que estejamos dispostos a mudar para dividir momentos marcantes ao lado desse determinado alguém. Do contrário, não seremos o par perfeito de ninguém e nem um bom parceiro para qualquer alguém que seja.

O relacionamento começa a tomar corpo quando entendemos e achamos natural que nosso par seja diferente de nós. Mas, olha… não é na crise que essa distinção será descoberta, acredite. O casal tem que passar pela crise para conseguir absorver, mastigar, assimilar, internalizar, e então tirar a venda dos olhos.

A crise na relação nos cega para as qualidades e nos desperta para os defeitos do parceiro. Assim sendo, nenhuma decisão deve ser tomada durante um transtorno de convivência entre o par. E, apesar das especulações sobre a tal dificuldade de convivência (namoro, noivado ou casamento), não há como dizer quando será o ápice do desentendimento, até porque é quase impossível prever qual estopim será o causador das primeiras “discussões de relação” (ou ‘DR’ para os mais íntimos).

Algumas pesquisas apontam que a primeira grande crise acontece geralmente quando o casal está há dois anos juntos, período em que o gostosinho já não é mais tão gostosinho, e que os defeitos, até então camuflados durante a paixonite, começam dar às caras e criar um círculo vicioso de irritabilidade na dupla.

Sabe aquela história do ‘não adianta fazer tudo igual e esperar resultado diferente’? Pois é. Se quiser manter uma relação até que a tal morte dê um basta, tu vai ter que se mostrar outro, entendeu? E a má notícia é que não existe atalho para isso.

Por um lado: se você insistir nessa de ‘é meu jeito e não mudo por nada’ e ‘me conheceu assim, agora aguenta’ – certamente vai morrer em uma decadente carreira solo;

Por outro, porém: se você resolver tomar juízo em prol de uma feliz vida a dois – vai envelhecer em uma dupla de sucesso.

Como sempre o destino dando voltas e jogando a escolha no teu colo. É simples: quero ou não quero, aceito ou não aceito.

E aí? Casou? Esqueça a vida de solteiro. Não é prisão, é respeito. Não queira para o outro o que não deseja pra si. Não se trata de frouxidão, mas sim, de colocar-se nos sapatos do outro. E ela, a empatia, será sempre a primeira grande prova de amor.

Quanto mais tempo juntos, maior o desgaste e, consequentemente, maior a probabilidade do fim, correto? Bem, pelo menos é isso o que dizem os “sábios” sobre o começo do fim dos relacionamentos amorosos, não é mesmo?

Contudo, apesar dessa pitada de lucidez no fundo do pote, não é (nem de longe) uma verdade que deva ser levada ao ferro e fogo ou muito menos um parágrafo que mereça ser encerrado com ponto final…

…Insisto na tese de que as vivências – sejam lá quais forem elas – são pessoais e intransferíveis, então, caímos naquele clichê de que “ninguém vive das experiências dos outros” e de que cada um poderá definir o destino através das próprias escolhas e atitudes.

Portanto, é mais do que possível desfrutar um final diferente do que o vizinho vivenciou – tanto para o bem quanto para o mal.

O tempo médio para uma relação formada por fios descascados dar início às faíscas/curtos-circuitos varia de casal para casal, e a maturidade (ou a falta dela) é quem vai ditar a união até que a morte ou até que a primeira crise os separe.

Somos um diamante bruto que, nos caso de relação afetiva, precisa ser lapidado por nós mesmos. Primeiro, porque ninguém é capaz de nos mudar; segundo, porque ser feliz é uma alternativa que deve partir sempre do maior interessado: nós mesmos.

Não há quem seja capaz de fazer a gente mudar, mas todos estamos profissionalmente habilitados em nos transformar por um alguém especial. Tudo é uma questão de esforço, comprometimento e tentativas.

Não é tarefa fácil dar um gás na personalidade ou em hábitos que já nos foram condicionados durante a vida de solteiro, mas quem disse que seria? Quem foi o insano que proferiu aos quatro ventos que a felicidade cai no colo? Compartilhar um sentimento é difícil e requer uma força de vontade absurda, assim como em qualquer mudança brusca na vida.

Nós, humanos, somos muito resistentes às metamorfoses, mas o lado bom é que nossa capacidade em adaptar-se ao novo também é incrível. E quando essa mudança tem como propósito ser feliz, ela torna-se prioridade imediata.

Vai lá.

Reflita. Mude. Cresça. Ame.

E, seja feliz.

Não é vergonha, meu amigo. É progresso!

Compartilhe
0
0
Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

Recent Posts

Profissionais de tech não temem impactos da IA na carreira

Maior parte dos profissionais de tecnologia entrevistados pelo estudo "Panorama de carreiras 2030: o que…

11 horas ago

IEG: insights importantes marcam o High Potential Program

High Potential Program Shared Services 2024, programa de treinamento para formação de líderes de CSC…

11 horas ago

Lumi Global adquire a Assembly Voting para fortalecer a liderança de produtos e acelerar a expansão internacional

LIPHOOK, Reino Unido, Dec. 22, 2024 (GLOBE NEWSWIRE) -- A Lumi Global, líder global em…

1 dia ago

Brasil é 50º em inovação no mundo e líder na América Latina

O Brasil lidera em inovação na América Latina. Apesar de desafios, investimentos públicos e políticas…

3 dias ago

Caminhos para Romper os Ciclos de Abuso Psicológico Feminino

Psicóloga ressalta a urgência de políticas públicas para apoiar as vítimas de abuso emocional

3 dias ago