Carne Fraca: JBS e BRF investem em anúncios com comunicados oficiais

As empresas JBS e BRF estão vivendo dias turbulentos desde a deflagração da operação Carne Fraca, desencadeada pela Polícia Federal. Na sexta-feira, 17, foi revelado que havia esquema de pagamento de propinas a fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura para que frigoríficos pudessem vender produtos adulterados com produtos químicos e carnes vencidas. Com os reflexos das acusações, as duas empresas emitiram comunicados oficiais em vídeo, durante o intervalo do ‘Fantástico’ para justificar as informações divulgadas pela investigação.

Os conteúdos dos comunicados foram divulgados, ainda, em espaços publicitários além do programa dominical da Rede Globo. As duas empresas investiram em link patrocinado no Google, impulsionaram posts no Facebook e compraram espaços em intervalos comerciais de emissoras de rádio.

Em seu comunicado à imprensa, a BRF – dona da Sadia e Perdigão – falou sobre a interdição em uma de suas fábricas, localizada na cidade de Mineiros (GO). A marca afirma que a produtora destina produtos a exportações e mercado interno, seguindo diferentes normas estipuladas por países como Canadá, União Europeia, Rússia e Japão. Foi informado que o local foi interditado pelo Ministério da Agricultura, até que a BRF possa prestar as informações que atestem a segurança e a qualidade dos produtos produzidos.

No texto divulgado à imprensa, a BRF falou sobre assuntos como a presença de Salmonella em seus produtos (bactéria comum em produtos alimentícios de origem animal ou vegetal), as acusações de corrupção e a prisão do gerente de relações institucionais e governamentais da marca, Roney Nogueira dos Santos. Além disso, a companhia negou o uso de papelão em sua produção e a comercialização de carne podre.

“A BRF vem a público manifestar seu apoio à fiscalização do setor e ao direito de informação da sociedade com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme desnecessário na população”, finaliza o comunicado a empresa a respeito da Operação Carne Fraca.

Responsável pelas marcas Friboi e Seara, a JBS começou seu informativo afirmando que qualidade é sua maior prioridade como “maior empresa de proteína no mundo”. A marca possui 234 produtoras e emprega 230 mil pessoas; destas, duas mil são dedicadas exclusivamente a garantir o padrão dos produtos da companhia.

De acordo com o comunicado, nos últimos dois anos, as unidades da JBS receberam 340 auditorias de qualidade. “A JBS é a maior interessada no fortalecimento da inspeção sanitária no Brasil. Um sistema rigoroso de controle de qualidade dá ao setor credibilidade perante o consumidor e reforça as oportunidades de exportação. No despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas marcas”, diz a empresa.

A marca destacou, ainda, que nenhuma de suas produtoras foi interditada pelas autoridades, que nenhum dirigente ou executivo da empresa foi alvo de medidas judiciais na operação e que apenas um funcionário da empresa na unidade de Lapa, no Paraná, foi citado na investigação Carne Fraca.

“A companhia está à disposição das autoridades competentes, clientes e consumidores para qualquer esclarecimento que se faça necessário. Por fim, a JBS reforça seu comprometimento com a segurança alimentar e com a qualidade de seus produtos e destaca seu compromisso histórico com o aprimoramento das práticas sanitárias no Brasil”, finaliza a JBS.

Popularidade alvejada

A operação Carne Fraca impactou as ações das duas companhias, que chegaram a despencar. De acordo com o G1, alguns países importadores anunciaram restrições temporárias à entrada de carne brasileira.

Segundo o site, a União Europeia, pediu que o Brasil suspenda a exportação de empresas envolvidas na investigação; na China, carnes brasileiras estão retidas nos portos; A Coréia do Sul baniu frangos da BRF, porém a empresa diz que não foi notificada; enquanto, no Chile, foram suspensas temporariamente as importações de carne bovina.

Ao divulgarem seus comunicados nas redes sociais, as empresas receberam comentários de internautas criticando e apoiando as companhias. “Confiança é difícil de conquistar e muito fácil de perder… O brasileiro é otário mesmo, os políticos enganam e roubam e agora comem carne podre com produtos cancerígenos com a negligência do ministério da agricultura!”, disse um dos usuários do Facebook na página da JBS.

Na fan page da controladora da Friboi, ex e atuais empregados da companhia partiram em defesa da empresa, afirmando que a produtora sempre zelou pela qualidade de seus produtos. “Estou no grupo há mais de 5 anos e nunca vi nada de irregular, pelo contrário somos treinados pra ter qualidade em todo instante”, disse uma trabalhadora da marca.

A BRF recebeu a seguinte crítica de um consumidor em sua página: “Quem foi a mente brilhante que idealizou este vídeo e achou que, me tratando (eu e milhões de clientes) como ‘querido’, seria boa ideia? E essa voz do locutor, filme de terror? Na verdade tudo isso é um terror que estamos passando mesmo. E essa conversa de colaboradores se manifestando nas redes sociais consumindo os produtos? Não dá para acreditar que estou presenciando tanto amadorismo num vídeo institucional de um grupo multinacional. Desastre”.

Alguns ex-colaboradores da produtora também se manifestaram via redes sociais em defesa da marca. “Fui funcionário BRF por cinco anos mas infelizmente devido a crise nacional fui desligado. No entanto, sempre presenciei o profissionalismo dos auditores de qualidade no setor de Logística – Distribuição em todo o processo no transbordo e nas entregas no varejo e atacado. A BRF conta com profissionais de alto nível e o seu comprometimento com os produtos são fora de série. Não sou mais funcionário da BRF mas acredito que eles vão informar a sociedade brasileira e internacional sobre o ocorrido”, disse um dos seguidores da empresa no Facebook.

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