Com certeza já recebeu um feedback negativo. E é bem provável que tenha sido mais de uma vez. Sempre considerei essa uma das situações mais difíceis de encarar no trabalho – para algumas pessoas, pode ser até pior do que uma demissão.
Mas existe uma forma de lidar com a crítica e transformá-la em combustível para o desenvolvimento profissional. O primeiro passo é reconhecer os sentimentos que surgem quando enfrentamos esse tipo de situação que, costumo comparar com as fases do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
Quando eu recebia um feedback negativo, minha primeira reação era negar tudo o que estava sendo dito, às vezes mentalmente, às vezes em voz alta. Era possível perceber que eu estava nessa fase só pela minha postura, totalmente fechada. Com isso, acabava deixando de ouvir o que estava sendo dito e perdia informações valiosas para evoluir no trabalho.
Depois de negar o feedback, eu começava a sentir raiva. Ficava revoltada com tudo o que havia (conseguido) ouvir e me sentia injustiçada (“por que eu estou recebendo essa crítica e não fulano?”). Com o passar do tempo, eu começava a pensar – às vezes até demais – que se me tornasse uma pessoa melhor, poderia evitar aquele tipo de situação. Muitas vezes, essas novas atitudes que eu achava que deveria adotar, não tinham relação com as minhas atividades profissionais. Estavam mais ligadas à minha personalidade.
Passado o estágio da barganha, eu entrava na fase da depressão, em que precisava conversar com outras pessoas sobre como aquele feedback negativo havia tirado minha alegria de trabalhar e, às vezes, até de me dedicar a atividades pessoais. Após esse momento, eu finalmente conseguia aceitar o que havia sido falado e, com isso, conseguia definir o que fazer com a informação recebida: eu criava um plano de ação.
Quando eu me dei conta desse ciclo que eu vivia cada vez que recebia uma crítica, comecei a me preparar para esses momentos, para que pudesse aproveitá-los da melhor forma possível. Assim, sempre que havia uma reunião de feedback, eu tinha como objetivo sair daquele encontro com um plano de ação, para que eu não repetisse os mesmos erros e pudesse me tornar cada vez mais uma profissional melhor.
Essa atitude me ajudou a perceber que a minha grande resistência em relação ao feedback negativo estava ligada ao fato de que eu era tão responsável quanto qualquer outra pessoa pelo bom desempenho do departamento e da empresa onde eu trabalhava. Além disso, todos, inclusive eu, deveríamos agir para que o ambiente de trabalho fosse o mais positivo e produtivo possível, mesmo que eu não fosse a responsável direta pelos resultados negativos ou por criar problemas no relacionamento da equipe. Uma frase que me ajudou bastante nesse processo é “seja a mudança que você quer ver no mundo”, do Mahatma Gandhi.
Atualmente, quando eu me vejo tendo que encarar um feedback negativo, acolho os meus sentimentos, mas também desenvolvo imediatamente um plano de ação que, em alguns casos, consiste em uma mudança simples, mas que faz uma diferença enorme e muito positiva.
“Há apenas uma maneira de evitar críticas: não faça nada, não diga nada, e não seja nada.” dizem que é de Aristóteles.
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Por Lygia Pontes. Advisor, Consultora e Palestrante em eficácia e felicidade profissional.
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