Comunicadora aconselha estudantes: “sejam humildes e generosos para aprender e ensinar”

Natural de Caxias do Sul, a comunicadora Patrícia Angeletti se formou em Publicidade e Propaganda na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS em 2002. Ao ingressar na instituição, ela associava publicidade e propaganda à criação e não imaginava o que a área de mídia executava ou era responsável dentro do âmbito publicitário.

“De uma forma muito rasa, imaginava que o curso auxiliava o profissional a ter uma grande ideia, que virava um conceito de campanha e, naturalmente, um anúncio”, conta. O interesse pelo curso surgiu por meio da vontade em produzir propagandas de TV e Rádio. Ela revela que ficava inquieta para descobrir como a ideia dos comerciais surgiam e o que, afinal, seria a criatividade. A partir disso, relacionava o comercial com a preferência do público e questionava o motivo pelo qual sua mãe comprava uma marca e não a outra. “De forma muito simples, eu sabia que a resposta tinha a ver com o comercial o qual estava veiculando no momento. Eu ficava fascinada com isso”.

Para escolher a faculdade, Patrícia não teve dúvidas. Como o curso de Publicidade e Propaganda não existia na Universidade de Caxias do Sul (UCS), a publicitária explica que a opção por essa formação significava mudança. Nesse sentido, como conta, a Famecos tinha um conceito alto na área e os maiores profissionais se formaram nela. Segundo a comunicadora, os pontos fortes da instituição eram a instrumentalização para as aulas e a reputação dos professores. “A maior parte do quadro era composta por profissionais atuantes e que estavam em sintonia com o melhor que o mercado estava executando”.

Começando no turno da manhã, a primeira impressão da comunicadora foi a melhor de todas. “Parecia que estava vivendo um sonho. Me identifiquei com o astral da faculdade”. A Famecos se mostrava como uma segunda casa para Patrícia. Como era do interior e morava sozinha em Porto Alegre, ela revela que a Faculdade foi a sua extensão familiar e que passava muito tempo na PUCRS. Graças a isso soube aproveitar todas as atividades extracurriculares, bem como as dependências, especialmente a biblioteca.

A medida em que o curso ia evoluindo, a publicitária relata que buscou fazer estágios. O primeiro foi na Agência Experimental da PUCRS (Agexp), no setor de criação, e logo após foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), com o professor Roberto Ramos. Os conselhos do profissional de semiótica até hoje são lembrados pela publicitária. “Quando menos espero, estou aplicando”, conta.

Além de Ramos, outro educador que a marcou foi Raul Krebs. “Despertou a minha paixão por fotografia”. No entanto, foi a professora Gagá Duhá Celente a mais determinante em sua vida. Foi ela que, a partir das abordagens em sala de aula, explicou que com números se gera negócios, entretanto, com boa capacidade de argumentação e embasamento técnico, desenvolve-se estratégia e relações duradouras. “Ela foi a minha porta de entrada para o mundo da mídia”.

Disposta a obter estágios ainda cedo, começou na Agexp e depois foi bolsista da CNPQ, ambos na Famecos. Em seguida, foi voluntária de um dos SET Universitários e teve acesso a palestra de Rita Costa, profissional da mídia. A comunicadora explica que implorou um estágio para a palestrante. “Fui bem cara de pau”, brinca. Porém, a ousadia funcionou. Patrícia foi indicada para a Acori, onde estagiou por seis meses e, depois disso, foi efetivada.

“O estágio é fundamental. Ele acelera o processo de conhecimento, trazendo para a prática os conceitos”. Posteriormente, assumiu o desafio de ser responsável pela área de mídia na Duplo M Comunicação e Marketing. Na sequência, entrou na instituição dos sonhos: a Competence. Era a primeira grande empresa da publicitária e ela acreditava que não daria conta. “Eu sempre passava na frente da antiga sede quando precisava ir para Caxias e sabia que eles trabalhavam com várias marcas”, lembra.

Em seguida, foi para a Paim, a agência que ela guarda muito carinho por ter, de fato, moldado o seu lado profissional. Ao sair da Paim, ficou um ano fora e trabalhou na Agência Escala, onde conheceu Rafael Macedo, seu estagiário na época. Após o tempo na Escala, retornou para a Paim, onde completou doze anos e, então, recebeu convite de Macedo para responder pela diretoria de mídia do Boticário na W3haus. “Meu estagiário, hoje, meu chefe, foi quem me introduziu no universo digital”.

No intuito de antecipar tendências que pudessem mudar a comunicação atual, Patrícia sempre investiu em cursos fora do Brasil. O advento da internet, conforme a diretora de mídia, era uma realidade e uma oportunidade de fazer mudança em sua carreira e encarar novo desafio. Dessa forma, no evento South by Southwest (SXSW), a comunicadora conheceu um dos sócios da W3haus, Chico Baldini, e trocou ideias sobre o que ambos analisavam nas palestras.

“Identificamos muita afinidade e ficava claro que o que eu estava buscando era uma vivência prática. Na época, foi um movimento ousado, que me tirou da zona de conforto e me trouxe outra forma de agregar especialização a minha carreira. Hoje, considero que foi uma mudança acertada e fundamental”. Nessa perspectiva, realizou várias especializações. Começou com Marketing na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e depois Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Dentre os trabalhos que já realizou, Patrícia relata que teve a oportunidade de atuar com grandes marcas, como Lojas Renner, Nacional Supermercados, Lojas Taqi, Polar e, mais recentemente, Tic Tac, Kinder e Boticário. “Marcas com maturidades distintas e que exigiram estratégias completamente diferentes. Muitos prêmios foram conquistados”, revela a comunicadora que hoje atua na direção de mídia do Boticário e afirma que poder implementar a estratégia e entender o que trouxe o resultado é o que encanta na realização de seus trabalhos. O embasamento da Faculdade, segundo ela, está no dia a dia do trabalho. “A Famecos representa meu início profissional. Eu sou apaixonada pelo meu serviço e é como se eu devesse à Famecos meu êxito profissional. Considero que a Famecos representou o bom começo na minha carreira”.

O momento da formatura para a famequiana foi muito especial. Ela passou para o turno da noite nos últimos dois anos de curso e afirma que era um misto de felicidade e tristeza, já que deixaria de estar no ambiente da Faculdade. “Eu era apaixonada pela Famecos, clima e colegas. Foi muito especial e tinha muito orgulho de concluir aquela etapa. Lembro que quando peguei o canudo, prometi que voltaria. Quem sabe, um dia, para dar aula e poder vivenciar de novo essa energia”. Para os atuais alunos de Publicidade e Propaganda, Patrícia aconselha que aproveitem e suguem, no bom sentido, ao máximo essa fase. “Vivam a faculdade, trocando, aprendendo, ouvindo os profissionais, professores e colegas. Sejam humildes e generosos para aprender e ensinar. Faz parte de qualquer profissão, mas eu enxergo mais em comunicação, o relacionamento. Se eu não acreditasse nisso, não teria como chefe hoje o meu estagiário”, conclui.

*Victor Eduardo Siviero Alves. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se e estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS).

Leia mais…

A formação e o trabalho da 1ª locutora do estádio do Beira-Rio

“O fato de poder contar histórias é muito enriquecedor”

“O jornalismo nos transforma e nos possibilita ter uma visão ampliada do mundo”